Um mês da barbárie
Há exatos 30 dias, uma bala feriu o torcedor alvirrubro Lucas Lyra e o bom senso
Há um mês, Lucas de Freitas Lyra, de 19 anos, se preparava para assistir a mais um jogo do Náutico, o seu time do coração, nos Aflitos. Mas não chegaria a entrar no estádio. Por conta de um conjunto de atos estúpidos, que engloba briga de torcidas organizadas, falha na organização e a contratação de um segurança despreparado e sem porte de armas por parte da empresa de ônibus Pedrosa, Lucas acabaria baleado na nuca e segue internado no Hospital da Restauração. Tiro que também machucou o futebol pernambucano e fez, na marra, as autoridades se mexerem para combater a violência que há muitos anos aterroriza o Recife em dia de jogos.
Desde então, um conjunto de ações foram anunciadas. Entre elas, a proibição das organizadas nos estádios, o cadastramento dos seus membros (em andamento) e o impedimento da realização de mais de um jogo na capital por dia. Com relação ao inquérito policial, apenas o segurança José Carlos Feitosa Barreto, de 37 anos, autor do disparo contra Lucas, foi indiciado pelo crime de tentativa de homicídio. Ele está preso.
Medidas, porém, que não diminuem o sofrimento da família Lyra, nos 30 dias mais difíceis de suas vidas. “Nossa vida desestruturou. Eu tive que deixar o emprego para me dedicar ao meu irmão. Todos os dias estamos no hospital”, afirmou Mirella Lyra, irmã de Lucas.
A boa notícia é a recuperação de Lucas. Apesar do estado ainda ser considerado grave, o jovem não está mais em coma, não respira mais por aparelhos, teve a sedação suspensa e já responde estímulos visuais e auditivos. Nesse período, os torcedores também deram um exemplo de solidariedade, com 816 pessoas indo ao Hemope para doar sangue. Desse total, 543 estavam aptas.
Neste sábado (16), a família realizará, às 19h, uma missa de ação de graça pela recuperação de Lucas na Igreja Nossa Senhora do Rosário, na Várzea.
JC Online
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