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terça-feira, 5 de março de 2013

ORGANIZADAS MESMO


A volta dos que não foram

Paulo Paiva/DP/D.A Press
Inferno Coral esteve em Belo Jardim com seu slogan. No Recife, memória do acidente de Lucas Lyra ainda é presente

Organizadas de Pernambuco burlam determinação que proíbe acesso aos jogos, como aconteceu em São Paulo

Foi depois de uma tragédia que o estado de São Paulo decidiu radicalizar nas ações contra a violência no futebol. O ápice do combate foi a extinção da Mancha Verde, organizada do Palmeiras, por decisão judicial, em 1995. A facção deixou de existir como pessoa jurídica. Só como pessoa jurídica. Seus integrantes continuaram a se reunir no Parque Antarctica. No local tradicional da arquibancada. No início, sem nenhum símbolo alusivo à Mancha. O tempo passou. E a Mancha ressurgiu. Como outrora. Com nova personalidade jurídica e apenas uma mudança, no nome: ao invés de Mancha Verde, Mancha Alvi-Verde.


O resgate da história da organizada palmeirense é, na verdade, um alerta para o futebol pernambucano. De que algo semelhante pode acontecer no estado. Infelizmente, já está acontecendo. Apesar de vetadas do Campeonato Pernambucano, Fanáutico, Inferno Coral e Torcida Jovem estiveram presentes nas últimas partidas dos seus times. Utilizando-se de estratégias muito semelhantes às adotadas pela Mancha Verde nos anos 1990.

A facção tricolor, por exemplo, driblou a proibição mudando as inscrições nas faixas. Ao invés do nome de batismo, estamparam o slogan. Nas mesmas cores, com os mesmos gestos. No caso da alvirrubra, não havia faixa nem camisa. Mas os seus integrantes estavam presentes nos Aflitos, sábado. Em quantidade significativa, no local de sempre: atrás do gol na arquibancada do placar. A rubro-negra fez pior. Além das cores, levou a disposição para arrumar confusão para o Luiz Lacerda, no último domingo.

O alerta é endossado por quem esteve na linha de frente no combate à violência organizada no futebol paulista. “Na época em que entrei com as ações contra as torcidas organizadas de São Paulo, não havia os mecanismos que temos atualmente. Primeiro, o Estatuto do Torcedor, que prevê a possibilidade de se banir as torcidas dos estádios por três anos”, começou por explicar Fernando Capez, Promotor responsável pela ação que extinguiu a Mancha Verde, hoje Deputado Estadual em São Paulo.

Teresa Maia/DP/D.A Press
Outras medidas


Para o jurista, há outras medidas mais complexas que podem ser aplicadas. “Obrigar os torcedores a se sentarem em lugares marcados. É complicado nos estádios atuais do Brasil, mas bastaria que a Polícia isolasse setores de mil lugares, com cordões, impossibilitando que se agrupassem, isso os enfraqueceria”, prosseguiu. “A mais difícil é a extinção das organizadas. Só a ação contra a Mancha Verde tinha 20 volumes. Porém, essa ação geraria um dano patrimonial imenso, através do confisco de todos os bens – contas, aplicações, fichas de sócios, etc. O efeito é devastador, com a perda do poder financeiro”, argumentou.

Com mais de 20 anos de atuação contra as facções organizadas, Capez diz que gostaria de ver em cada Ministério Público um órgão específico para o combate à violência no futebol, que atuasse em cooperação com a Polícia Militar. “O ideal seria estruturar uma Promotoria que pudesse organizar as ações, para que fosse possível aplicar os instrumentos da Lei de Combate ao crime organizado – interceptação telefônica, monitoramento de redes sociais e infiltração de agentes no meio da torcida. Você pode prender pessoas pelo crime de formação de quadrilha ou bando, ou formação de milícia”, concluiu.






- Diario de Pernambuco

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