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sexta-feira, 24 de março de 2017

ELES SABIAM DE TUDO DO PROPINODUTO

ODEBRECHT CONFIRMA AO TSE QUE DILMA SABIA DE DOAÇÕES A CAIXA 2 DA CAMPANHA
ODEBRECHT REVELA QUE DUPLA SABIA DE DOAÇÕES A CAIXA 2 DE CAMPANHA

ODEBRECHT DIZ QUE DUPLA SABIA DO DINHEIRO SUJO NA CAMPANHA

O empreiteiro preso e delator Marcelo Odebrecht deu detalhes sobre o esquema de corrupção envolvendo o governo federal e a empresa em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e afirma que a ex-presidente Dilma Rousseff sabia de tudo, inclusive a "dimensão" do esquema de doações para o caixa 2 da campanha.
De acordo com Odebrecht, que depõe como testemunha nas ações que pedem a cassação da chapa Dilma-Temer por abuso de poder político e econômico, não houve conversa direta entre ele e a petista porque os pagamentos eram feitos ao marqueteiro João Santana e "isso ela sabia". "Ela sabia que toda aquela dimensão de pagamentos não estava na prestação do partido", disse aos minisotrs.
Sobre a campanha de 2010, Odebrecht afirmou que os responsáveis pela arrecadação das doações foram o ex-presidente Lula e o ex-ministro Antonio Palocci, mas, a partir de 2011, já na Presidência, Dilma passou a tratar pessoalmente "relação" do PT com a Odebrecht. A coluna Cláudio Humberto do Diário do Poder revelou diversos encontros da presidente com Marcelo Odebrecht, oficiais ou não, incluindo jantares no Alvorada. "Ela começou a cuidar, digamos assim, da relação - porque 2010 ela praticamente nem olhou as finanças, acho que todos os pedidos de doação foram feitos por Lula, Palocci, ela nem se envolvia em 2010", explicou.
Sobre a campanha objeto das ações, Odebrecht disse ter sido responsável por "inventar" a reeleição de Dilma. Segundo ele, até os valores que seriam doados foram definidos por ele. "A campanha presidencial de 2014, ela foi inventada primeiro por mim, tá? E... eu não me envolvi na maior parte das demais campanhas, mas a eleição presidencial foi. Eu conheço ela, os valores foram definidos por mim", afirmou Odebrecht.
Em 2014, Dilma teria orientado a concentração dos recursos pela Odebrecht na campanha presidencial e não ao partido, mas o empreiteiro garantiu ter sido essa a primeira vez que a petista pediu algo para si. Ele relatou conversa com o então ministro da Fazenda Guido Mantega onde ele teria dito: "Marcelo, a orientação dela é que todos os recursos de vocês vão para a campanha dela. Você não vai mais doar para o PT, você só vai doar para a campanha dela, basicamente para as necessidades da campanha dela: João Santana, Edinho Silva ou esses partidos da coligação".
Segundo o empreiteiro, foram cerca de R$ 150 milhões doados em 2014. Ele não soube estimar quanto foi via oficial e quanto foi pelo caixa 2, mas explicou como trabalhava já com a expectativa de repassar recursos ao PT.  "Nós tínhamos uma relação intensa com o governo. Essa relação intensa, ela gerava também a expectativa de que a gente fosse um grande doador. Então, eu, para não ser pego de calças curtas, eu sempre tentava negociar com meus empresários um valor que, na hora que viesse essa demanda do governo, eu tivesse, da parte deles, uma segurança de que esse recurso haveria", disse.
Compra de MP por R$ 50 milhões
Odebrecht disse em depoimento que ao menos R$ 50 milhões foram "contrapartida específica" pela aprovação da Medida Provisória 470/2009 (a MP do Refis), editada pelo então presidente Lula para beneficiar diversas empresas do setor de construção. "Nesse caso desses cento e cinquenta, tem um detalhe específico que é o seguinte: cinquenta milhões, desses cento e cinquenta, de fato, veio em cima de um pedido, de uma contrapartida específica, de um tema que é de 2009. Então, em 2009, houve, de fato, para esse caso, uma contrapartida específica para a aprovação de um projeto de lei que atendia a várias empresas. E esses cinquenta milhões vieram com um pedido para a campanha de 2010. Só que acabou não indo para a campanha de 2010, não sendo utilizado na campanha de 2010, e acabou sendo utilizando na campanha de 2014", esclareceu.
Segundo Odebrecht, o pedido de R$ 50 milhões foi feito diretamente por Mantega, que seria o responsável por tratar das doações com as empresas. Antes, com Lula, o responsável era Palocci, também ex-ministro da Fazenda. "Eu não sei que tipo de abordagem eles fizeram com as outras empresas, não tenho conhecimento. Sei que, no meu caso específico, em uma dessas reuniões, acho, porque eu tinha reuniões com outras empresas, eu tinha algumas reuniões a sós, em uma delas, ele (Mantega) anotou no papel e disse: 'Olha, Marcelo, eu tenho a expectativa de que você contribua para a campanha de 2010 com cinquenta milhões'. Isso foi com o Guido", disse.
O valor ficou para a campanha de reeleição porque Mantega só passou a se envolver "quando o Palocci saiu da Casa Civil", em 2011. "Até então, era com o Palocci a maior parte dos pedidos que tinha o PT", complementou.
Conta corrente
Marcelo Odebrecht explicou aos ministros do TSE que a relação com o PT era tão íntima que havia uma "conta" na empreiteira para pagar de tudo, inclusive o marqueteiro João Santana. Esses recursos eram administrados por Palocci e, posteriormente, Mantega para atender às demandas de Lula e Dilma, durante os respectivos mandatos. "Quando eu digo PT é com a Presidência, quer dizer, Guido não tinha envolvimento, não tinha nada a ver com a relação dos meus outros empresários com o PT. Não tinha relação, por exemplo, com o Vaccari (ex-tesoureiro do PT), algumas vezes a pedido de Palocci ou Guido, a gente ajudou o Vaccari a fechar a conta do PT. Mas o Vaccari foi e pediu para eles, eles me pediram e eu autorizei, porque saiu da conta", disse.
"Amigo", "Itália" e "Pós Itália"
O empreiteiro entregou uma planilha aos ministros com detalhes da movimentação financeira e três codinomes: Amigo, Itália e Pós Itália. Segundo Odebrecht, os apelidos fazem referência a Lula, Palocci e Mantega, respectivamente. Os dados mostram saldos de R$ 71 milhões em outubro de 2013 e R$ 66 milhões em março de 2014. Entre as duas datas há o registro de R$ 4 milhões como "Doação Instituto 2014", que seria o Instituto Lula. Todos os dados são do Departamento de Operações Estruturadas, chamado setor de propinas, da Odebrecht.

 Cláudio Humberto

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