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quarta-feira, 13 de setembro de 2017

LULA EM CURITIBA

Exéquias políticas de Lula

Outdoor criticando Lula na entrada de Curitiba, cidade na qual o ex-presidente irá depor nesta quarta (13)


Deserto radioativo da política faz Lula ainda ser variável central para 2018

Mais um capítulo das longas exéquias políticas de Luiz Inácio Inácio Lula ocorrerá nesta quarta (13) em Curitiba, quando o ex-presidente será ouvido por um Sergio Moro ainda imantado pelo caudaloso depoimento do ex-companheiro Antonio Palocci.
Se é precipitado antever qualquer fim de carreira para um resiliente como Lula, é igualmente um fato da realidade que o líder petista está caminhando lentamente para um oblívio pouco digno. Acusado de malfeito sobre malfeito, além de ter legado ao Brasil a ruína econômica que materializou-se de forma integral sob o mais vistoso de seus poste, Dilma Rousseff, Lula está encastelado na cidadela bancada por seu séquito (os tais 30% do eleitorado).
Não é casual, portanto, que o PT busque ajustar a tática para não soçobrar em 2018, estudando candidaturas alternativas à do cacique. Paradoxalmente, o deserto radioativo da política brasileira do pós-Lava Jato mantém Lula como uma variável central no planejamento de todo o cenário eleitoral.
A dúvida é: como provavelmente não estará habilitado pela Justiça a concorrer, considerando como certa a confirmação de sua condenação por Moro na segunda instância, restará saber se Lula será o cardeal a definir o conclave de 2018 mesmo não concorrendo a papa.
O PT, obviamente, aposta nisso. Sabe que Fernando Haddad, Jaques Wagner ou outro nome centrista só podem esperar ser algo competitivos, ajudando a visibilidade do partido para manter alguma bancada decente no Congresso. Hoje, ninguém dá um tostão furado para a hipótese de o petismo fechar-se em torno de um nome exógeno, como Ciro Gomes (PDT).
O entorno do prefeito paulistano, João Doria (PSDB), acredita que Lula será uma força a ser combatida mesmo ausente. Com a economia ainda na fase de ensaio de recuperação, seu grupo crê que o componente ético terá grande peso, em contraposição à corrupção associada ao PT -não ser citado na Lava Jato é um grande trunfo, nesse sentido, para o prefeito. Doria, contudo, ainda tem de se viabilizar no tucanato ou arriscar-se num perigoso voo por outra sigla.
Tal certeza sobre o peso de Lula não é compartilhada pelo governador Geraldo Alckmin (SP), que também busca firmar-se como presidenciável tucano e trabalha com a ideia de uma disputa mais pulverizada se o petista não estiver mesmo no páreo. Por isso está operando sua costura de forma mais orgânica, conversando com setores e buscando unir o partido. Seu avanço rumo a Minas não é nada casual.
Ficando nos partidos majoritários do ponto de vista eleitoral, vê-se que o cenário todo inclui Lula como ponto focal na largada da disputa. É um tijolo a mais na construção da tragédia política brasileira, que faz o país subir e descer uma escada desenhada por M.C. Escher — daquelas que nunca acabam, como num sonho ruim.

Igor Gielow – Folha de S.Paulo

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