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quinta-feira, 9 de novembro de 2017

SANTA CRUZ - PREOCUPAÇÃO DE GRAFITE

Em entrevista, Grafite vai além de greve e se preocupa com funcionários do Santa Cruz

Entre outros assuntos, Grafite mostrou estar por dentro da situação financeira do Santa Cruz

Atacante passou por vários tópicos delicados no Arruda e escancarou situação lamentável do clube


O atacante Grafite mais uma vez assumiu o papel de líder no Arruda. Desde o desembarque após o empate com o Vila Nova, ele assumiu o papel de falar com a imprensa e explicar o que vem acontecendo no Arruda. Postura totalmente inversa ao que a direção do clube vem tomando. Porém, Grafite não comunicou apenas que o elenco coral entrará em greve a partir da próxima segunda-feira se uma solução não for encontrada.

O camisa 23 foi além. Falou da sua relação com o presidente Alírio Moraes, mostrou estar bem por dentro de toda a situação financeira do clube, afirmou que não é a única liderança dentro do vestiário coral, elogiou a postura do técnico Marcelo Martelotte, não tentou iludir o torcedor coral com promessas de permanência na Série A e mostrou uma grande preocupação com o fim de ano dos funcionários do Santa Cruz.
O motivo da ameaça de greve

São os pagamentos de salários de jogadores, mas principalmente o da comissão técnica e funcionários. Foi pago uma folha na terça-feira antes do jogo e alguns jogadores não receberam. Derley, Vitor, Tiago Costa e eu (Grafite). Houve divergências no banco e montante não foi suficiente. Amanhã estão quitando os quatro que não receberam. Como não havíamos notificado o clube e não estávamos respaldados pela lei, uma notificação será entregue amanhã ou na segunda. Até lá vamos cumprir nossas obrigações. Veremos como será na volta.

Greve na segunda
A partir do momento que o clube for notificado, e completa 48h e sem providência, para de jogar também. Até pra mim é um pouco difícil, sou jogador e sou um pouco leigo de justiça. Creio que a partir de três meses jogador já tem direito de rescindir ou entrar em greve. Da maneira que que eu vejo, acho que ali no vestiário, no dia a dia, a gente se sente um pouco isolado, se sente só. O momento é difícil dentro e fora das quatro linhas. É ano de eleição, financeiramente vive um drama, vem agonizando nos últimos meses. É complicado.

Técnico ao lado do elenco
Martelotte falou que está ao nosso lado. Teve até conversa pré-jogo antes do Vila Nova sobre isso e exaltei muito Marcelo. O trabalho que ele vem fazendo nesses dois meses é mais motivacional do que de campo. Mais psicológico do que propriamente técnico. Ele está de mãos atadas. É funcionário do clube e chegou recente como eu.

Situação do clube 
A situação do clube é delicada. Difícil de achar explicação por tudo que viveu, se ouve muita história de dinheiro. Muito ou pouco, bloqueado, não cabe a mim, ao clube.

Relacionamento com o presidente
Hoje, a gente tem um relacionamento mais próximo e semana passada depois do jogo contra o Luverdense ele esteve na minha casa. Conversamos e ele afirmou que mesmo sabendo que não ia ficar pro ano que vem, queria entregar um clube numa situção melhor do que está agora. O clube agoniza em dívidas, em processos judiciais, bloqueios e fico triste pela grandeza do Santa Cruz. Espero e torço para que a próxima diretora consiga sanar, fazer com o que clube levante.

Como um ídolo do Santa Cruz encara esse momento
É frustrante porque todos sabem do carinho que tenho pelo clube. Nenhum jogador volta quatro vezes se não tem sentimento. Sempre quis ajudar o Santa e minha volta minha dentro de campo não vem sendo das melhores, não venho ajudando muito. Dessa vez situação é muito delicada. O momento muito difícil. Não estava aqui em 2007, quando caiu, mas o que eu ouço é que não tava tão endividado.O sentimento é de tristeza pela representatividade que o clube tem no Brasil e no futebol nordestino. Desde o ano passado, quando conquistamos o Nordeste, tivemos uma chance única de subir de patamar e não conseguimos dar esse passo para se agigantar mais. A gente torce para que novos dirigentes venham e possam fazer nova mentalidade, novas metas para que o clube possa se reerguer.

Situação dos funcionários
Lógico que a gente briga pelo nosso, mas a gente vê que os funcionários e comissão têm muita dificuldade no dia a dia e em casa. Funcionários então nem se fala. A gente vai falar de dois salários mínimos e cinco ou seis meses fazem muita falta. Estamos procupados com eles e de uma maneira ou outra a gente ajudar, como os jogadores mais novos. Espero que a gente não chegue a fazer greve e que o clube, quando receber a notificação, corra atrás para sanar. O dia a dia deles (funcionários) é muito complicado e eles são a base do nosso sucesso. Sem eles, não teríamos suporte para trabalhar.

Ausência da diretoria
Lógico que quando se fala da direção do clube, a imagem do presidente é mais forte. Para mim é difícil vir aqui e criticar o Alírio, que antes de ser presidente é um amigo pessoal. Mas acho que a diretoria tem que botar a cara, explicar para a torcida o que está acontecendo, porque está assim, o que ocasionou essa queda tão grande. Para nós jogadores, que sofremos com a pressão da torcida, a gente bota a cara a tapa. Tem que haver uma presença maior deles, até para explanar a real situação. Vejo também, no dia a dia o trabalho que é feito pelo Tininho, Jomar, mas eles tão de mãos atadas. É difícil para chegar em um empresário daqui e pedir dinheiro porque a gente sabe tudo que acontece no dia a dia. Estão fazendo o trabalho, buscando recursos, mas teriam que vir mais vezes e explicar o que acontece.

Condição mínima para os trabalhos continuarem.
Pagar tudo acho difícil. É uma divída muito grande com jogadores, funcionários e comissão. Sabemos que está chegando o final do ano, Natal e Ano Novo e todos querem dar presentes para os filhos, fazer uma feira maior para dentro de casa e acabar o ano com cinco ou seis meses atrasados é complicado. Pagando um ou dois meses dos funcionários já ajuda bastante. A verdade toda é que nós nunca queríamos estar fazendo essa greve. Foi o último recurso que encontramos. Não sei como vão buscar, o último recurso que nós conseguimos para ter algo pro final do ano dos funcionários.

Como o torcedor pode acreditar na permanência
A resto dos quatro jogos, estatísticas não falam a nosso favor. Vencer os 4 jogos não garante escapar em momento nenhum momento. São dez jogos que não vencemos e a esperança está aí pelo resultados, pela atitude que vem tendo, pelo volume de jogo. Acho que temos condições de conseguir ganhar do Boa, em Varginha e contra o Paraná, em casa, vamos lutar para conseguir um bom resultado, mesmo em casa não aparecendo o resultado. Contra o Vila Nova parecia que a gente tava brigando para subir. Foi de igual para igual. Não vou iludir o torcedor, falar que nós não vamos cair. Vamos lutar até o final, jogo por jogo. Não adianta falar em quatro jogos sem ganhar do Boa. Temos que diminuir a margem e se o torcedor puder vir no arruda nos apoiar, será bem-vindo. Espero que consigamos criar corrente positiva ganhando do Boa Esporte.

Papel de líder
É natural vir falar comigo e pedir pra mim a mediação, até pela imagem e liderança, mas não está só eu. Tem o Julio (Cesar), que é muito inteligente, conhece muito do âmbito, Derley, mesmo não sendo um expert nas palavras, mas está conosco, na liderança, e o Ricardo Bueno. Os mais jovens sempre nos procuram para pedir alguma ajuda ou ajudar em algum problema não só dentro de campo, mas fora do clube também.

Diario de Pernambuco

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