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domingo, 11 de março de 2018

TENTARAM ME DERRUBAR

Temer a jornal chileno: foi vítima de uma “montagem”

Segundo ele, provas falsas foram produzidas com a participação de procuradores da República para tentar destituí-lo do poder


VIÑA DEL MAR, CHILE - Em entrevista ao jornal chileno "La Tercera", publicada neste sábado, o presidente Michel Temer disse ter sido vítima de uma "montagem", para que ele fosse destituído da Presidência da República. Temer afirmou que todos os pedidos de impeachment que surgiram não se concretizaram porque eram inconsistentes. Segundo ele, provas falsas foram produzidas com a participação de procuradores da República.
- Se comprovou uma grande montagem contra a Presidência da República e a maioria dos deputados viu isso - disse Temer, que fez duras críticas ao ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
- A gestão do ex-procurador-geral da República, que apresentou as denúncias, encerrou-se com a anulação sumária dos acordos de delação usados para tentar comprometer, em troca de imunidade total aos criminosos que hoje estão presos, o mandato presidencial. Hoje, sabemos que as falsas provas foram produzidas contra a Constituição, com a participação ilegal de procuradores que hoje estão sob investigação. Até o ex-presidente Lula reconheceu, recentemente, que houve uma tentativa de golpe orquestrada contra mim, à qual tive a coragem de enfrentar e vencer.
Perguntado sobre o que poderá ocorrer na campanha eleitoral se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficar inelegível, devido aos processos judiciais que enfrenta, Temer voltou a defender que todos possam exercer seu direito político de ser julgado nas urnas pelo povo. Ressaltou que o Brasil tem leis que, às vezes, impõem restrições e geram controvérsias.
- Quem interpreta e aplica as leis é o Poder Judiciário. Creio que os advogados do ex-presidente Lula levaram e levarão os recursos a cortes mais altas. Devemos esperar que os juízes se pronunciem, inclusive o Supremo Tribunal Federal (STF). Como chefe do Poder Executivo, respeito a independência dos poderes e prefiro não especular. O Brasil está maduro para enfrentar os desafios da democracia.
Ainda na entrevista, Temer se queixou da politização e da ideologização em torno da intervenção no Rio de Janeiro. Temer acusou a oposição e outros setores contrários a seu governo estão confundindo a medida com militarismo. Segundo ele, o Brasil vive uma democracia plena há 30 anos, com o militares participando e cuidando da Constituição cidadã.
- Estão cometendo o erro de politizar e ideologizar até o risco de vida que sobre a população do Rio, sobretudo os mais pobres, que vivem em áreas afetadas, sob o domínio de traficantes e milícias. É uma atitude, eu diria, irresponsável. Estão confundindo intervenção civil sobre segurança com militarismo e autoritarismo, em um apelo a tristes lembranças do passado. É uma comparação inoportuna - afirmou Temer, que desembarca no Chile neste domingo, para participar da solenidade de posse do novo presidente do país, Sebastián Piñera.
- A intervenção é algo que só se realiza em uma situação extrema, como a que, lamentavelmente, vimos no Rio.
Michel Temer disse que a principal razão que o levou a decretar a intervenção Rio foi o resultado das pesquisas de opinião, em que mais de 80% de apoio dos fluminenses e dos brasileiros apoiam a medida. Ele negou que essa atitude tenha motivação política e assegurou que não é candidato à Presidência da República.
- Sou candidato a entregar um país melhor a meu sucessor. Por isso fizemos as reformas, trabalhamos para recuperar o crescimento e, assim, diminuir o altíssimo desemprego que herdamos.
De acordo com o presidente, o que está em jogo, nessas eleições, é a qualidade do futuro imediato dos brasileiros. Ele explicou que isso significa saber se o Brasil vai continuar o caminho da recuperação econômica, da responsabilidade fiscal e social, ou se vai retroceder no tempo. E os candidatos, completou Temer, serão cobrados após as eleições.
- Os eleitores têm capacidade de avaliar e exigem que os políticos tenham responsabilidade com a coisa pública.
Temer disse que seu maior acerto, desde que assumiu a Presidência da República - após o impeachment da petista Dlma Rousseff - foi retomar o diálogo que havia sido interrompido com o Congresso e aprovar algumas reformas, entre as quais a que fixa um teto para os gastos públicos e a do ensino médio. Mas lamentou que está pendente a reforma da Previdência, por causa do decreto da intervenção no Rio. Explicou que a Constituição impede a votação de mudanças na Carta quanto vigora esse tipo de medida.
Ele destacou que a economia brasileira está melhorando. Disse que o país saiu da pior recessão de sua história, marcada por um recuo de 8,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em 11 trimestres. Ele mencionou uma série de indicadores, com destaque para a inflação e as taxas de juros, que tiveram quedas recordes no ano passado, e disse que o PIB vai crescer em torno de 3% em 2018.
O presidente também teve que responder a uma indagação sobre a perda de influência no Brasil na América do Sul. Temer afirmou que a voz do Brasil é de um país que trabalha de forma permanente com os vizinhos sul-americanos por uma região de paz, prosperidade e cooperação. Esse, enfatizou, é o sentido estratégico seguido por seu governo na região.
- Que queremos? Queremos continuar tomando iniciativas concretas que se traduzam em mais bem estar para nossos povos. Para isso, não serve a retórica: é preciso atuar. E temos atuado para resgatar a vocação natural do Mercosul para a democracia, os direitos humanos e o livre mercado - disse Temer, mencionando também a participação do Brasil no processo de paz na Colômbia e nas discussões sobre a "preocupante" situação na Venezuela.

Por Eliane Oliveira, enviada especial

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