Presidente da FPF explica por que jogo não foi interrompido
Evandro Carvalho, presidente da FPF Foto: Flávio Japa/Arquivo Folha
Segundo Evandro Carvalho, em tumultos do tipo, o procedimento padrão universal recomenda a continuidade do evento
"Não se trata de uma decisão subjetiva da FPF ou da PM. Não é um achismo pessoal, isso é uma diretriz técnica, um plano de ação que existe em todo o Brasil, para toda vez que ocorre algum incidente desses. Qual o custo benefício da liberação do público? O evento continua porque faz parte do plano de ação, da diretriz técnica operacional", explica. "Se não existe risco de morte, se o atendimento está fluido, o evento tem que reiniciar o mais rápido possível. Liberar pode proporcionar o 'efeito boiada', que provoca tumultos, boatos, correria, atropelamento e acidentes fora do local e pode congestionar o atendimento que vem de fora", detalha.
"Quando o espetáculo reinicia, o público descongestiona a área. A federação, mais uma vez digo, cumpriu uma diretriz técnica, que era a de reiniciar o evento. Essa era a conduta a ser tomada, era o procedimento correto técnico em qualquer lugar do mundo, não só do futebol. Você só evacua o local com risco de morte e com o local sujeito a novos incidentes. Se o perímetro estava isolado e as pessoas sendo atendidas, a conduta técnica era reiniciar imediatamente", reforça Evandro. "Você tem todas as razões do mundo para continuar ou para não continuar. Parar o jogo dificulta a chegada e saída de atendimento. Ficamos sem entender porque estávamos sendo criticados ao dar continuidade ao evento."
O mandatário da FPF também rebateu críticas dos torcedores do Santa, que reclamaram da área destinada aos visitantes na Ilha do Retiro e da entrada desordenada no estádio. "O espaço onde ficaram os 2.300 torcedores cabiam quatro mil lugares. Foram quatro catracas na entrada. Colocamos até duas a mais. E o Sport é sensível a isso, temos esse cuidado. Não há nenhuma justificativa, o espaço era quase o dobro da capacidade de torcedores. E a fila indiana é um procedimento até de Copa do Mundo, porque há a triagem, a varredura, é para isso que é feito. Isso é o procedimento operacional. A FPF faz tudo isso e ainda ocorre esses acidentes, imagine se não fizermos", reclama.
Segundo o dirigente, não se pode culpar a estrutura da Ilha do Retiro pelo ocorrido, mas Evandro acredita que a Arena de Pernambuco é o local ideal para a realização de clássicos e jogos decisivos no Estado. "Essa operação da PM é técnica. Não é discriminação com a torcida do Santa. No Arruda, na Arena, a conduta é a mesma, para todos. É o Poder público que determina isso. Tivemos um incidente, porque pessoas se envolveram em um conflito, numa faixa de dez metros específica. Mas o estádio tem a estabilidade, segue os padrões nacionais de segurança. Isso pode ocorrer no Classic Hall, na Arena, Ilha, Arruda. Não podemos interditar todos os locais a cada incidente que acontece", destaca. "Para mim, o melhor estádio é a Arena de Pernambuco. É a melhor arena do Brasil, mas o local de jogo é um direito dos clubes. Eu não posso impor isso. Para mim seria ótimo, por conta do conforto para o torcedor, mas isso tem que ser acertado entre os clubes", esclarece.
Na visão da FPF, ainda não é possível tecer críticas quanto à atuação da polícia no tratamento com a torcida do Santa Cruz, antes que um relatório detalhado seja preparado. "Hoje de manhã conversamos com a polícia e ela está averiguando isso. Desde cedo eles estão verificando isso, com a força policial, o comandante. Temos que esperar o resultado deles. Quem tem o expertise são eles, não nós. Apesar de eu ter sido delegado, coordenador de segurança, não posso dar uma opinião técnica. Existe uma conduta e eles são treinados para isso. Nossa polícia de choque é uma das melhores do Brasil, mas ninguém é perfeito. E nosso corpo de policiais está detectando condutas indevidas para não haver mais problemas do tipo. A gente tem que esperar o relatório para saber melhor o que aconteceu", reitera.
FolhaPE
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