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domingo, 6 de maio de 2018

ESCRAVIDÃO ESCONDIDA

Brasil: 160.000 em condições análogas às de escravidão

Foto: (Jonne Roriz/VEJA)
No Brasil, 160.000 trabalham em condições análogas às de escravidão. O país, que já foi exemplo mundial no combate a essa chaga, está cada vez pior neste ponto. VEJA mostra histórias dos escravos brasileiros do século XXI.

José Francisco de Souza (foto), piauiense, de 46 anos, morador de Barras (PI), autor da denúncia que levou à fiscalização da Fazenda Brasil Verde (PA), em 2000 . Na plantação, com febre, pediu tratamento. Minutos depois, ele e um colega, que estava com dor de dente, foram levados a pontapés até a casa-sede. Apanharam mais e receberam ameaças de morte, caso se recusassem a trabalhar. A dupla conseguiu fugir. Souza, mesmo com um defeito na perna direita, e o amigo caminharam por três dias, até Marabá, onde fizeram a denúncia contra a fazenda. 
Quando os livros escolares informam que a escravidão foi abolida no Brasil em 13 de maio de 1888, há exatos 130 anos, fica faltando dizer que se encerrou a escravidão negra — e que, ainda hoje, a escravidão persiste, só que agora é multiétnica. Estima-se que atualmente 160.000 brasileiros trabalhem e vivam no país em condições semelhantes às de escravidão — ou seja, estão submetidos a trabalho forçado, servidão por meio de dívidas, jornadas exaustivas e circunstâncias degradantes (em relação a moradia e alimentação, por exemplo).
Comparada aos milhões de africanos trazidos para o país para trabalhar como escravos, a cifra atual poderia indicar alguma melhora, mas abrigar 160.000 pessoas escravizadas é um escândalo humano de proporções épicas. Em 1995, o governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso reconheceu oficialmente a continuidade daquele crime inclassificável — e criou uma comissão destinada a fiscalizar o trabalho escravo. O pior é que, em vez de melhorar, a situação está ficando mais grave.

Veja 
Por Jennifer Ann Thomas, de Monção, no Maranhão, e Barras, no Piauí

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