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terça-feira, 17 de julho de 2018

DESASTRE ARQUITETÔNICO

Enganação maravilhosa

Sem investimentos, projeto na região portuária está à deriva


Desde o início a proposta era um desastre arquitetônico: plantar uma Dubai no Rio. A intervenção na zona portuária, que pretendia transformar espaços abandonados e precários em um centro turístico-financeiro, baseava-se na construção de prédios de até 50 andares, conjunto de torres no estilo do que fez da maior cidade dos Emirados Árabes um monumento à ostentação e ao mau gosto.
Vendido como uma parceria público-privada (PPP) em 2009, o negócio deu com os burros na água da baía de Guanabara, que fica ali em frente. O fracasso até poderia ser um sinal de sorte para os cariocas se não tivesse subtraído aos cofres públicos mais de R$ 280 milhões. Uma conta que ainda está barata, pois a previsão é custar muito mais à prefeitura. Para manter a área “revitalizada” —esse adorável eufemismo de linguagem—, será necessário gastar cerca de R$ 140 milhões anualmente.
É um enorme espaço na região central, mais ou menos equivalente a uma Copacabana inteira, a que deram o nome engana-bobo de Porto Maravilha. Tal um barco sem leme, está à deriva. O fundo imobiliárioadministrado pela Caixa Econômica Federal, que deveria financiar as obras de infraestrutura e manutenção (só dois túneis construídos, Rio 450 e Marcello Alencar, custam R$ 40 milhões por ano), está insolvente, sem condições de honrar o acordo. 
A PPP ainda teria de liberar, até 2026, cerca de R$ 4 bilhões, mas pelo jeito... Os investidores não apareceram, e a culpada, como sempre, é a crise.
Na vitrine do Porto Maravilha estava o ex-prefeito Eduardo Paes, hoje candidato a governador. O pepino acabou nas mãos de MarceloCrivella, péssimo administrador que já deu prova de não gostar da cidade nem dos cariocas —prefere trabalhar para os fiéis do grupo religioso a que pertence. A sobrevivência do Boulevard Olímpico, que se tornou ponto obrigatório de visitação turística, está por um triz. Uma maravilha. 

Alvaro Costa e Silva – Folha de S.Paulo

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