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quinta-feira, 12 de julho de 2018

PRISÃO NÃO É ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO

Decisão implode narrativa petista do preso-candidato

Ao proibir ações eleitorais, juíza reforça mensagem de que Lula não é político em atividade


Como todo integrante da massa carcerária entregue aos cuidados do Estado brasileiro, o ex-presidente Lula obedece a uma série de regras enquanto cumpre sua pena de 12 anos e um mês na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. Ele não pode escolher o horário das refeições, não determina quando ocorrerá seu banho de sol nem o dia em que poderá receber visitas. As regras de uma carceragem valem para todos os internos.
Da mesma forma que não desfruta de privilégios, o ex-presidente Lula, ainda que se apresente como pré-candidato do PT à Presidência da República, não pode transformar sua cela em um estúdio onde possa gravar vídeos, dar entrevistas e realizar atos de pré-campanha. Foi o que decidiu nesta quarta-feira a juíza Carolina Moura Lebbos, titular da 12ª Vara Federal de Execuções Penais (VEP) de Curitiba, que ainda lembrou ao petista o seu “status de inelegível”.
Por mais que a palavra final sobre a condição de Lula seja do Tribunal Superior Eleitoral, que deverá se pronunciar sobre a situação do petista perante a Lei da Ficha Limpa – que torna inelegíveis candidatos condenados por órgão colegiado –, a decisão da juíza é um duro golpe na narrativa construída pelo petismo nesses 96 dias de prisão de Lula.
Ao proibir as ações eleitorais do petista, a juíza reforçou a mensagem de que Lula não é mais um político em atividade e muito menos um pré-candidato. Por uma questão elementar. Ele está preso, condenado por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, e não dispõe das mesmas prerrogativas dos brasileiros que não têm contas a acertar com a Justiça.
O revés de Lula não é, porém, uma notícia negativa para todo o petismo. Postulantes a “plano B”, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e o ex-governador da Bahia Jaques Wagner ganham novo argumento para defender seus projetos na convenção do PT. Afinal, agora está registrado em juízo: Lula é preso e, nesse papel, não pode aparecer, pedir votos, dar opiniões ou desempenhar atividades que se relacionem com o universo de fora da cadeia.
Primeiro colocado nas pesquisas (com 33% no último Ibope), resta ao petista agora retomar o discurso mítico — “Eu não sou um ser humano, sou uma ideia” — e tentar transferir seu capital eleitoral ao escolhido valendo-se, para isso, de fotos e imagens de arquivo dos velhos tempos de liberdade pré-Lava-Jato.

Robson Bonin – O Globo

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