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quinta-feira, 2 de agosto de 2018

ELEIÇÕES 2018

PT fecha acordo com PSB e isola Ciro nos estados

O acordo provocou protestos nos diretórios. Costura prevê neutralidade de sigla socialista, evitando apoio ao rival de Lula na esquerda.

Sob protestos em suas bases regionaisas cúpulas do PT e PSB decidiram, nesta quarta-feira (1ª), sacrificar candidaturas estaduais em nome de um pacto nacional que levará ao isolamento do candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes.
Consumado o acordo, o PSB vai anunciar neutralidade na corrida presidencial, abandonando a costura de aliança com o PDT.
Em troca, o PT vai retirar a candidatura da vereadora Marília Arraes ao governo de Pernambuco em apoio à reeleição do governador Paulo Câmara (PSB). Por 17 votos contra 8, a Executiva Nacional do PT decidiu apoiar o PSB no estado.
O comando petista aprovou a aliança com o PSB de Pernambuco às 16h. No mesmo momento, em um hotel de Belo Horizonte, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, informava ao ex-prefeito e pré-candidato Márcio Lacerda a decisão de desistir da disputa ao Palácio da Liberdade em apoio à reeleição do petista Fernando Pimentel.
"Recebi esta comunicação com indignação, perplexidade, revolta e desprezo", escreveu Lacerda, informando em nota que recusará o convite para que concorra ao Senado na chapa encabeçada por Pimentel. Em declaração posterior à Folha, ele disse que teve apenas uma conversa e que espera receber uma comunicação formal. 
Pré-candidata em Pernambuco, Marília afirmou que não vai desistir de sua candidatura. A vereadora disse acreditar que o recurso remetido ao Diretório Nacional para reverter a decisão será acolhido. 
"Não tenho o direito de recuar e colocar a esperança do povo de Pernambuco como moeda de troca a preço de banana. A neutralidade é a única coisa que Paulo Câmara e seu grupo político pode oferecer porque não tem força de levar o partido dele para um lado ou para o outro”, disse a jornalistas no Recife. 
Dez dirigentes do PT também entraram com recurso pela permanência de Marília. A instância máxima do PT, no entanto, deverá reproduzir a decisão de sua Executiva, que prevê também apoio petista aos candidatos do PSB no Amazonas, Amapá e Paraíba.
O acordo tem o aval da maior corrente petista, a CNB (Construindo um Novo Brasil), cujo líder é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Preso há 116 dias na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, Lula coordenou os principais movimentos da pré-campanha até agora. Pelos seus cálculos, a eleição será novamente polarizada entre direita e esquerda e só há espaço para um nome de cada campo. Ciro seria o adversário direto do PT na competição por votos, principalmente entre os eleitores do Nordeste. 
O petista mandou recados por meio de pessoas que o visitam na prisão. 
Deu aval para decisões terminativas da presidente de seu partido, Gleisi Hoffmann (PR), para pelo menos cinco atos que reverberaram contra Ciro: sinalizou com a vice do PT para Manuela D’Ávila (PCdoB) no momento em que o partido era assediado pelo PDT; repreendeu governadores petistas que defendiam aliança com Ciro; assistiu ao PR, de Valdemar Costa Neto, levar o centrão para a órbita de Geraldo Alckmin (PSDB) em vez de de fechar acordo com o PDT e, em seguida, fez pesar sua relação familiar de anos na negativa do empresário Josué Alencar (PR) em ser vice do tucano.
No PSB, a costura foi endossada pela ala de Pernambuco, a mais poderosa do partido, e pela da Paraíba. Caso se declare neutra, a legenda orientará os diretórios estaduais, por meio de uma espécie de cartilha, a apoiarem candidaturas de esquerda que sejam contrárias à reforma trabalhista.
Assim como no PT, a decisão do comando nacional do PSB causou insatisfação em diretórios estaduais da sigla. Um grupo ameaça propor, durante a convenção no domingo (5), que a posição da legenda seja definida em votação votação.
"É lamentável e é um erro do partido. Nós tínhamos iniciado um processo para romper com a polarização, como fizemos com Eduardo Campos em 2014”, reclamou à Folha o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg.
Ele disse que, mesmo com a neutralidade, fará campanha por Ciro Gomes, do PDT, o qual considera um nome preparado para o Planalto. 

Folha de S. Paulo 
Por Catia Seabra, Gustavo Uribe, Marina Dias, João Valadares e Carolina Linhares

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