Incêndio atinge o Museu Nacional da UFRJ, na Quinta da Boa Vista
Incêndio no Museu Nacional da UFRJ Foto: @anarina/Twitter
Imagens publicadas nas redes sociais e transmitidas pela televisão mostram as chamas devorando todo o edifício onde foi assinada a Independência e, junto com ele, mais de 20 milhões de itens que contam a história do Brasil
"O maior acervo é este prédio, um palácio de 200 anos em que morou d. João 6º, d. Pedro 1º, onde foi assinada a Independência. A princesa Isabel brincava aqui, no jardim das princesas, que não está aberto ao público porque não tenho condições", disse, em maio. o diretor do museu, Alexander Kellner, 56, em entrevista à Folha de São Paulo.
Com seguidos cortes no orçamento, desde 2014 não vem recebendo a verba de R$ 520 mil anuais que bancam sua manutenção e apresenta sinais visíveis de má conservação, como paredes descascadas e fios elétricos expostos. Seu acervo, com mais de 20 milhões de itens, tem perfil acadêmico e científico, com coleções focadas em paleontologia, antropologia e etnologia biológica. Entre eles, o mais antigo fóssil humano já encontrado no Brasil, batizada de "Luzia"
Para reabrir a sala, interditada havia cinco meses após um ataque de cupins, o museu armou uma campanha de financiamento coletivo na internet -a meta era arrecadar R$ 50 mil. Menos de 1% do acervo estava exposto. Entre os principais itens, o meteorito do Bendegó, o maior já encontrado no país, e a coleção de múmias egípcias, a primeira das Américas.
Vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Museu Nacional, que completou 200 anos, era a mais antiga instituição científica do Brasil e um dos maiores museus de história natural e de antropologia das Américas. Localiza-se no interior do parque da Quinta da Boa Vista, instalado no Palácio de São Cristóvão, que serviu de residência à família real portuguesa de 1808 a 1821 e abrigou a família imperial brasileira de 1822 a 1889.
O palácio também sediou a primeira Assembléia Constituinte Republicana de 1889 a 1891, antes de ser destinado ao uso do museu, em 1892. O edifício foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1938.
Acervo
A formação do acervo do Museu deu-se primeiramente pela transferência para sua sede, de instrumentos, máquinas e gabinetes dispersos em outras instituições, pela doação de objetos de arte e da Antiguidade pela família real, pelas coleções existentes na Casa dos Pássaros, pela coleção de mineralogia, conhecida como Coleção Werner, e por peças etnográficas provenientes das províncias do Brasil. Com um acervo cultural e científico relevante, era considerado o maior museu de história natural da América Latina.
Redes sociais
Ainda em choque, internautas comentaram a destruição do Museu Nacional ao logo de toda a noite. Pelo Twitter, o internauta @toni_1117 disse que era possível ver a fumaça da sua casa. "O principal museu do Rio de janeiro. O museu nacional da UFRJ tá em chamas nesse exato momento. Múmias, esqueletos, cerâmicas e outra diversas descobertas científicas e sociais. Uma grande perda. Dá pra ver a fumaça aqui de casa. Muito triste", publicou.
"É uma dor imensurável perder o Museu Nacional com todo seu patrimônio histórico, científico e arqueológico. Sem contar com nossa história quanto brasileiros... ai cara, eu to muito chateada mesmo", publicou @isabellalima_.
"Assisti uma palestra do diretor do Museu Nacional na quarta feira passada e dava pra ver a paixão que ele tinha pelo trabalho: História e paleontologia faziam os olhos dele brilharem. Esse incêndio é uma facada nas costas, imagino a tristeza em que ele tá. Que tudo dê certo", lembrou @MatheusVei_.
"O que está acontecendo hoje no Museu Nacional nada mais é do que a consequência do descaso que o governo brasileiro tem com cultura e educação no Brasil. É uma vergonha uma parte importante da nossa história ser perdida assim", criticou @deddy_love10.
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