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domingo, 28 de outubro de 2018

ELEIÇÕES 2018

O que esperar do governo Bolsonaro?


Todas as pesquisas apontam a vitória de Jair Bolsonaro, embora não seja descartada a chance de Fernando Haddad virar na chegada. Caso o capitão vença, o wishful thinking da moda é de que ele não conseguirá governar e que seu mandato durará pouco.
O primeiro motivo seria a iminente ruptura com Paulo Guedes, o que é improvável. O economista abriu as portas e lhe deu um selo de garantia diante do mercado. Quer registrar seu cérebro no hall of fame do pensamento brasileiro e provar que o liberalismo é uma solução estruturante para a república. Ambos sabem o que perderiam.
O segundo motivo seria a relação com o Congresso Nacional. Acredita-se que o “jogo de Brasília” deve impor um novo ciclo de “toma lá dá cá”, cuja não aceitação bloquearia a agenda legislativa da gestão. Ocorre que Bolsonaro conta com outro tipo de bancada: as transversais aos partidos, como a da Bíblia, a da Bala e a do Boi, afora inúmeros parlamentares que convergem ideologicamente com ele. O PSL pode ser uma janela para abrigar os congressistas em conflito com os interesses das cúpulas tradicionais ou estas se verem encurraladas pela nova dinâmica. É desse ponto que, com 20 anos de experiência parlamentar, poderia estabelecer sua governabilidade.
O terceiro seria a relação com a imprensa, que o “domesticaria” sob pena de desgastar o mandato. Só que Bolsonaro pode impulsionar a comunicação que o viabilizou, pelas redes sociais, cujos efeitos foram demonstrados nesta campanha. Comunicadores bolsonaristas podem ser alimentados a partir de offs e aportes financeiros de apoiadores do presidente no meio empresarial. Anunciantes e sócios privados pró-Bolsonaro podem condicionar investimentos ao alinhamento da grande mídia.
O quarto seria que a situação econômica supostamente ingovernável derrubaria a popularidade. No entanto, num primeiro momento, o antipetismo deve funcionar como espantalho para reforçar a convicção de que o PT deixara herança maldita.
A reforma previdenciária é mais provável que seja embalada como um legado em vez de uma entrega imediata, haja vista as dificuldades experimentadas por FHC, Lula e Temer. E a gestão, respaldada pelas urnas, pela governabilidade transversal no Congresso e pelo prestígio (e suporte) das Forças Armadas terá estofo para se blindar contra pressões do mercado. Afinal, todos sabem que Dilma não caiu por causa da situação fiscal.
O Bolsonaro presidente terá ainda mais a ver com Donald Trump do que quando candidato e tende a se converter num chefe de Estado capaz de galgar “inexplicáveis” resultados econômicos, estabilidade e popularidade, como um típico “carioca da gema”, sem nada contra ninguém, a não ser a divisão do País, que é por onde passará o conservadorismo nos costumes de seu bloco histórico e o perigoso sentimento de autorização despertada em radicais e intolerantes para agirem no dia-a-dia da vida social e institucional.
Porém, ao contrário do que aconteceu com a ascensão de Temer, quando a maioria da sociedade apoiou o Impeachment centralmente contra a corrupção e, em seguida, sentiu-se traída ao ver o consórcio governisa ser alvejado pela Lava Jato, a tendência é que as ruas que bancaram a deposição de Rousseff e vem garantindo o êxito de Bolsonaro se vejam representadas pela nova gestão. Isto amorteceria o impacto do extremismo no cômputo geral da aprovação do governo.

Leopoldo Vieira - Blog Os Divergentes

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