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domingo, 11 de novembro de 2018

AGRONEGÓCIO

Cerveja de mandioca movimenta produção em Araripina

Maxx Amido do BrasilFoto: Rafael Martins/Divulgação


Cervejaria Ambev distribui a cerveja chamada de Nossa em todo o Estado, utilizando insumo de agricultores do interior pernambucano

Cerveja com mandioca forma a casadinha que deu certo no lançamento mais recente da Ambev, chamada de Nossa. A bebida, distribuída em todo o Estado, leva a ideia de campo para o copo graças ao valor sertanejo agregado pelo insumo. Embora não seja a mesma raiz consumida na mesa nordestina, a espécie que a indústria transforma em fécula para fazer uma breja mais leve e barata em comparação às tradicionais, garante a manutenção da cadeia produtiva na microrregião de Araripina, no Sertão do Estado

E isso é motivo para este ano ser um dos melhores na produção do agricultor Silvano Coelho, que se dedica à propriedade da família, localizada na Zona Rural da Serra do Inácio. Duas razões são fortes para ele comemorar o dobro de área cultivada, agora em 100 hectares. A chuva, que caiu entre os meses de maio e junho, e o contrato de fornecimento direto com a cervejaria.

“E mandioca na cerveja dá certo?”, ouvia Silvano de outros agricultores curiosos com a empreitada, lançada oficialmente na região no meio do ano, e que agora rende um produto com preço final de R$ 3, a garrafa de 600ml. Um projeto que começou bem antes, três anos atrás, ainda na fase de identificação das famílias com os requisitos para oferecer o insumo direto à fábrica, sem a presença de atravessadores. “A companhia surgiu com a vontade de fazer um produto local, através da pesquisa de mercado feita em parceria com a ONG internacional TechoServe, que mapeou onde poderíamos obter esse elemento nas condições ideais para os dois lados”, diz o engenheiro agrônomo e um dos responsáveis pelo desenvolvimento dessa cadeia produtiva junto à Ambev, Vitor Pistoia.

Mais de 300 famílias foram mapeadas em todo o Estado, sendo Araripina a região mais expressiva no cultivo da mandioca. Seu Silvano concorda. Ele, que deixou de lecionar geografia em escola municipal para se dedicar quase exclusivamente à lavoura, representa um dos seis produtores parceiros nesse projeto. “A Serra do Araripe tem 800 metros acima do nível do mar e essa altitude é considerada a melhor para o cultivo de quase 300 mil hectares. Já a Serra do Inácio tem cerca de 21 mil hectares. Juntas, elas fazem a diferença na região”, resume. A média de produção das duas fica em torno de 500 mil toneladas por ano. 

Riqueza para famílias como a do agricultor Gilmar de Carvalho, que lida com o terreno de 400 hectares, na Serra do Araripe, e espera uma boa colheita já entre dezembro e janeiro. “Isso, porque conseguimos plantar um pouco mais. Cerca de dez hectares nos últimos meses”, enumera, reforçando que o novo fornecimento promete melhorar também o preço de mercado, “que oscilava muito e, agora, tende a ficar mais estável”, completa, sem adiantar a quantidade fornecida à cervejaria Ambev e o preço trabalhado. “Mas no geral, a tonelada nesse período de entressafra fica em torno de R$ 350”, solta. Até pouco tempo, a produção era voltada para as 70 casas de farinha da região. Esses lugares recebem a chamada 'mandioca brava' e seu alto teor de amido é valorizado pela indústria dos subprodutos.

Nova operação
Pronta para operar desde 2012, a Maxx Amidos do Brasil estava parada desde então. A fecularia, que tinha tudo para ser mais um elefante branco no meio do Sertão, iniciou as atividades oficialmente no mês de junho graças a dois impulsionadores. A boa safra de 2018 e o contrato de fornecimento para a Ambev. É lá que os agricultores depositam a mandioca para a extração do amido que levado à cervejaria, em Itapissuma. 

Além da cerveja, o mercado mais promissor dessa produção é o da goma de tapioca. "Mas a fécula pode ser usada pela indústria para outros derivados, como polvilho azedo industrial, creme de confeiteiro, pasta de dente, glicose, papelão e até plástico biodegradável”, lista o gerente de produção Márcio Silva, que, nem de longe, quer lembrar o período de completo desabastecimento.



FolhaPE

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