'Rússia cometeu uma ilegalidade', diz pesquisador que voltou ao Recife após ser preso com ayahuasca
Pesquisador Eduardo Chianca, preso na Rússia por levar garrafas de ayahuasca na malaFoto: Paullo Allmeida/Folha de Pernambuco
Após mais de dois anos preso na Rússia, chegou ao Recife, na noite desta quinta-feira (6), pesquisador paraibano detido por tráfico de drogas
Chianca chegou acompanhado de policiais federais de Pernambuco e de Brasília em um voo que saiu de Lisboa e pousou por volta das 21h30 na capital pernambucana. Ele foi levado à Superintendência da PF no Cais do Apolo, no Bairro do Recife, onde passará a noite sob custódia. Na manhã desta sexta (7), o pesquisador passará por uma audiência na 36ª Vara da Justiça Federal, que decidirá se ele vai cumprir o restante da pena em regime fechado ou não.
O pesquisador contou que, dentro das condições da prisão, ele foi tratado "com decência" durante o período em que esteve detido na Rússia. Mas, de acordo com ele, o país cometeu uma ilegalidade, porque, segundo Chianca, o chá não é considerado narcótico pela Organização das Nações Unidas (ONU). "Pelo código da ONU que analisa o que é narcótico ou não, está especificado que a ayahuasca não é, e a Federação Russa é signatária desse documento", disse.
Segundo a Polícia Federal, a volta dele para o Brasil foi autorizada em setembro deste ano pelas autoridades russas em um acordo bilateral entre os países. O pedido para cumprir o restante da pena no Brasil foi feito pelo próprio pesquisador, por seus familiares e pelo Ministério de Relações Exteriores.
Prisão
Três livros e 500 páginas manuscritas sobre um livro da Bíblia. Esse foi o saldo dos mais de dois anos de reclusão do pesquisador paraibano na Rússia. Para ele, a prisão foi um "retiro espiritual compulsório". "Eu não tratei essa prisão como uma prisão, porque eu me isolei, porque eu não falo russo e não me envolvia. Eu tratei como um retiro espiritual compulsório e escrevi três livros sobre o ser humano, espiritualidade e cura", contou o estudioso de terapias holísticas.
Ainda segundo ele, estar preso foi uma grande experiência de vida. "Eu vi outro aspecto da humanidade que eu não conhecia, porque minha vida sempre foi do lado de pessoas do bem e do amor. Na prisão, você aprende a ser flexível e a ver os bandidos como seres humanos, sem julgamentos", ressaltou Chianca.
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