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domingo, 9 de dezembro de 2018

SPORT - AVALIAÇÃO

Futuro, Durval e pena por não usar atletas da base: Milton Mendes avalia passagem no Sport

"Viajo para Portugal semana que vem e esperar o que o mercado proporciona", afirmou


Após não se acertar com candidato, técnico também diz que não tinha plano B e agora volta a Portugal, onde espera por uma nova proposta para 2019


A passagem de Milton Mendes no Sport foi curta, mas intensa. Com apenas 12 jogos para comandar o Rubro-negro na tentativa de livrar o time do rebaixamento à Série B, o treinador quase conseguiu cumprir a missão. Após quatro vitórias, três derrotas e dois empates, engatou um recuperação com 50% de aproveitamento. Porém, ficou a um ponto o Vasco e caiu. Em um hotel na Zona Sul do Recife, o treinador recebeu a reportagem 

Nas palavras, repetiu o discurso de agradecimento à diretoria e a exaltação do empenho dos jogadores, mesmo diante dos atrasos salariais e de o clube estar às vésperas de uma eleição. Além disso, falou individualmente de alguns jogadores. 

Exaltou a entrega de Sander, que ficou fora dos últimos seis rodadas por uma grave entorse no tornozelo. Com contrato no fim, disse que o zagueiro Durval deveria seguir no Leão após fazer apenas um partida com ele e não mais jogar, sofrendo ainda com dores no joelho. Revelou também que a única lamentação foi não ter lançado mais três atletas da base: o lateral direito Elias e os meias Jadsom e Marlon. 

Milton Mendes, agora, segue no Recife até a próxima semana e depois retorna para Portugal, onde tem residência fixa, para aguardar novas ofertas após não entrar em acordo com o candidato Milton Bivar e não fazer parte dos planos de Eduardo Carvalho, outro que se lançou para ser presidente do Leão no próximo biênio. Confira a entrevista abaixo.

Planos para futuro

“Meus planos passavam totalmente pelo Sport. Como eu disse, não tenho plano B. Viajo para Portugal semana que vem e esperar o que o mercado proporciona. Foram três meses de altíssimo nível em todos os setores, lançando jogadores. A equipe cresceu muito, jogamos bom futebol, a equipe teve pontuação quinto ou sexto lugar, foi tudo perfeito. Agora recuperar energia e esperar um nova proposta.

Eu tenho um objetivo na minha vida e na minha carreira. É agradecer também ao presidente Milton Bivar e aos diretores que estavam com ele. Foram bacanas. Tivemos uma conversa muito boa. Só que esse dado foi o que me fez tomar a decisão.” 

Ambiente de eleição atrapalhou o time?

“Eu não vou entrar por aí. Nem de perto e nem de longe, vou passar por isso. Eu só tenho a falar coisas boas do Sport e das pessoas que trabalharam comigo. Arnaldo Barros é um homem extremamente correto. As pessoas falavam e falam coisas negativas a respeito dele, mas ele foi extremamente correto. É um homem sério. Laércio Guerra, Aluísio Maluf, Gustavo Dubeux… são todos homens de altíssimo nível, altíssima linha de caráter profissional e de idoneidade. Então, eu não tenho absolutamente nada a dizer.”

Motivo do rebaixamento

“Não entrava política no vestiário, não entrava dinheiro. O que faltou é só olhar para trás, quatro meses antes. Raciocina. É fácil. É só raciocinar. Vocês estão colocando a hipótese dos últimos 12 jogos, que realmente é a conta que faço. Mas, política não foi. Dinheiro não foi. O foco dos nossos jogadores, treinador e comissão era a manutenção. Quando entrei, eu mudei o foco. Os jogadores foram extraordinários. Não tenho nada a dizer de ninguém. Desde o mais simples empregado ao mais alto funcionário, saio com uma relação extraordinária com todos… dos jogadores, quem jogou e quem não jogou, foi extraordinário. O nível de comprometimento de todos foi muito grande. O Sport não caiu pelas últimas 12 rodadas.”

Lamentação por não usar jogadores da base

“Eu só tive pena disso. Se nós tivéssemos em uma situação melhor, eu teria colocado Jadsom (meia), Marlon (meia) e Elias (lateral) para jogar. Eu só tenho pena disso. Saio com essa tristeza de não ter podido colocar eles em campo. Você sabe que, para lançar esses jogadores, é preciso cuidado. Eu tenho muita experiência nisso. Já lancei no Atlético-PR, na Ferroviária-SP, no Vasco…. então, você tem que ter um cuidado. Um atleta, quando ele é novo, tem que entrar em uma situação confortável. O único que entrou na pressão e foi bem foi o Adryelson. Ele ainda se manteve até o final.”

Adryelson, Mailson e Jadson, jogadores cobiçados

“Eu não poderei falar sobre o futuro deles porque eu não vou estar com eles, pelos menos a princípio, nesse início. O que posso dizer é que todos têm potencial muito grande. Se forem estimulados como homens e como jogadores de futebol. Atenção! Veja o que eu disse: homens e jogadores de futebol. Não consegue dissociar-se uma coisa da outra. É muito importante você estimular o caráter, a entrega no trabalho e também o jogador de futebol, com as características do que o treinador vai mostrar para ele. Enfim, têm inúmeros coisas para se trabalhar que não só entrar para correr atrás da bola e chutar.”

A ausência de Sander

“Raul (Prata) quando esteve, esteve bem. O Ernando também. Mas, o Sander é um jogador ímpar em tudo. O Sander é um cara dedicado, trabalhador. Nós levamos ele para a viagem a São Paulo e chegamos a conclusão que não tinha como ele jogar. Eu perguntei a ele: você quer voltar? Ele: ‘não. Quero ficar aqui nem que fique carregando as malas para lá e para cá.’. Você vê o nível de comprometimento do cara. A gente estava no vestiário e ele ia juntar coisas do chão para estar ocupado. O Sander é um jogador ímpar. É um jogador diferente, mas acredito que Raul Prata esteve muito bem e também o Ernando. Acredito que a falta dele é relativa. Podemos diz que, se o Sander estivesse em campo, ele poderia dar algo mais do que esses jogadores que compunham e não tinha o apoio da linha de frente. Mas, a gente não pode fazer planos de uma coisa que a gente não tem. Eu não tinha o Sander. Ele tentou se recuperar. Ficou comigo, às vezes, à noite no CT durante semanas inteiras, fazendo tratamento. Ele fez tudo que podia.”

Avaliação de Durval

“Durval é uma pessoa maravilhosa. É um homem digno, um cara que está lá sempre. Estava sempre conosco trabalhando. Ele teve um problema de cartilagem (no joelho). Estava sempre recuperando. Tentou voltar e fez a transição, mas sentia uma dorzinha. Eu digo que o Durval e o Magrão são entidades. São pessoas que estão em outro nível. São dois homens que estão como referência para todo mundo e uso os dois como referência para todos os jogadores. Eu tive um prazer muito grande de conhecer o Durval. Eu já era fã. Quando fui campeão na Ilha do Retiro (com o Santa Cruz, em 2015), eu fui em direção a ele e disse: ‘você um grande jogador. Um dia ainda vou trabalhar com você’. Acho Durval um cara muito importante no grupo e que merece manter-se no clube como também Magrão.”

Avaliação do futebol em Pernambuco

“Eu não posso fazer uma avaliação de coisas que não domino, mas é simples para fazer uma análise. Se você olhar o que falou e enumerou agora (quedas do Sport e Salgueiro; Santa Cruz e Náutico na Série C; times do interior sem avançar na Série D), se acontece isso, é um sinal. Alguma coisa não está bem e por que que não está bem? É aí que se faz. Cada um responsável tem que fazer uma reflexão. Cada vez que acaba um projeto, eu faço a minha introspecção e procuro melhorar o que eu de menos bom faço e procuro aprimorar o que faço de bom. Os números estão aí. É uma reflexão que tem que ser feita por todas entidades, o que eles podem fazer para melhorar. Talvez, tentando dar o passo maior que a perna. Não sei. Estou fazendo conjunturas. Mas é importante todas as pessoas verem que não adianta pensar que eu ganho cinco e vou gastar sete. Chega uma hora que vai faltar.” 


Diario de Pernambuco

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