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sábado, 9 de março de 2019

TRANSFORMANDO VIDAS

Professoras da Orquestra Cidadã transformam a realidade de jovens do Coque

A aluna Joyce Hellem escolheu o contrabaixo, instrumento geralmente considerado masculinoFoto: Arthur Mota


No Dia Internacional da Mulher, a Orquestra Criança Cidadã relembra o papel feminino do projeto social

Dentro de um contexto social adverso, em que muitas vezes a necessidade de ter um trabalho e garantir o sustento da família se sobrepõe à importância de se dedicar aos estudos e ter acesso à formação qualificada, as professoras da Orquestra Criança Cidadã (OCC) têm construído uma história de luta diária para manter viva a esperança de jovens da comunidade do Coque, no Recife, que sonham em viver da música. 

A professora de violino e maestrina Susan Hagar ingressou no projeto em 2015 com intuito de transformar a realidade desses alunos, principalmente das meninas que fazem parte da orquestra. "Aqui elas têm modelos de mulheres profissionais que são líderes e que ajudam as pessoas. O que talvez fuja um pouco da realidade que elas vivenciam fora daqui", observa. 

Mesmo na música, os papéis em uma orquestra ainda são predominantemente masculinos. A maioria dos regentes são homens. "Nós temos uma turma de iniciantes em que acontece algo diferente. O instrumento, como o contrabaixo, geralmente é escolhido pelos meninos, mas aqui nós temos três meninas tocando”, exemplifica Susan. 


Para a professora de sopro Eneyda Rodrigues, a figura da mulher como fonte de inspiração mostra que essas jovens podem seguir o caminho contrário daquilo que vivem no cotidiano de uma comunidade carente. "A minha mãe e minha tia eram professoras. Além delas, me inspirei bastante em uma professora de flauta que tive chamada Conceição Benck.", conta. 

"É indiscutível o papel feminino na sala de aula, principalmente para o recorte de classe econômica com que trabalhamos aqui. Não deixa de ser um resgate social mostrar para jovens meninas que elas não precisam seguir o fluxo de engravidar cedo ou depender de um marido, pois aqui há possibilidades de crescimento e que juntas podemos alcançar novos horizontes", afirma. 

Com 14 anos, a jovem Joyce Hellem, queria estudar violino, mas, após assistir um vídeo falando sobre o contrabaixo acústico, não se intimidou por ser um instrumento considerado mais “masculino”. “Nunca coloquei meu gênero na frente dos obstáculos, isso nunca me intimidou. O que importa é meu potencial e dedicação. Vivemos em uma sociedade machista e ver mulheres aqui na Orquestra Cidadã lutando e conquistando seu espaço, fazendo suas vozes serem ouvidas, é inspirador”, aponta. 

E foi esse caminho de liberdade e de poder almejar muito mais do que uma realidade social problemática possa ofertar que levou a ex-aluna da Orquestra Criança Cidadã Rebeka Muniz a se tornar professora da instituição. Ela, que teve seu primeiro contato com a música aos 10 anos de idade, hoje leciona teoria musical, solfejo e flauta doce no projeto. “Devido ao contexto que essas crianças e jovens estão inseridos, muitos ainda terminando abandonado a OCC porque precisam trabalhar. Os pais não entendem que o retorno financeiro vem através dos estudos e dedicação”, comenta.

Segundo Rebeka, o sonho de ser professora sempre a acompanhou e só não desistiu  porque teve como inspiração a professora de teoria musical da OCC Janayna Mendes. “Ela estava um pouco desfocada, mas conversamos muito. Ela prometeu que se esforçaria e gostaria de seguir meus passos. É impossível não se emocionar”, recorda Janayna. 






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