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sábado, 16 de maio de 2020

DENUNCIA GRAVE

Funcionários do hospital de campanha do Maracanã denunciam a retirada de respiradores

Hospital de campanha do Maracanã — Foto: Rogério Santana/Divulgação Governo do RJ

De 29 equipamentos novos, 20 foram transferidos para São Gonçalo, por conta da inauguração. Nesta sexta-feira (15), conselho de enfermagem esteve na unidade, após imagens mostrarem profissionais dormindo no chão. Estado vai apurar o caso.
Funcionários do hospital de campanha do Maracanã, Zona Norte do Rio — um dos seis sob gestão do governo de Wilson Witzel — afirmam que 20 ventiladores respiratórios novos foram retirados da unidade nesta sexta-feira (15).
Segundo a denúncia, mais da metade dos equipamentos disponíveis foi transferida — por causa de uma inauguração. O estado afirmou que vai apurar o caso.
“A gente recebeu a notícia de que todos os ventiladores novos iam ser levados para o hospital de campanha de São Gonçalo, porque lá ia ser inaugurado”, disse uma funcionária.
“A gente até não acreditou que ia ser verdade, mas na parte da tarde o coordenador foi lá e levou 20 dos ventiladores novos que nós recebemos. Foram em torno de 29 ventiladores no total, aí ele levou 20”, emendou.
“Tínhamos pacientes que estavam já com esses ventiladores, recebendo tratamento, e foram colocados aparelhos mais antigos, que têm uma limitação de recursos”, afirmou.

Um dos problemas com os acessórios velhos, segundo esse funcionário, era não ser “possível conectar em todos”.
O hospital de campanha do Maracanã começou a funcionar no sábado passado (9). Tem capacidade para 400 leitos, mas só 170 estão funcionando — 50 deles são de UTI.
O hospital de campanha de São Gonçalo, na Região Metropolitana, vai ser inaugurado neste domingo (17).

A funcionária afirma que no Maracanã tem “muito paciente indo a óbito”.
A entidade verificou também que 70% da equipe de enfermagem não tem experiência em terapia intensiva e não encontrou espaço adequado para limpeza do material hospitalar.
“Identificamos algumas irregularidades, principalmente ausência de expurgo nas duas tendas assistenciais. Já estamos na construção de um relatório para a Vigilância Sanitária, Defensoria Pública e o Ministério Público”, disse Danielle Bartoly, conselheira do Coren-RJ.

Atraso e desistência

Os funcionários do hospital de campanha do maracanã também dizem que o salário está atrasado e que tem gente desistindo de trabalhar.
“A gente já não tem condições de alojamento decente, o salário está atrasado. Ninguém dá resposta por que os pagamentos foram feitos de maneira muito desorganizada, então as pessoas receberam salários diferentes, alguns não receberam nada, nem a passagem”, lamenta a funcionária.
“E já está faltando EPI para entrar, a gente não tinha touca, não tinha sapatilha para entrar. É insalubre”, emenda.

O que dizem os envolvidos

A Secretaria Estadual de Saúde disse que vai apurar o caso. “Se comprovado vai notificar a Organização Social Iabas” — contratada para administrar o hospital.
A secretaria afirma que o hospital do Maracanã tem no momento 87 respiradores e 200 leitos abertos, com 121 pacientes internados até o fim deste sábado.
A secretaria disse ainda que ontem criou uma equipe de regulação para para conferir o número de pacientes internados e garantir o fluxo de novas internações.
Ainda segundo o governo, cinco pessoas morreram desde que a unidade foi aberta.
Em nota, a Iabas disse que a informação “não é verdadeira”.
“Todos os leitos de UTI do Maracanã possuem ventiladores. O Iabas remaneja constantemente equipamentos, técnicos, material e medicamentos entre suas unidades, e não há falta de ventiladores para nenhum paciente em nossos hospitais, cujo objetivo é salvar vidas”, afirmou.
Ainda segundo a OS, o hospital de campanha de São Gonçalo “será inaugurado conforme cronograma e contará com os equipamentos necessários para atender a população”.

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