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sexta-feira, 8 de maio de 2020

SANTA CRUZ - SAUDADE TRICOLOR

'É duro ficar sem você': tricolores próximos ao Arruda contam rotina de saudade do Santa

Na foto, Robson, que mora a 200 metros do Mundão do Arruda (Foto: Bruna Costa/Esp.DP )


Reportagem do Diario de Pernambuco traz relatos de torcedores corais que moram no entorno do Arruda e de como estão se adaptando à nova rotina


Este final de semana seria dia de Santa Cruz. De Arruda. Contra o Treze, o Tricolor iria 
disputar a sua primeira partida na Série C em casa. E, como quem percorre um caminho já conhecido, o comerciante Robson Bezerra, que mora a 100 metros do estádio coral, tinha o roteiro em mente: aquela seria uma tarde de confraternização. “Estava combinando de patrocinar um churrasquinho para os amigos, tomar uma cervejinha e depois ir para o jogo”, resgata, saudoso. 

Saudade de um momento que não viveu e que não sabe quando chegará. A pandemia do coronavírus paralisou o futebol em todo o país e deixou um vazio até mesmo naqueles que moram praticamente ‘colados’ com o estádio do time do coração. “Sem o jogo, vou ficar em casa com minha esposa. Nesse final de semana talvez cozinhe algo para ela. A rotina tem sido essa: acordar, almoçar e esperar a hora de dormir”, conta.

‘É duro ficar sem você vez em quando…’

A nostalgia de ir a campo, no entanto, não é unicamente sentida por Robson. Ela é também compartilhada por outro torcedor do Santa Cruz - curiosamente, seu vizinho de rua - : Flávio Chagas, que havia planejado sair duas horas mais cedo de casa para assistir ao jogo contra o Treze. Ou por Dennis Alves que, também a poucos metros do Arruda, é mais um tricolor a guardar na memória a programação que faria na partida: “ia me reunir com os amigos para ‘resenhar’ e ‘tomar uma’ no posto em frente da Beberibe”. Agora, o roteiro de ambos será o mesmo: ficar em casa. 

A saudade é tanta que as respostas sobre o desconcerto que é estar tão próximo do Arruda e, ao mesmo tempo, tão longe, também são iguais: aperto. “Passar pelo Arruda, olhar ele pela janela e ver que ele está no cantinho dele, só esperando a gente voltar… É frustrante”, confidencia Robson. “O Santa Cruz é um movimento social. Perder algo desse tipo, parar de fazer isso, deixar de ir ao Mundão, quando essa rotina é, às vezes, a única coisa de boa que tem no dia…É terrível para mim”, completa Dennis. 

‘Parece que falta um pedaço de mim…’

Tricolor ‘desde que nasceu’, Flávio, por exemplo, diz que, por vezes, durante a quarentena, muda a rota quando vai ao supermercado ou na padaria, só para não passar em frente ao estádio do Santa Cruz. ‘Dói menos’, garante. “Você saber como é aquela rotina e aquele lugar e, de repente, você não tem mais movimentação, a energia… Dá um vazio”, ressalta.
 
Para suprir a ausência - pelo menos, momentaneamente - o estudante de administração está decorando o guarda roupa com adesivos dos escudos do Santa Cruz e também pretende pintar a parede do quarto com as cores do clube.  ‘Sempre tive vontade fazer alguma coisa que me lembrasse o Santa Cruz. Achei o momento ideal’, justifica. 

Dennis e Robson, por sua vez, se apegam ao ‘passado de glórias’ do Tricolor. Revivem conquistas, como o título inédito da Copa do Nordeste e o gol do acesso à Série B protagonizado por Caça-Rato. Com um sorriso de canto da boca, eles também não se restringem a momentos marcantes. “Fico vendo e sinto saudade até mesmo aqueles lances deploráveis dentro de campo, de baixíssima qualidade técnica”, admite Robson. “Eu também olho as redes sociais de João Paulo e peço para ele voltar”, acrescenta Dennis.  

Mas e quando a pandemia acabar? A resposta está na ponta da língua, como não poderia ser diferente: ver o Santa Cruz jogar. Nem que seja para torcer do lado de fora do estádio. ‘Só para sentir a emoção de novo’, diz Flávio. “Porque isso é saudade de verdade, viu? Deixar de ver ‘boyzinha’, deixar de curtir a pessoa até consegue, mas ficar longe do Santa e do Arruda é mais complicado”, finaliza Dennis.   

Aos tricolores ao redor do Mundão, o Arruda transformou-se, por ora, em um gigante adormecido. Agora, a alternativa é admirá-lo, imponente que é, pela janela de casa, e nutrir a esperança de que seja breve o tão esperado reencontro.

DP

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