GIF Patrocinador

GIF Patrocinador

terça-feira, 5 de maio de 2020

SPORT - EFEITO CORONAVÍRUS

Menos receitas, mais dívidas: com negativas de atletas e bancos, problemas aumentam no Sport

"Nenhum banco privado concordou em abrir as portas. Nós tentamos e nada", relatou o presidente da FPF (Foto: Ricardo Fernandes / DP)


Clube não conseguiu negociar redução da folha com jogadores e teve pedidos de empréstimos negados, enquanto acumula novos débitos e perdas em caixa


Um túnel, sem luz no fim. Na analogia do ditado popular, o Sport caminha em uma jornada financeira para equilibrar os débitos, tanto acumulados em dívidas anteriores, quanto os custos de manutenção. Pior ainda, na ausência de jogos em decorrência da pandemia de Covid-19, as receitas se tornaram ainda mais escassas, as renegociações mais complicadas e a projeção de empréstimo se transformando em negativas.

Começando pela queda brusca nas receitas a partir da redução da TV Globo, detentora dos direitos de transmissão, que em nota aberta aos clubes informou o corte de 75% dos pagamentos. O valor total do acordo de 2020 entre o Sport e a emissora é tratado como sigiloso. Porém, considerando que seja igual ao último ano do clube na Série A do Brasileirão, onde recebeu R$ 43 milhões, debitando os R$ 16,5 milhões referentes ao passivo restante de adiantamentos das gestões anteriores, o clube teria a receber ao menos 26,5 milhões. Com o parcelamento e a redução devido à pandemia, cerca de R$ 550 mil por mês da Globo.

A ausência de partidas também impacta diretamente na arrecadação de bilheterias, que em 2020 já somou quase R$ 710 mil de lucro bruto em sete jogos realizados, sendo três na Arena de Pernambuco e outros quatro na Ilha do Retiro. O Sport projetava ainda uma arrecadação maior, uma vez que os próximos jogos contra Confiança e Santa Cruz seriam decisivos para a sequência na Copa do Nordeste e no Campeonato Pernambucano, respectivamente, além do início do Campeonato Brasileiro, principal competição do ano.

Fora isso, o clube também deixou de movimentar todo um nicho de comércio em dias de jogo, no faturamento do 'matchday', com vendas que vão desde comidas e bebidas dos 'gasoseiros' e bares da Ilha do Retiro, aos produtos licenciados na loja do clube. Impactando ainda na queda de adimplência do número de sócios. Só em março, primeiro mês sem jogos, o clube registrou a perda de 3 mil pagamentos de associados titulares.

Traçado o cenário da queda de receitas, há ainda as dificuldades de renegociações. Fora o passivo acumulado em relação a causas trabalhistas e dívidas com outras instituições, entre elas o 1,2 milhão de euro pela compra de André ao Sporting - que tem o prazo final o próximo dia 18 -, há ainda os custos rotineiros do clube. Segundo relato do comentarista Ralph de Carvalho, da Rádio Jornal, o presidente do Sport, Milton Bivar, teria estimado um valor mensal acima de R$ 2 milhões para as atividades, envolvendo a as folhas administrativa e do futebol, que ainda não foi renegociada e está prestes a acumular o segundo mês em aberto, com março e abril.

À emissora, o lateral e capitão Sander, representante dos atletas, afirmou que a única proposta de redução salarial apresentada pela direção do Sport foi a de 50% dos salários, realizada ainda em março através do Sindicato dos Atletas (Fenapaf).

"Nem presidente e nem diretor nos procurou. Só teve a proposta via Fenapaf e liguei para o presidente (à época) para falar sobre isso, que se fosse para entrar em decisão, seria uma proposta para ser tratada diretamente com o grupo. Eu não resolvo nada. Quem decide isso é o grupo e todos têm o mesmo peso da decisão", declarou Sander à Rádio Jornal. "Não somos cabeça dura e sabemos da situação em que o clube vive, mas eles sabem da nossa situação também", completou.

Para completar, até mesmo até a mais provável 'luz no fim do túnel', que seria a aquisição de empréstimo bancário com o aval da CBF, foi rejeitada pelas entidades financeiras. "Nenhum banco privado concordou em abrir as portas. Nós tentamos e nada. É muito difícil negociar empréstimo para clubes de futebol, por conta de todo o histórico de dificuldade de pagamentos", apontou o presidente da FPF, Evandro Carvalho, a reportagem também tentou entrar em contato com o presidente do Sport, Milton Bivar, e o capitão Sander, mas não foi atendida até a publicação deste material.

DP

Nenhum comentário:

Postar um comentário