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sexta-feira, 17 de julho de 2020

NORMALIDADE VAI DEMORAR

Economia não deve voltar tão rapidamente à normalidade, diz presidente do Banco Central


Para Roberto Campos Neto a recuperação não será em formato de V completo, mas há um viés de melhora nas projeções para o PIB
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta quinta-feira (16) que não acredita que a recuperação econômica do Brasil será em um formato de “V completo” — ou seja, o retorno à normalidade depois do pior momento da crise não será rápido.
Campos Neto frisou, porém, que a avaliação de que a projeção oficial de retração de 6,4% para o PIB (Produto Interno Bruto) este ano tem um viés de melhora ficou mais clara nas últimas duas semanas.
Em evento virtual do banco Itaú, o presidente do BC destacou que há um consumo represado que deve acontecer nas próximas semanas pela recomposição de renda à família, com os pagamentos do auxílio emergencial, que irão até o final de novembro.
O presidente do BC também afirmou que muitos programas de crédito lançados pelo governo começam a entrar em vigor ao mesmo tempo.
Com o viés de melhora para a atividade econômica mais claro, Campos Neto também afirmou que a assimetria para a inflação vai no mesmo sentido, embora seja muito menor.
“Como nós temos um hiato grande, pode ser que ela nem aconteça”, disse, em referência à ociosidade da economia, ao participar de uma transmissão ao vivo promovida pelo Itaú BBA.
Campos Neto sublinhou que os dados de inflação das próximas duas a três semanas serão “muito importantes” e irão dar mais clareza sobre o efeito do consumo na ponta.
Na semana passada, Campos Neto já havia afirmado que o BC precisava entender o impacto do crescimento na inflação para avaliar se ainda há espaço para corte residual nos juros básicos, hoje em 2,25% ao ano.
Campos Neto também afirmou que os agentes pararam de revisar os dados de inflação para baixo e passaram a revisá-los para cima, ainda que de forma “muito incipiente”. Ele também avaliou que os números de inflação estão “bem comportados”.
“Estamos relativamente tranquilos. Obviamente 2021 tem um espaço grande. Quando a gente olha 2022, está bem mais perto da meta”, disse ele.
A meta para a inflação em 2020 é de 4%, em 2021 é de 3,75% e em 2022 de 3,5%, sempre com margem de 1,5 ponto para mais ou para menos.
Durante sua fala, Campos Neto avaliou que o comportamento da economia no segundo trimestre será o mais difícil de estimar em 2020, pois vai dar ditar o tom para o ano.
O presidente do BC afirmou que há um consumo represado que deve acontecer pela recomposição de renda às famílias com os pagamentos do auxílio emergencial, cujos efeitos serão vistos até o final do ano. O presidente do BC também frisou que muitos programas de crédito lançados pelo governo começam a entrar em vigor ao mesmo tempo, beneficiando principalmente pequenas e médias empresas.
Sobre o câmbio, Campos Neto afirmou que o BC ainda não tem uma boa explicação sobre as causas do aumento da volatilidade da moeda no país e disse que a autoridade monetária continua a investigar a questão.
O presidente do BC afirmou que entre as causas examinadas está o maior volume de negociação de contratos de menor volume, de investidores menores. Ele ponderou, contudo, que há alguma evidência de que a pulverização dessa negociação gera volatilidade menor, e não maior.
Outras explicações que Campos Neto disse também achar ruins, são o overhedge (proteção adicional cambial) dos bancos e robôs de trading (negociação) com volumes mais expressivos que estariam aproveitando o cenário de juros baixos no Brasil. “Investigamos isso também, e não é verdade”, afirmou sobre essa segunda hipótese.
Segundo Campos Neto, uma última explicação dada para o aumento da volatilidade é que a política monetária estaria chegando perto do “lower bound” (limite inferior). “Pode ser que estejamos desenvolvendo coisa nesse sentido? Pode ser, mas não temos evidência”, afirmou.
O presidente do BC disse ter a sensação de que a volatilidade tende a diminuir e que o BC segue acompanhando a questão.
Fonte: Folha

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