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segunda-feira, 24 de agosto de 2020

PERDENDO POPULARIDADE

Prefeitos de capitais com quarentena rígida ganharam menos popularidade

O IPD leva em consideração cerca de 150 variáveis, como seguidores, comentários, curtidas, compartilhamento e se as reações aos posts são positivas e negativas



Prefeitos de cidades com medidas mais rígidas de isolamento social tiveram menor aumento de popularidade ou piora na reputação na internet, segundo monitoramento da consultoria Quaest. O levantamento relacionou a variação do índice de popularidade digital (IPD) de fevereiro a julho com a intensidade das regras de isolamento social.

O IPD leva em consideração cerca de 150 variáveis, como seguidores, comentários, curtidas, compartilhamento e se as reações aos posts são positivas e negativas no Facebook, Twitter, Instagram, Google e Wikipedia. Um modelo estatístico próprio pondera e calcula a importância de cada dimensão, e os personagens analisados são posicionados em uma escala de 0 a 100.

Já o dado sobre isolamento social é do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), um índice de 1 a 10 (quanto maior mais rígido), de junho, quando muitas regiões começavam ou já haviam reaberto as economias. A Quaest constatou que, no início da pandemia, prefeitos de cidades com medidas de isolamento mais restritivas melhoraram a popularidade nas redes. Agora, porém, a situação se inverteu. "Nesse momento, quem continuou forçando isolamento e fechamento do comércio perdeu mais popularidade em relação a fevereiro do que quem relaxou mais depressa", diz o CEO da Quaest, o cientista político Felipe Nunes.

"Deve explicar por que os prefeitos estão se sentindo tão pressionados a reabrir, porque há um movimento de reabertura no país inteiro". Para ele, os prefeitos são os tomadores de decisão mais próximos da população e os mais pressionados, devido ao calendário eleitoral.

Para se ter uma ideia, o índice médio de restrição nas cidades administradas pelos cinco prefeitos que melhoraram mais suas imagens era, em junho, de 3,8 pontos –quanto mais alto o número mais restritiva é a política. Já no caso dos cinco que tiveram a imagem mais abalada o número médio era 5,4.

O prefeito teve maior ganho foi o de Vitória (ES), Luciano Rezende, com 74% de melhora no índice de popularidade. No quesito restrição da quarentena, a nota para a cidade é 5. Os demais prefeitos nos primeiros lugares do ranking de melhora na imagem –com variação positiva entre 40% e 60%– tinham regras ainda menos rígidas, entre 2 e 3 pontos, como Edivaldo Holanda Junior (PDT), de São Luís (MA), Álvaro Costa Dias (PSDB), de Natal (RN), e Marquinhos Trad (PSD), de Campo Grande (MS).

Já quem mais perdeu reputação foi o prefeito de Macapá (AP), Clécio Luis (Rede), que teve piora de 17%. Ali, a quarentena era muito mais dura em junho, com índice de 8,3. O Amapá teve lockdown decretado no fim de maio, atingindo na ocasião o maior índice de isolamento social do país, com 60,7% da população aderindo à medida.

Embora tenham alguma autonomia, em muitos casos decisões relativas às restrições foram tomadas pelos governos estaduais. No caso de SP, por exemplo, a prefeitura tinha autoridade para tomar medidas mais restritivas do que as previstas pelo estado, mas jamais teve autorização para ter maior abertura.

O prefeito Bruno Covas (PSDB), de São Paulo, teve a 18ª maior variação, com acréscimo de apenas 8% em sua popularidade digital. O índice que considera o grau de isolamento coloca a cidade em 10º lugar no grau de restrição (5,8 pontos).

No início da pandemia, quando o estado de SP iniciava medidas duras contra a quarentena, Covas era o quarto que mais avançava em popularidade. Depois, a melhora na imagem se estancou –o tucano, em diversos momentos, adotou visão mais rígida do que a exigida pelo estado, embora nos bastidores algumas vezes demonstrasse contrariedade com outras consideradas exageradas.

Questionada sobre o assunto, a gestão da capital afirmou que, embora desconheça o índice, "a única preocupação da atual gestão desde o início da pandemia foi salvar vidas". A prefeitura afirmou que seguiu recomendações médicas e científicas e que continuará "adotando as medidas necessárias para proteger a saúde da população, independentemente de qualquer índice de popularidade".

Para o cientista político Marco Antonio Teixeira, da FGV, Covas já se beneficiou das atitudes tomadas no início da pandemia. Ele cita como exemplo a liderança dele nas pesquisas eleitorais. "No começo, os governadores, os prefeitos que tomaram medidas enérgicas e conversaram mais com a população acabaram tendo a imagem melhorada na percepção da população", diz Teixeira.

Ele afirma que levaram vantagens políticos que adotaram medidas duras e, com índices menos preocupantes, depois relaxaram em momento que a quarentena fica mais difícil para a população. A situação descrita por ele lembra o caso de São Luís (MA). Com uma política bem menos restritiva, a capital maranhense já havia passado, porém, por um lockdown em maio –uma medida de grande visibilidade. Seu prefeito, Edivaldo Holanda Junior, foi o segundo que mais ganhou em popularidade, tendo uma alta de 60% no índice. Atualmente, São Luís apresenta situação controlada.

Embora registre uma tendência de maior crescimento de popularidade em cidades menos rígidas, esse fator também não é determinante, uma vez que há exceções. Um exemplo é o caso do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), o prefeito mais popular do ranking da Quaest (com índice de 52,2). Na capital mineira, as restrições eram relativamente altas (nota 6,7). Ele teve variação positiva de 32% no IPD.

Por Folhapress

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