Virada de mesa na eleição do Crea-PE
As eleições promovidas pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE), no último dia 1º, chamaram atenção pelo fato de um candidato oposicionista, Adriano Lucena, ter obtido o maior número de votos: 771. Por uma diferença apertada, de apenas 15 votos, ele desbancou Waldir Duarte, nome apoiado pela gestão atual, que teve a preferência de 756 membros do Crea.
O processo aparentava correr bem, de forma transparente, até que, na noite de ontem, uma decisão da Comissão Eleitoral Regional (CER) fez a vitória de Lucena nas urnas ruir: o grupo aprovou parcialmente o pedido de anulação formulado por Waldir, desconsiderando as votações da urna 2 do Recife e da urna de Caruaru.
Na mesa de votação 2 no Recife, Adriano Lucena conquistou 92 votos, enquanto Waldir Duarte teve 62. Já na urna caruaruense, Waldir venceu por uma diferença de quatro votos (59 a 55).
A anulação muda o resultado eleitoral e dá a vitória a Waldir Duarte, com 635 votos contra 626 de Adriano Lucena. A reportagem teve acesso à apuração e verificou que a Comissão Eleitoral se equivocou na recontagem dos votos, registrando 626 para Lucena, mas os novos números somam 624.
“A eleição ocorreu no dia 1º e foi tudo tranquilo. Todas as zonas foram apuradas e não teve nenhum questionamento. Depois que viram que nós fomos vencedores do pleito, a chapa perdedora pediu toda a anulação da eleição. Recebi um e-mail, às 23h14 de ontem, com uma decisão sem pé nem cabeça, dizendo que anularam duas urnas: a de Caruaru a urna 2 de Recife. Assim, eles presentearam o candidato Waldir com a eleição”, reclama Adriano Lucena.
Ele informa que já acionou seu advogado para contestar a medida. O parecer emitido ontem pela Comissão justifica a decisão, alegando que “no curso do processo eleitoral do dia 01 de outubro de 2020, os fiscais da chapa ‘CREA para todos’ folhearam a lista de votantes (caderno de votação), tanto na mesa de votação da cidade de Caruaru, quanto na Mesa 2 da Sede do Crea-PE, apresentando, inclusive, registro fotográfico do ato narrado”.
A CER segue a argumentação, dizendo que Waldir Duarte encaminhou “um documento reportando suspeitas de fraude eleitoral por parte do Sr. Adriano Lucena” e que Waldir pediu em 6 de outubro a anulação total da votação. Ainda de acordo com a CER, Waldir Duarte, “em sua queixa expôs os fatos que fundamentaram seu pleito”. O mesmo documento reconhece que não houve impugnação das duas urnas citadas e que nem a mesa eleitoral nem a CER atuaram durante a data da eleição para coibir suposta irregularidade.
Adriano Lucena conta que, de ontem para hoje, recebeu muitas mensagens de apoio de colegas e membros do Crea. O blog teve acesso a uma delas:
“A escolha e decisão soberana de mais de mil e setecentos profissionais filiados acerca dos rumos do CREA-PE está ameaçada pela tirania da atual gestão que insiste em rasgar o regramento posto e em não aceitar a verdade exposta pelas urnas.
A Comissão Eleitoral Regional (CER) composta por membros da atual gestão e comandada pelo atual presidente Evandro Alencar ignora o desejo de mudança e trama a todo custo declarar oficialmente o candidato derrotado nas urnas como vencedor, desrespeitando não apenas os profissionais filiados mas também a história e os valores morais de honestidade que sempre pautaram a existência do Crea-PE.
Com um orçamento anual previsto para o próximo ano de mais de R$ 28,5 milhões, dos quais 55% a serem gastos com a mão de obra dos funcionários, comissionados e gratificações, a gestão atual tenta a todo custo se manter no poder”.
por Magno Martins
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