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sexta-feira, 20 de novembro de 2020

POLÊMICA AMERICANA

Escolas fechadas e bares abertos causam polêmica em Nova York

Com 1,1 milhão de alunos em 1.800 escolas públicas, a maior cidade dos Estados Unidos foi uma das poucas do país a reabrir escolas em setembro



É necessário fechar as escolas de Nova York para lidar com uma segunda onda do coronavírus? Como a taxa de positividade nas escolas é pequena e as academias, bares e restaurantes permanecem abertos, a decisão enfurece milhares de pais que exigem a retomada imediata das aulas presenciais.

Com 1,1 milhão de alunos em 1.800 escolas públicas, a maior cidade dos Estados Unidos foi uma das poucas do país a reabrir escolas em setembro.

Agora, no entanto, seguiu caminho oposto aos países europeus, onde as instituições de ensino permanecem abertas, mas bares, academias e restaurantes foram fechados.

Muitos pais não estão satisfeitos, embora o prefeito Bill de Blasio lembre que foi esse o acordo com o poderoso sindicato dos professores caso os testes positivos ultrapassassem o limite de 3% durante sete dias na cidade, que registra mais de 24 mil mortes por covid-19 desde março.

"A decisão do prefeito é ridícula. É como se as crianças fossem a última prioridade da cidade. Eles precisam reabrir as escolas agora. Não daqui a uma semana ou duas. Agora!", disse à AFP Yelena, uma mãe de 40 anos que tem três filhos em escolas públicas no Upper East Side de Manhattan.

Escolas essenciais?
Yelena e dezenas de pais foram à prefeitura de Nova York na quinta-feira para apresentar ao prefeito uma petição com mais de 13 mil assinaturas pedindo que as escolas sejam declaradas como serviço essencial e mantidas abertas.

Os pais ressaltam que as escolas são seguras e que a taxa de positividade nas escolas é muito inferior à média da cidade: 0,23%. Eles também afirmam que a medida pune as crianças mais desfavorecidas - como as 60 mil que não têm computador - e as mães que trabalham.

"Vamos perder uma geração inteira com as aulas online", declarou Megan Cossey, mãe de um menino de 11 anos e uma das organizadoras do protesto.

As escolas de Nova York fecharam no dia 16 de março, quando a cidade se tornou o epicentro da pandemia nos EUA, e assim continuaram até o fim do ano letivo em junho.

Negociações sindicais
Porém, depois do verão (boreal), em setembro, Nova York foi a única grande cidade do país a reabrir escolas, ainda que com um mês de atraso para instalar medidas de segurança negociadas com o sindicato dos professores.

Uma das condições negociadas com o sindicato é que as escolas fechassem se o índice de testes positivos superasse 3%, um percentual baixo, já que em outras regiões do país ele era fixado em até 10%.

Mais tarde, alguns pais até assinaram uma petição para manter as escolas fechadas, e muitos estudantes optaram por aulas 100% remotas. Apenas 300 mil alunos aceitaram o modelo híbrido.

Michael Mulgrow, presidente da Federação Unida de Professores, defendeu o fechamento das instituições de ensino e ressaltou que os especialistas em saúde pública recomendam cautela com o feriado de Ação de Graças, na próxima semana.

O nível de testes positivos de Nova York ainda é baixo em comparação com a maioria dos outros estados do país, mas aumentou em relação ao verão, quando girava em torno de 1%.

Jessica Justman, professora de epidemiologia da Escola de Saúde Pública da Universidade de Columbia, disse que a decisão de fechar as escolas é correta e que é necessário também proibir as pessoas de comer dentro de bares e restaurantes, o que depende do governador Andrew Cuomo.

Mas para alguns pais, como Laura Espinosa, uma equatoriana de 38 anos, as aulas remotas são um pesadelo.

Seus filhos, gêmeos de seis anos, têm transtorno do espectro autista e são hiperativos, de modo que Espinosa não consegue mantê-los sentados em seu pequeno apartamento. Com a escola fechada, as crianças não assistem a nenhuma aula e impedem que a filha mais velha se concentre em suas aulas online.

"Em casa, a saúde mental de nossos filhos e a nossa está piorando a cada dia. Nos sentimos impotentes e ansiosos. Meus filhos precisam de instrução presencial; as crianças precisam voltar à escola", disse esta mulher que mora no Brooklyn e participou da manifestação de pais em frente à prefeitura.


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