Com poucos ônibus, foi longa a espera na volta para casa; audiência pode definir rumo da greve
Com a greve dos rodoviários no Grande Recife, iniciada à 0h desta terça-feira (22), a volta para a casa, no fim do dia, foi marcada por muitos transtornos para quem precisava fazer uso do ônibus: paradas lotadas, corredores de ônibus vazios e trânsito intenso de veículos particulares e de transporte de passageiro por aplicativo.
Para a manhã desta quarta-feira (23), está marcada audiência de conciliação e instrução entre o sindicatos dos Rodoviários e o das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE) para tentar resolver a situação da greve.
Na ação que a Urbana-PE encaminhou ao Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6), os donos das empresas de ônibus destacaram a ilegalidade da greve. Por conta disso, haverá, às 10h desta quarta-feira (23), a audiência. Segundo informou a assessoria do TRT, o Sindicato dos Rodoviários ainda precisará ser ouvido para que possa ou não ser declarada ilegalidade.,
No fim do dia, por volta das 17h, as paradas do Avenida Conde da Boa Vista, no Centro do Recife, não se encontravam mais lotadas que o comum para o horário, entretanto, a espera pelos coletivos foi prolongada. Mesmo no horário de pico, o movimento observado pela reportagem estava bem inferior aos dias normais.
A avenida, um dos principais corredores de ônibus do Recife, quase não havia movimento de coletivos. Na Conde da Boa Vista, a dona de casa Triele Francisca, 32, relatou a longa espera para retornar para sua casa, no bairro da Várzea, Zona Oeste do Recife. “Estou há mais de uma hora esperando pelo transporte”, afirma.
Já a doméstica Leme Maria da Silva, 42 precisou pegar uma carona com uma amiga em carro de aplicativo para conseguir voltar para casa . “Ela trabalha no mesmo local que eu. Fiquei em Afogados e peguei o metrô para Recife, para depois ir em direção a Jaboatão”, disse.
"No meu retorno, eu esperava tranquilidade, mais ônibus rodando, mas está pior que de manhã, um caos” relatou a servente Josicleide Maria, 25, que esperava o coletivo no TI Joana Bezerra.
Durante todo o dia, os passageiros tiveram dificuldades em conseguir pegar o coletivo. Por causa da greve deflagrada pelo Sindicato dos Rodoviários, a Justiça do Trabalho determinou, nesta terça-feira (22), que os rodoviários garantam ônibus circulando com mínimo de 50% da frota das 5h às 9h e das 16h às 20h (horários de pico), e de 30% nos demais horários, de menor demanda.
O desembargador Diones Nunes Furtado da Silva, do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região, também determinou outras medidas, como a proibição de bloqueios de saídas de coletivos das garagens das empresas de ônibus. Em caso de descumprimento, a multa é de R$ 100mil.Por meio de nota, a Urbana-PE comentou sobre a decisão, criticando o Sindicato dos Rodoviários. "Atitudes como essas foram praticadas nesta terça-feira (22), deixando a população sem a oferta do serviço de transporte conforme determinação do poder público", diz a nota.
"A Urbana-PE autorizou a convocação de motoristas do banco de cadastro das empresas para garantir a operação do transporte coletivo por ônibus. A entidade reforça que toda a frota está disponível para imediato atendimento à população e que não medirá esforços para restabelecer o serviço. Esperamos que o Sindicato dos Rodoviários cumpra a decisão judicial e que deixe de penalizar a população e a economia locais, especialmente no contexto complexo em que nos encontramos, em plena crise sanitária e às vésperas das festividades de final de ano", conclui a nota da entidade das empresas de ônibus.
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