SANTA CRUZ - PENDUROU AS CHUTEIRAS

Adeus do ídolo: em despedida dos gramados, Danny Morais faz o último jogo pelo Santa Cruz

Danny Morais conquistou três títulos e um acesso pelo Santa (Foto: Antônio Melcop/Santa Cruz)

Antes de disputar a última partida como jogador profissional, Danny Morais concedeu uma entrevista exclusiva ao Diario de Pernambuco

Capitão e um dos principais ídolos da história recente do Santa Cruz, o zagueiro Danny Morais disputa neste sábado o último jogo da carreira. Aos 35 anos, o jogador anunciou a aposentadoria do futebol e se despede dos gramados contra o Botafogo-PB, pela Copa do Nordeste. Depois de seis temporadas, 177 jogos, cinco gols marcados, três títulos conquistados e um acesso à Série A, o defensor deixa o Arruda com a identificação de toda torcida tricolor.

Danny Morais relembrou momentos da carreira, história no Santa Cruz, além do planejamento sobre a aposentadoria. Depois do jogo de despedida, o zagueiro vai tirar um tempo para ficar com a família e só então vai decidir sobre o futuro. Com licença de treinador e uma formação em andamento como diretor executivo, o ídolo tricolor vai continuar no futebol. Ao final da matéria, um vídeo com o resumo do bate-papo.

EXPECTATIVA PARA O JOGO

Fiz questão que fosse dessa maneira, como está sendo, porque eu queria viver esses últimos dias, esses últimos momentos, dividir com meus companheiros, com o clube e com os torcedores. Tenho recebido muitas mensagens, muitas manifestações de carinho e eu confesso que nos últimos dias a ansiedade aumentou um pouquinho, sem dúvidas. É o último treino, último jogo, última academia... Tomei essa decisão muito pensada, baseada em muitas coisas. Quero aproveitar esses momentos com a maior satisfação e dedicação como eu sempre tive. 

DESPEDIDA

Estou encarando de uma forma leve, realmente aproveitando. Eu quero mostrar também, que existe uma maneira legal de se fazer isso, não só com brigas, saídas depois de resultados ruins. Existe uma maneira de se preparar para fazer isso de uma forma que a gente sinta menos, porque é muito difícil para um atleta tomar essa decisão. Apoiado pela minha família, apoiado em pessoas que realmente gostam de mim e me ajudaram a formular essa decisão. Eu espero que seja tranquilo, confesso que não vou jogar o jogo todo, vai ser só uma parte. 

APOIO DA FAMÍLIA

Eles adoram que eu jogue futebol, adoram o meu dia a dia. Claro que sente falta, de às vezes eu não estar no aniversário, numa data importante, mas eles gostam muito do que eu faço. Acho que foi a melhor maneira de fazer, porque eles fazem parte disso, não tenho como desassociar minha imagem deles dentro de campo, porque eles estão sempre torcendo, sempre se entregando. Foi uma maneira lúdica que a gente conseguiu de fazer isso, eu acho que não tinha maneira melhor e não quem me representasse mais. 

FINAL DA COPA DO NORDESTE

Minha esposa ficou grávida do terceiro filho e eu retornei para o Recife, ela já estava com passagem comprada e quando descobriu a gravidez, a gente estava passando por esse momento delicado aqui no Nordeste, o índice do zika vírus era alto. Pelo bem deles, ficaram em Porto Alegre. Desde janeiro até setembro fiquei longe, porque a gente estava tendo muitos jogos. E na final da Copa do Nordeste, o clube levou as famílias para Campina Grande. Minha esposa não pôde vir, mas o meu pai e minha mãe foram com o meu filho mais velho. Eu não esperava, estava concentrado, para mim foi muito especial. Fui até o estádio emocionado e comemorar esse título com eles foi uma das coisas que foi muito marcante para mim. 

CARREIRA

Eu procuro ver sempre o lado positivo, mas nem tudo é uma maravilha. Eu tive muitas dificuldades, obstáculos, mas eu procuro tirar as coisas boas. O Internacional foi o meu clube desde pequeno, cheguei com 13 anos e saí com 24, se eu não me engano. Enfrentei muitas barreiras, dificuldades na transição da base para o profissional, mas eu acho que é isso que nos prepara para hoje eu estar vivendo um momento como esse. Seguro, sabendo o que quero. De lá, fui para o Botafogo, minha primeira vez fora de casa, depois passei por Bahia, Chapecoense, Arábia Saudita e Coreia do Sul.

ESTUDO E FUTURO NO FUTEBOL

O futebol é minha vida, por isso também que desde antes eu comecei a me preparar, já faz mais de cinco anos que eu venho fazendo cursos, me desenvolvendo. Quis ver essa parte mais teórica estando dentro de campo, discordando muitas vezes de atitudes e comportamentos, jamais interferi, mas criando o meu próprio molde de pessoas, esquemas de treinamentos. Hoje eu tenho a lista de treinador da CBF, estou cursando a formação de executivo, alguns outros cursos. Eu não vou sair do futebol, sem dúvidas.

FUTURO NO SANTA CRUZ

Eu sempre tive muitas regras, muitos compromissos durante toda minha vida. Então, não estou pensando muito nisso agora, em relação ao que vai acontecer. Sobre o interesse da diretoria, sem dúvidas a gente vai conversar, ver a melhor forma que eu posso ajudar e eles possam me ajudar, se tem como fazer uma coisa que seja legal para todo mundo. Eu quero ver nossas oportunidades também, não sei com o mercado me ver, vou ficar disponível a isso. Não tenho nenhuma programação ainda, vou jogar, fazer minha despedida, aproveitar e que seja o melhor para mim, minha família e o Santa Cruz.

CONVOCAÇÃO

É a minha despedida, infelizmente não vou poder contar com o estádio cheio, mas a torcida vai estar mandando energias positivas, participando de alguma forma. O Santa Cruz vai fazer uma homenagem, vai ter um kit Danny Morais. Vai ter algumas promoções do evento, então espero que participem, mandem energias positivas. Queria agradecer a todos por esses anos de convivência, respeito e receptividade que tenho aqui no Nordeste e em Pernambuco. Por enquanto é a minha casa e eu não penso em breve sair daqui. 

DP