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domingo, 6 de junho de 2021

A VERDADE NUA E CRUA

Comissão de ética?



"Comissão de Ética da CBF afasta o presidente, Rogério Caboclo, do cargo, por um período de 30 dias. A medida é para que ele possa se defender das acusações de assédio sexual, feito por uma funcionária da entidade". A notícia repercutiu, nos meios esportivos, como uma morte anunciada. A surpresa fica por conta do acordar desta Comissão de Ética, que durante décadas se mostrou passiva, ao ficar inerte ante tantas crises morais que macularam a entidade que comanda o futebol brasileiro.

Tudo começou lá atrás, no ano de 1986, quando da eleição para escolha do sucessor do então presidente, Giulite Coutinho. Os candidatos: Medrado Dias, da situação, e Nabi Abi Chedid da oposição. Foi como se tivessem colocado lenha na fogueira para esquentar a histórica disputa entre paulistas e cariocas pela hegemonia do futebol verde e amarelo. Nunca na história da CBF se viu uma eleição tão equilibrada.

O jogo foi pesado. A eleição foi decidida por um voto, mas havia a suspeita de que o pleito terminasse empatado. Sendo assim, assumiria o candidato mais velho, como constava no Estatuto da entidade. Tal fato levou os oposicionistas, no dia da eleição, a trocarem Nabi Chedid por Otávio Pinto Guimarães, que durante muitos anos havia comandado o futebol do Rio de Janeiro. E todos brindaram a vitória de Otávio Guimarães.

Nos bastidores desta eleição, rolou de tudo, até "sequestro" de presidente de Federação, no Norte do País. O poder não tinha preço. O presidente de direito era Otávio Guimarães, mas de fato, quem mandava no futebol era Nabi Abi Chedid. Contra ele, mil acusações. O desgaste foi inevitável, abrindo espaço para o surgimento de Ricardo Teixeira, a época, apresentado como genro de João Havelange, presidente da FIFA.  

Teixeira transformou a Seleção Brasileira na sua "Galinha dos Ovos de Ouro". Foi o presidente que mais conquistou títulos para o futebol brasileiro. As conquistas serviam para empanar negócios escusos. Enquanto a bola rolava nos gramados, um mar de lama invadia os bastidores da entidade, com o aval de políticos que transformaram uma CPI em pizza, e de boa parte da mídia que se locupletava de favores. Os escândalos foram denunciados por um jornalista estrangeiro e Teixeira só foi afastado do futebol por conta da pressão da Justiça dos Estados Unidos.

Seu sucessor, José Maria Marim, que fazia parte do grupo de Nabi Abi Chedid, nos anos 80 do século passado, não teve a mesma sorte, e acabou preso na Suíça, de onde foi extraditado para os Estados Unidos. A podridão era tremenda, mas em nome de uma Copa do Mundo, o Governo Brasileiro fazia vista grossa, o mesmo acontecendo com governadores e deputados. Afinal, se tratava de uma oportunidade para provar dos ovos de ouro de uma "galinha" chamada futebol.

A Comissão de Ética dormia o sono da Bela Adormecida. O sucessor de Marim foi o advogado, Marco Polo Del Nero, cujas primeiras manchetes foram sobre suas belas namoradas. Nos corredores da CBF, a lama só aumentava. Del Nero não se segurou no cargo, e, para surpresa geral, quem assumiu o comando do futebol brasileiro, foi Rogério Caboclo, até então um mero carregador de pasta de Del Nero.

Caboclo foi seguir seu mentor, mas não tinha gabarito para ser conquistador. Dizem que foi cantar a namorada de Del Nero (fofoca de bastidores). A moça não gostou. As gravações são estarrecedoras. Tão grosseiras que acordaram os senhores da Comissão de Ética.

Ela existe e não consta só no papel. Resta saber se, com este "despertar" vamos ter o início de um novo tempo no futebol brasileiro.

 Por Claudemir Gomes*

*Jornalista

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