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quarta-feira, 30 de junho de 2021

CASO COVAXIN

O Planalto contra-ataca: as estratégias do governo para reagir às acusações do caso Covaxin

Bolsonaro e seu núcleo de ministros e assessores mais próximos: reação às denúncias dos irmãos Miranda.| Foto: Marcos Correa/PR


A desqualificação da imagem do deputado Luis Miranda (DEM-DF) e a abertura de investigação contra o parlamentar são as apostas do governo para reduzir o desgaste político que vem sofrendo no caso Covaxin. Durante e após o depoimento de Miranda na última sessão da CPI da Covid, na sexta-feira (25), senadores governistas deixaram claras as estratégias do Palácio do Planalto para reagir às supostas irregularidades no processo de compra do imunizante.

Uma delas é manter as investigações sobre Miranda e seu irmão, Luis Ricardo Miranda, servidor de carreira do Ministério da Saúde. Na última quarta-feira (28), o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Onyx Lorenzoni, afirmou que o governo enviou ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, a solicitação de abertura de inquérito na Polícia Federal.

O governo acredita que uma investigação sobre os irmãos Miranda possa dar subsídios que apontem ilicitudes ou incoerências das acusações feitas pelos depoentes. "É muito importante entender o que levou o servidor a retirar um documento do SEI [Sistema Eletrônico de Informações] para apresentar ao irmão e ao presidente [Jair Bolsonaro] se ele mesmo já sabia que o documento tinha sido corrigido", diz um interlocutor do Planalto à Gazeta do Povo.

Tão logo o erro do invoice (documento semelhante a uma nota fiscal que detalha aspectos de um contrato de importação) foi identificado, interlocutores do governo afirmam que o setor ao qual o servidor Luís Ricardo está lotado pediu a alteração.

"Por que hoje, três meses depois, com o documento corrigido, ele insiste em levar à imprensa o documento que já foi substituído? Qual o interesse dele em levar adiante uma narrativa que ele sabe ser inverídica", pondera um segundo interlocutor palaciano ao defender as investigações sobre os irmãos Miranda.

O servidor da Saúde disse ter estranhado a pressão para autorizar a importação de 3 milhões de doses da Covaxin (300 mil frascos de 5 ml cada) em meio a, segundo ele, inconsistências do invoice com o contrato. O pagamento por exemplo, previsto para ser efetuado após a entrega, pelo invoice deveria ser feito de forma antecipada.

Governo foca em desqualificação da imagem de Luis Miranda

Outra estratégia do governo é desqualificar a imagem do deputado Luis Miranda e, consequentemente, colocar em xeque as denúncias apresentadas pelos irmãos na última sessão da CPI da Covid.

O primeiro a dar o tom da estratégia foi o senador Marcos do Val (Podemos-ES), ainda na CPI da Covid, com a tentativa frustrada em mostrar um vídeo de uma reportagem do programa Fantástico, da TV Globo, sobre Miranda ter praticado supostos golpes nos Estados Unidos. A transmissão foi interrompida por não ter relação com o depoimento. Os dois discutiram no intervalo da sessão e o senador chegou a empurrar o deputado durante a discussão.

Em entrevista à rádio Jovem Pan, Marcos do Val voltou a colocar Miranda sob suspeita. "É um cara que a gente tem que dar limites, se não, a gente avança e é capaz de dizer o que nunca foi dito", disse em um primeiro momento. "Quem conhece o deputado federal, percebe que é um cara que fala demais e é pouco conteúdo", avaliou, em outro comentário.

No sábado (26), pelas redes sociais, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente nacional do partido, procurou desqualificar Miranda. "Parece que muitos já esqueceram quem é, na verdade, o deputado Luís Miranda, que se colocou ontem como paladino da justiça durante a CPI da Covid", comenta.

O senador Jorginho Mello (PL-SC), vice-líder do partido, foi outro a questionar a credibilidade das denúncias apresentadas por Miranda. "A pergunta do dia: você compraria um carro usado do deputado Luis Miranda?", disse, pelas redes sociais, na sexta-feira. Durante o depoimento, ele também entrou em rota de colisão com Miranda e os dois discutiram durante a sessão.

Por Rodolfo Costa

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