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quarta-feira, 25 de agosto de 2021

CPI DA PALHAÇADA

À CPI, sócio da Belcher diz que não tratou de vacina com Ricardo Barros

O sócio da farmacêutica Belcher, Emanuel Catori, depõe à CPI da Pandemia. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado


Empresa de Emanuel Catori atuou como intermediária na negociação com o Ministério da Saúde pelo fornecimento de 60 milhões de doses da vacina Convidecia


Emanuel Catori, , um dos sócios da farmacêutica Belcher, desmentiu, durante o início de seu depoimento à CPI da Pandemia, ter tido reunião “sem registro na agenda” no dia 15 de abril com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR). Segundo o depoente, o que houve foi uma “audiência coletiva” no ministério, por iniciativa da Frente Parlamentar da Indústria Pública de Medicamentos, coordenada por Barros, com a presença de Queiroga e de outras seis empresas além da Belcher, e que nesse dia não se tratou da vacina Convidecia.

Belcher atuou como intermediária do laboratório chinês CanSino na negociação com o Ministério da Saúde pelo fornecimento de 60 milhões de doses da vacina Convidecia ao custo de R$ 5 bilhões.

Catori traçou uma cronologia da relação entre sua empresa e a chinesa CanSino. Como representante da CanSino, por meio de uma carta de intenções, a Belcher teria se reunido em maio com o Ministério da Saúde e a Anvisa, para a venda de 60 milhões de doses. Mas em 10 de junho, alegando razões de compliance, a CanSino revogou unilateralmente a relação com a empresa de Catori — segundo ele, sem que “sequer tenha havido a primeira rodada comercial” com o ministério.

A Belcher tem sede em Maringá (PR), que já teve como prefeito o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). Outro sócio da Belcher é Daniel Moleirinho Feio Ribeiro, que é filho de Francisco Feio Ribeiro Filho, ex-diretor da Urbamar (Urbanização de Maringá) durante a gestão de Barros. Daniel Moleirinho também atuou na Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná) durante o governo de Cida Borghetti (PP), casada com Barros.

Em seu depoimento, Catori também relatou as tratativas com o grupo de empresários liderado por Luciano Hang, Carlos Wizard e Alan Eccel para a compra de 9 milhões de doses da vacina chinesa CoronaVac. Segundo ele, as doses se destinavam exclusivamente a doação, e a negociação esbarrou no acordo de exclusividade entre a fabricante chinesa Sinovac e o Instituto Butantan.

Catori conta com habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal, podendo assim ficar em silêncio e não produzir provas contra si mesmo. A decisão foi proferida pelo ministro Gilmar Mendes,

Contradição

Após o depoente afirmar que a Belcher não teve “facilitador político” para aproximação com o Ministério da Saúde, Renan Calheiros (MDB-AL) apontou contradição em relação a essas informações. O relator citou que a Belcher e o laboratório chinês CanSino assinaram termo de confidencialidade em 6 de abril de 2021. Para ele, a reunião marcada pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e com a participação da Belcher foi realizada quando a empresa já tinha interesses e todas as informações sobre a vacina Convidecia.

Catori, então, confirmou ter sido levado por Barros para reunião no Ministério da Saúde. O senador Humberto Costa (PT-PE) chamou a atenção para o fato de não existir ata da reunião e o encontro só ter sido revelado por conta de uma foto publicada nas redes sociais.

Omar Aziz logo questionou o motivo de um prefeito ter participado, já que a reunião seria destinada a empresários.

Preços

Renan Calheiros considerou “estranha” a diferença de preço da Convidecia, cuja dose custaria de 70% a mais que a da Janssen — ambas com dose única de aplicação. Segundo Emanuel Catori, o valor da dose a US$ 17 já incluiria todos os custos de entrega no Brasil, como frete e logística, o que, de acordo com ele, não estava previsto nas tratativas com a Janssen.

Ricardo Barros

Questionado sobre sua relação com o empresário e com a Belcher, Barros afirmou que é amigo pessoal de Francisco e Daniel, mas negou que tenha participado de reuniões no Ministério da Saúde para facilitar a venda da vacina para a pasta.

“Eu não facilitei, não participei. Eventualmente, se solicitado, posso ter buscado auxiliar não só a Belcher, mas todos os que me procuraram”, disse Ricardo Barros em seu depoimento no dia 12 de agosto.

(Com informações da Agência Senado)

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