GIF Patrocinador

GIF Patrocinador

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

CRIMES FAMOSOS

O dia em que Paschoal Pacheco matou Inacinho


Paschoal Eugênio Pacheco, filho de Diva e Plínio Pacheco, estava cheio de dívidas quando armou um diabólico plano para conseguir dinheiro. No dia 1º de dezembro de 1990, decidiu, depois preparar o plano por semanas, sequestrar um amigo de infância para, com o dinheiro do resgate, saldar os débitos. O alvo foi José Inácio Cavalcanti da Silva, de 24 anos, o “Inacinho”, filho do prefeito de Brejo da Madre de Deus, José Inácio da Silva, e Maria Luiza.

Era primo de Bruno Araújo. Para ajudá-lo, convocou José Aparecido dos Santos, conhecido como Dido, funcionário da fazenda do seu pai. Foi um dos crimes cometidos em Pernambuco que teve maior repercussão, inclusive na mídia nacional, por envolver pessoas de famílias muito conhecidas. E pela sua brutalidade.

Inacinho naquele sábado foi assistir a um casamento. Depois, deixou a noiva Ana na sua casa na Ilha do Retiro e foi para a “Planet Pão”, a lanchonete da moda, na Avenida Conselheiro Aguiar, em Boa Viagem. Paschoal Pacheco, que vinha seguindo o amigo, ao encontrá-lo disse que seu carro tinha sido roubado e pediu para ajudá-lo a achar o veículo. Inacinho decidiu acompanhar o amigo, que estava com o comparsa Dido, seguindo até o Terminal de Passageiros, o TIP, no Curado.

No meio do caminho, o Dido deu um tiro na cabeça de Inacinho, que morreu na hora. Os dois seguiram até a fazenda do pai de Paschoal, no Brejo da Madre Deus, junto da cidade-teatro em que é encenada anda a Paixão de Cristo de Fazenda Nova, onde enterraram o corpo. E Paschoal telefonou para a família de Inacinho pedindo um resgate de 10 milhões de cruzeiros, a moeda da época.

Como não chegou em casa, no início da manhã, a família de Inacinho começou a procurá-lo e acionou a Polícia, depois de receber telefonema pedindo um resgate. Num gesto da maior frieza, Paschoal, que tinha voltado ao Recife, visitou a família da vítima e se ofereceu para angariar dinheiro para ajudar no resgate. Dinheiro que iria para ele.

O caso foi para o Grupo de Operações Especiais, o GOE, criado recentemente e tinha o primeiro caso de sequestro no Estado na época. A operação foi comandada pelo diretor de Polícia Civil, Antônio Carlos Cavendish, e os delegados César Urach, Djalma Raposo e Cláudia Molina.

Os policiais chegaram ao acusado porque no dia em que o pagamento do resgate seria feito, já com Inacinho morto, viram um carro passando devagar pelo local e identificaram a placa 9490 do Escort, como sendo o de Paschoal Pacheco, o mesmo que ele usou para cometer o crime. Um erro, digamos fatal, comprovando a tese que nenhum crime é perfeito. Mas alguns são e os autores nunca são conhecidos.

Paschoal Pacheco foi preso e encaminhado para o Presídio Militar de Paratibe, onde ficou apenas dois anos, protagonizando uma fuga cinematográfica, em 26 de julho de 1992, quando o sargento da Polícia Militar José Victor Tadeu da Costa Alecrim foi morto. Seguiu então para a cidade de Aruanã, em Goiás, a 300 quilômetros de Goiânia. Viveu lá, com identidade falsa, durante seis anos. Dizem que recebendo, escondido, ajuda dos familiares.

Acabou preso, em 1998, numa operação do Serviço de Inteligência da Polícia Civil de Pernambuco, com a ajuda da Polícia de Goiás. O Governo do Estado fretou um avião para ir buscar o fugitivo, numa operação comandada por Tancredo Loyo, que era o diretor de Polícia Civil. A exemplo do crime, sua prisão ocupou por vários dias as principais páginas dos jornais do Recife. Submetido a júri popular, Paschoal foi condenado a 38 anos de prisão. Morreu quando cumpria a pena.


 Da coluna de João Alberto

Nenhum comentário:

Postar um comentário