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domingo, 15 de agosto de 2021

POLÍTICA BRASILEIRA

Verdades e conflitos



O poeta Vinicius de Morais, através do  Dia da Criação  nos ensina que "Porque hoje é sábado... Não há nada como o tempo para passar"...

E porque hoje é sábado, estava deitado na rede, absorto numa leitura, quando o jardineiro do vizinho se aproximou com o seu celular e colocou uma gravação para eu ouvir, no que indagou: "Quem é esse?"

- Roberto Jefferson, ex-deputado que foi preso pela Polícia Federal. Respondi.

Minhas palavras chegaram aos seus ouvidos como aprovação para um desabafo. Ao seu jeito, com um vocabulário restrito, mas cheio de verdades, ele falou por quase cinco minutos, sem dar trégua. Não quis ouvir minha opinião, e encerrou o monólogo com uma exclamação forte:

"Eita política do cranco!"

Cranco é uma interjeição muito usada no Agreste Pernambucano, uma derivação da doença Cancro Venéria. Normalmente a palavra é usada em expressões negativas.

De imediato lembrei da advertência feita por Dom Helder Câmara: "Você pensa que o povo não pensa, o povo pensa!".

E após ler os brilhantes artigos de José Nivaldo Junior - Democracia Já - e de Edgar Moury Fernandes - STF normaliza o absurdo - publicados na última edição do jornal, O Poder, que tem feito o jornalismo com verdade e imparcialidade, como se espera de um veículo de comunicação sério, chegamos a conclusão de que esticaram a corda demais, e o risco de ela se romper é iminente.

De um lado, um presidente que peca por palavras, atos e omissão, que parece fazer mais estragos que um macaco solto numa loja de decoração, mas que soube utilizar as redes sociais para devolver a força da Direita que se vestiu de verde e amarelo, tomou as ruas e transformou um político, até então perdido na sua mediocridade, num fenômeno. Mito!

Do outro lado, um ex-presidente que parece mais um discípulo de "Ali Babá", mesmo sem discurso convincente, desperta o seu exército vermelho, fiel e ensandecido por uma crença ideológica cega.

Aliás, do lado de lá, e do lado de cá, direita ou esquerda, como queiram, a alienação é uma plataforma inquebrantável, fato que não deixa de ser surpreendente quando se vivencia a era da comunicação, onde se recebe um montante absurdo de informações, de forma constante e permanente.

O STF, que seria o fiel da balança, guardião da Democracia, passou os pés pelas mãos, como nos mostram os mestres da ciência política, e da ciência do Direito. Os ministros do Supremo Tribunal Federal "rasgaram" a Constituição, chutaram todos os direitos, só não deram socos e pontapés, como os antigos coronéis, mas mandam prender os que se contrapõem as suas verdades.

Pelo andar da carruagem, a julgar pela reação popular que se expressa nas ruas, o STF acabará se transformando no maior cabo eleitoral do governo nas próximas eleições.

As dificuldades do momento foram acentuadas por todos os transtornos trazidos pela pandemia do Coronavírus. O Brasil, que sempre foi colorido e alegre, de repente ficou cinza e triste, marcado pela radicalização e intolerância de um povo cujo DNA tem as marcas do bom humor e da gentileza.

Ao ex-presidente francês, Charles de Gaulle, que nos anos 60 amargou revolta e protestos das classes estudantil e trabalhadora, e que, surpreendentemente, logo após os movimentos que despertaram a atenção do mundo foi reconduzido ao cargo, é atribuída a frase: "O Brasil não é um país sério".

Diante desta zorra estou quase me rendendo a "verdade" do General.

Afinal, como diria Sasá Mutema (personagem de novela da Globo): "Meninos eu vi!". 

Nada é deletado quando se é testemunha da história.

Porque hoje é sábado - Dia da Criação - fico com o desabafo e a irreverência de um jardineiro fiel as suas convicções.

Eita cenário do cranco!


 Por Claudemir Gomes*

*Jornalista

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