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segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

SOCIEDADE ANÔNIMA NO FUTEBOL

Pernambuco diante do 'fenômeno' da SAF: o que pensam os dirigentes do estado

Investimento do 'Fenômeno' no Cruzeiro abriu leque no Brasil (Foto: Divulgação/Cruzeiro)



Após o investimento milionário de Ronaldo no Cruzeiro, assunto entrou em pauta nos bastidores de diversos clubes país afora


Ao adquirir 90% das ações do Cruzeiro, o ‘fenômeno’ Ronaldo estremeceu as estruturas do mercado da bola e abriu espaço para outros clubes tradicionais do país colocarem em pauta a adequação ao modelo de Sociedade Anônima de Futebol (SAF). Entre eles, Coritiba e Chapecoense, que tiveram, nesta última semana, votações entre sócios e conselheiros para aprovar a transformação das centenárias agremiações em SAF. 

Mas como se posiciona Pernambuco diante desse cenário? Do Litoral ao Sertão, não é novidade a existência de clubes-empresa no estado. Os exemplos mais recentes são os ‘caçulas’ Caruaru City e Retrô, que contam com investimento milionário de empresários. O modelo de futebol proposto por eles, no entanto, não se encaixa no conceito de SAF. Afinal, são controlados por um único ‘mecenas’ que detém a totalidade do clube.

No panorama do Trio de Ferro, a esfera é ainda mais distante. Os três times mais importantes do futebol pernambucano foram construídos com o modelo patrimonial. Ou seja, não são voltados apenas ao futebol, mas operam como ‘clubes-sociais’ - e isso tem um alto custo aos cofres de Sport, Santa Cruz e Náutico. Além disso, contam com gestões escolhidas democraticamente pelos associados.

Presidente da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), Evandro Carvalho revelou, em contato com a reportagem do Esportes DP, sobre o projeto de implementação da sociedade-anônima no futebol do estado. Para tal, porém, é necessário, segundo o mandatário, reformar os estatutos dos clubes recifenses.

“Essa história da SAF estamos trabalhando há dois anos e não é novidade, vigora desde 2002. Nós não vamos conseguir formar uma SAF com nosso modelo de estatuto, em que o torcedor vota e elege o presidente. A Red Bull antes de assumir o Bragantino pensou em clubes do Nordeste, entre eles o Santa Cruz”. 

“Mas não tem como fazer, porque são clubes que o torcedor vai lá e tira o presidente por um resultado ruim em campo. Um modelo desse jamais terá um patrocinador que compre o clube. Ele pode ser a solução para qualquer equipe, desde que o estatuto seja modificado”, contou o presidente da FPF.

Apesar disso, os gestores de Sport e Santa Cruz enxergam com bons olhos a possibilidade de implementação do modelo de sociedade anônima nos clubes num futuro próximo. O presidente em exercício do Leão, Yuri Romão, utilizou o exemplo do modo de operação das ‘startups’ como alegoria para explicar como funcionaria o investimento a partir de associações com empresários.

“Converso bastante e a gente comunga dessa estratégia de ter algumas parcerias. Se o clube tem dinheiro e condições de montar uma estrutura só, por que não monta uma parceria? Mas não tem. Então, vamos arrumar quem possa (investir). A lógica é a mesma de uma 'startup’”. 

“O que adianta você ter uma 'startup' de tecnologia se você não tem o dinheiro para colocá-la para frente? Aí você é dono de 100% da 'startup', vem um cara e põe um caminhão de dinheiro nela. Daí a 'startup' vai lá para frente e o investidor fica com 50% do negócio. É melhor ter 50 aqui ou nada ali? A lógica é essa. Mas eu preciso convencer ou ser convencido do contrário”, disse o atual mandatário rubro-negro.  

Já o presidente do Santa Cruz, Joaquim Bezerra, conta que o primeiro passo para se converter em uma sociedade anônima é, evidentemente, se tornar atrativo aos investidores. "Nenhum empresário vai investir no clube se não houver governança dentro dele. E essa questão de virar clube-empresa ou não é muito complexa e tem que ser analisada com cuidado, porque é irreversível", disse.
 
 
Valor investido por Ronaldo no Cruzeiro

- R$ 400 milhões (2021)

Valor investido pela Red Bull no Bragantino

- R$ 45 milhões (2019)

Outros clubes que se tornaram SAF em 2021 (principal acionista)

- Cuiabá (Dresch)
- Botafogo-SP (60% pelo próprio clube e 40% pela Trex Holding)
- Athletic-MG (V2 Participações, 49%)
- Noroeste-SP (empresário Reinaldo Mandaliti)

Clubes que pretendem virar SAF em 2022
 
- Botafogo-RJ
- América-MG (Kapital Football Group)
- Vasco
- Coritiba
- Chapecoense
- Gama
- Athletico
- Joinville
- Paulista

Eduardo Parin

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