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terça-feira, 25 de janeiro de 2022

CORONÁVIRUS

OMS indica que fase crítica da pandemia pode acabar neste ano

Foto: Noel Celis / AFP


A fase aguda da pandemia da Covid-19 pode acabar ainda em 2022, prevê a Organização Mundial da Saúde (OMS). Para isso, recomendam os especialistas da agência das Nações Unidas, os países não devem ficar de "braços cruzados". Precisam lutar contra a desigualdade vacinal, aplicar restrições adaptadas e não desmerecer a capacidade do Sars-CoV-2 de se adaptar. Nesse sentido, a variante Ômicron não pode ser encarada como a última variante do coronavírus nem como a responsável apenas por formas mais leves da doença, alertam.

"Podemos acabar com a fase aguda da pandemia este ano, podemos acabar com a Covid-19 como emergência sanitária mundial (o nível de alerta mais alto)", declarou, ontem, Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da instituição, durante a abertura do comitê executivo da OMS, que se reúne, semanalmente, em Genebra. Segundo ele, a cobertura vacinal mais igualitária é condição essencial para a saída da crise sanitária.

A expectativa da ONU é de que, em meados de 2022, 70% da população mundial esteja vacinada, e a agência de saúde tem pedido às autoridades que ajudem no cumprimento da meta. Porém, metade dos 194 estados-membros da OMS não alcançaram o objetivo estabelecido para o fim de 2021: chegar a 40% da população vacinada. Na África, por exemplo, 85% da população recebeu apenas uma dose dos imunizantes disponíveis.

Também desperta cada vez mais a atenção dos especialistas da OMS a forma como os países têm lidado com a variante Ômicron e os efeitos causados por ela. Segundo Ghebreyesus, apesar da sensação de que se trata de uma cepa mais leve, na semana passada, uma pessoa morreu a cada 12 segundos no mundo devido à doença, e, a cada três segundos, foram registrados 100 novos casos de infecção.

"Existem diferentes cenários de como a pandemia pode se desenrolar e como a fase aguda pode terminar, mas é perigoso supor que a Ômicron será a última variante", alertou. Segundo ele, as condições no mundo são "ideais" para que surjam novas variantes, inclusive mais transmissíveis e virulentas. "É verdade que viveremos com a Covid-19 (...), mas aprender a viver com ela não deve significar que temos que deixar o caminho livre. Não quer dizer que temos que aceitar que 50 mil pessoas morram toda a semana devido a uma doença que podemos prevenir e nos recuperar", enfatizou.

Eliana Bicudo, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), também acredita que a convivência com a Covid será duradoura. "Essa expectativa de evolução viral, com a superação da fase mais grave da pandemia ainda este ano, ocorre porque teremos muitas pessoas com regime de imunização completo, com duas, três e, possivelmente, quatro doses de vacina até o fim de 2022. Mas, ainda assim, vamos conviver com esse vírus e suas variantes por muitos anos, possivelmente para sempre", diz.

A especialista brasileira lembra que há países com um número reduzido de imunizados, o que ameaça o cenário traçado pela agência da ONU. "Tudo depende dessa taxa mundial. Só vamos passar dessa fase aguda quando tivermos grande parte do globo protegido, porque é isso que vai evitar o surgimento de novas cepas. Só assim iremos para um estágio novo, em que também será mais fácil lidar com a doença", afirma.

Europa
Diretor da OMS para a Europa, Hans Kluge já havia traçado um cenário promissor para a região. Segundo ele, especialistas preveem que 60% dos europeus vão contrair a nova variante até março e que, com isso, a urgência sanitária começará a enfraquecer. "É plausível que a região esteja se aproximando do fim da pandemia", declarou, no domingo, à agência de notícias France-Presse (AFP).

Kluge também pediu cautela aos países, considerando a versatilidade do coronavírus. Ele lembrou que o continente não está em uma "fase endêmica" da doença. "Endêmico significa (...) que podemos prever o que vai acontecer. Esse vírus surpreendeu mais de uma vez. Então, temos que ter cuidado", insistiu.

Na mesma linha, o assessor da Casa Branca para o combate à pandemia nos Estados Unidos, Anthony Fauci, declarou, também no domingo, que pode haver uma "virada" na situação no país, com redução do número de casos. Na semana passada, Fauci declarou que "é muito pouco provável" que o coronavírus seja erradicado, mas acredita ser possível controlá-lo "a certo nível" pela vacinação e pelo efeito de uma população já infectada que "apresenta suficiente imunidade de baixo nível".

Danos um ano depois da UTI
Grande parte dos sobreviventes da Covid-19 que foram assistidos em uma unidade de terapia intensiva (UTI) apresentou sintomas da doença um ano após a internação. Cientistas holandeses ouviram relatos de danos físicos, cognitivos e mentais de 246 pessoas com esse perfil, além de queixas sobre prejuízos no trabalho.

Os voluntários, com 61 anos, em média, estiveram em tratamento intensivo, entre março e julho de 2020, e responderam a um questionário sobre o estado de saúde 12 meses depois. Constatou-se que 75% apresentaram problemas de saúde. Foram registrados principalmente problemas físicos, com metade dos pacientes experimentando fadiga, dores, fraqueza muscular e falta de ar.

"Também registramos sintomas mentais, com um em cada cinco sobreviventes de UTI relatando sentimentos de ansiedade ou estresse pós-traumático. Além disso, um em cada seis tinha problemas cognitivos, como de memória ou atenção", detalha, em comunicado, Marieke Zegers, pesquisadora do centro médico da Universidade Radboud e principal autora do estudo, publicado na última edição da revista especializada Jama.

Quanto aos impactos na profissão, mais da metade dos participantes indicou ter problemas relacionados ao emprego causados pelos transtornos de saúde pós-Covid, como redução da jornada de trabalho, licença médica estendida e até desistência do trabalho. Os autores avaliam que mais pesquisas precisam ser feitas para aprofundar o entendimento sobre os efeitos a longo prazo da infecção pelo Sars-CoV-2.


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