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quarta-feira, 29 de junho de 2022

BRAÇO AMPUTADO

Nove meses depois, jovem que perdeu braço em acidente faz vaquinha por prótese; saiba como ajudar

Ewerson Pedro, hoje com 17 anos, sonha em ter a prótese do braço direito                                                                                                                                                                      - Foto: Arthur de Souza/Folha de Pernambuco


"Tem que achar esperança para continuar", diz Ewerson Pedro, que segue com sessões de fisioterapia e atendimento de diversos médicos



Era a manhã de 24 de setembro de 2021 quando a vida de Ewerson Pedro Ferreira da Silva, hoje com 17 anos, começou a ficar por um fio. O estudante ia para a escola em um ônibus quando o veículo bateu em um poste, em Olinda. Ewerson estava cochilando na última fileira do coletivo com o cotovelo para fora da janela. Ele não conseguiu evitar o impacto e acabou perdendo o braço direito.

O garoto passou 32 dias internado no Hospital da Restauração, no Recife, e chegou a sofrer uma parada cardíaca de seis minutos. O braço direito dele inclusive chegou a ser reimplantado, mas o procedimento não deu certo. Após travar uma batalha pela vida, Ewerson deixou o hospital em 26 de outubro de 2021.

Agora, nove meses depois do acidente, entre sessões de fisioterapia e as aulas no curso técnico de Multimídia, Ewerson Pedro passa pelas etapas da reabilitação e tem mais um sonho que deseja realizar: o de conseguir uma prótese para recuperar a possibilidade de fazer atividades do dia a dia com um pouco mais de independência. 

“Eu vou ter um apoio na minha vida o tempo todo”, afirmou Pedro à Folha de Pernambuco sobre a prótese. Com a ajuda da estudante de Fisioterapia Maria Vitória, que acompanha o caso do garoto há dois meses, foi aberta uma campanha de arrecadação para a compra da peça. Até a publicação desta reportagem, a vaquinha contava com 78 apoiadores e uma arrecadação de pouco mais de R$ 3,2 mil.

A meta da campanha é juntar R$ 200 mil. “A prótese pode ser totalmente mecânica ou funcional. A funcional está em torno de R$ 150 mil a R$ 200 mil e a totalmente mecânica, R$ 500 mil”, detalhou Maria Vitória. Com o dinheiro da campanha, será comprada a prótese funcional. O equipamento, que simula o braço direito, vai fazer com que ele pratique atividades como escrever e escovar os dentes com o lado direito do corpo, que usava antes.

A estudante diz que, com a prótese, Pedro precisará passar por um processo de reaprendizado. ”Ele vai ter funcionalidade na mão direita, que ele perdeu. Ele vai poder escrever com a direita novamente, vai poder comer normalmente, escovar o cabelo, escovar o dente, como ela fazia com a direita. Tudo o que ele fazia antes”, completou Maria Vitória.

A vaquinha para Pedro pode ser acessada neste link. É possível também contribuir via Pix, com a chave 2939302@vakinha.com.br

Fisioterapia
O tratamento na fisioterapia vem sendo fundamental para a recuperação de Ewerson Pedro. “A equipe do HR me encaminhou para fazer fisioterapia. No começo, eu estava com os membros fracos, não conseguia ficar em pé, não tinha força nenhuma no corpo. A fisioterapia me ajudou a ter força no corpo. O atendimento, principalmente de Vitória, é muito puxado”, contou o estudante.

A estudante conheceu Pedro no Centro de Reabilitação de Olinda (CRO), onde fazia estágio de fisioterapia. Ele foi seu primeiro paciente amputado e demandou maior atenção. “Até então, eu não sabia a história de Pedro. E veio um menino de 16 anos para mim e de cara a mãe dele me mostrou o braço, as cicatrizes. Quando ele me contou a história, eu fiquei comovida, não só com o lado fisioterapêutico, mas também pelo lado humano dele: um menino de 16 anos com muitos sonhos pela frente”, lembra.

Entre as atividades da fisioterapia, estão práticas ligadas ao dia a dia de Pedro, como corridas, agachamentos e treinos parecidos aos do futebol. “Outra parte era o fortalecimento do côto, porque para uma prótese ele precisava fortalecer para que a musculatura se adaptasse”, completa Maria Vitória.

Nova rotina
Pedro voltou à escola e segue com o apoio dos pais e da irmã mais nova
. “Está indo tranquilo na escola, mas a escrita está um pouco devagar. Eu ainda tenho que ter o apoio da mão direita para apoiar a folha. Alguns professores ajudam. Em casa, meus pais copiam no caderno para mim”, detalhou o jovem.

Uma rede de apoio se formou em torno do estudante e ele demonstra gratidão: “Eles buscam ter o meu melhor na minha vida”. Ele ainda cita que, apesar de a vida ter mudado “completamente”, prefere seguir em frente. “Minha vida mudou completamente, eu tenho um membro perdido, mas eu busco não ter dificuldades na minha vida. Deus que me trouxe para o mundo de volta, porque Ele tinha um planejamento para minha vida”, acrescentou. Para o futuro, Pedro diz buscar ter felicidade e um bom emprego.

Apesar do acidente, Ewerson Pedro segue fazendo diariamente o mesmo trajeto e usando a mesma linha de ônibus para ir ao colégio. “Eu tenho que enfrentar os meus medos. Mesmo no HR eu já falava: vou pegar ônibus, não estou com trauma nenhum não. E foi o que eu fiz. Primeiro dia de aula, peguei o ônibus e fui lá: tranquilo, sem estresse”, afirma o jovem.

“Você não pode desistir, tem que achar esperança para continuar e mostrar para Ele, que está lá em cima, que pode conseguir”, finalizou Pedro ao deixar uma mensagem que resume sua história.

Recuperação e futuro
O caso de Pedro segue em trâmites judiciais, segundo seu pai, o instrutor de auto-escola Ewerton Gomes Ferreira. “A empresa nunca entrou em contato desde o acidente. Está correndo judicialmente, está em processo. As partes já foram ouvidas e agora é só esperar o juiz responder o caso”, contou.

A mãe do jovem, a dona de casa Lucimery Maria da Silva diz que Pedro é um menino “muito tranquilo” e que “quer ver todo mundo bem”. “Depois do acidente, a gente sentiu ele mais um pouco pensativo. Ele fica mais na dele e quando a gente pergunta o que que está acontecendo, ele diz ‘nada não’, mas a gente sabe. Estamos vendo que ele é um menino bem firme e tem uma mente bem tranquila”, falou, acrescentando que repete uma frase sempre usada pelo filho: “Vida que segue”.

“Ele deixou uma lição de vida muito bonita, aprendi muito com ele. Porque eu acho assim que se fosse comigo assim eu acho que eu não não esperava não e eu vejo que ele supera tudo. Ele está ele está conseguindo superar tudo mesmo graças a Deus. E essa força vem de Deus”, completou a mãe.

Pedro agora segue sendo atendido por uma série de profissionais, além da fisioterapia. Ele tem consultas rotineiras com psicólogo, cardiologista, nefrologista, pneumologista, dentista e ortopedista. “A evolução dele está muito grande. É uma recuperação assim que até os próprios médicos ficam admirados”, acrescentou a mãe. 

Para o futuro, o pai espera o melhor para Ewerson Pedro. “Eu quero que ele tenha um futuro bem melhor, um futuro promissor, que ele se dê bem no trabalho, a família que ele construirá daqui para lá”, disse. A irmã Maria Eduarda, de 12 anos, deseja “coisas bonitas para a vida dele” e prometeu ajudá-lo nesse processo.

O que diz o Conorte
A reportagem entrou em contato com o Conorte, empresa responsável pela operação do ônibus envolvido no acidente, para saber sobre ajuda a Pedro e sua família. Não houve retorno até a publicação.

Por Fabio Nóbrega

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