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segunda-feira, 18 de julho de 2022

NÁUTICO - DESPEDIDA

Roberto Fernandes se despede do Náutico e lamenta demissão: 'já tínhamos virado a chave para uma campanha segura'

Técnico encerrou sua quinta passagem pelo Timbu (Foto: Rafael Vieira/DP Foto)


Agora ex-treinador do Timbu citou os problemas por desfalques e lembrou do título pernambucano


Um dia depois da sua quinta saída do Náutico, Roberto Fernandes publicou um longo texto se despedindo do clube. O principal ponto do técnico foi a dificuldade por causa dos constantes desfalques nas competições. Por outro lado, o profissional relembrou o título do Campeonato Pernambucano de 2022 e de ter atingido a marca de 202 jogos sob o comando do time, se tornando o segundo comandante com mais partidas pelo Timbu, ficando atrás apenas de Palmeira, que esteve à frente da equipe entre 1950 e 1960, com 221.

Logo no início da carta, o agora ex-treinador do time alvirrubro fez questão de citar o difícil cenário que encontrou em sua última chegada. “Acudi ao clube num momento de dificuldade, em que poucos atenderiam ao chamado. Encontrei um grupo em jejum de vitórias e ha 5 partidas sem sequer marcar gols, juntos, atletas e comissão técnica conseguimos contornar o cenário, trazendo mais um Titulo de Bi-Campeão Pernambucano, fato ocorrido em apenas 5 vezes na história do clube e há 20 anos sem essa conquista”.

O técnico também voltou no tempo e falou sobre a campanha realizada na Série A de 2007, quando pegou o Náutico na zona de rebaixamento e conseguiu a permanência por causa de boas atuações e uma sequência de cinco vitórias seguidas. Atribuiu como diferença entre as duas passagens o fato de não ter perdido jogadores naquele ano.

Por fim, Roberto projetou uma recuperação na Série B caso tivesse tido chances de utilizar os volantes Souza e Jobson, além do lateral Thiago Ennes, novas contratações do clube, que só podem atuar a partir do jogo de quarta-feira, contra a Ponte Preta, porque a janela de transferências abriu nesta segunda-feira. 

O comandante se despede do Timbu com cinco vitórias, seis empates e sete derrotas em 18 confrontos. São apenas 38% de aproveitamento, deixando a equipe na zona de rebaixamento da Segundona.

Veja a íntegra da carta de despedida de Roberto Fernandes

Terminou minha 5ª passagem pelo Náutico. Assim como na primeira, em 2007, e em todas as outras que vieram posteriormente, acudi ao clube num momento de dificuldade, em que poucos atenderiam ao chamado. Há um risco implícito nessas missões que jamais me abstive de tomar. Encontrei um grupo em jejum de vitórias e ha 5 partidas sem sequer marcar gols, juntos, atletas e comissão técnica conseguimos contornar o cenário, trazendo mais um Titulo de Bi-Campeão Pernambucano, fato ocorrido em apenas 5 vezes na história do clube e há 20 anos sem essa conquista. Foi um grande trabalho de recuperação do moral de um elenco que havia sucumbido em todos os desafios vividos até então na temporada, e os atletas tiveram muito mérito para num intervalo de 7 dias vencer Operário e CRB, pela Série B, e a decisão com o Retrô que nos deu o título na Arena.

Na Série B, o patamar vivenciado hoje pelo Náutico não difere do patamar que o clube habita desde o retorno da Série C. A campanha de 2020 foi de briga contra a queda do início ao fim, e em 2021, embora o clube tenha feito um 1o turno belíssimo, tbm viveu um momento tendo apenas uma única vitória em 13 jogos. Essa era a realidade também anterior a minha chegada, com duas derrotas em dois jogos. Sob meu comando, reconheço que os números destoam daqueles alcançados em outras passagens, com o adendo de que o aproveitamento de 37,5% obtido desde a minha estreia na 3ª rodada era superior ao do 14º colocado.

Essa é uma colocação em que o Náutico poderia facilmente estar. A pontuação das últimas rodadas poderia ter sido bem mais expressiva – os erros da arbitragem em Tombos, o pênalti do jogo do Criciúma e a chance clara desperdiçada minutos antes da virada da Chapecoense representam 6 pontos que, se conquistados, deixariam o Náutico na primeira metade da tabela. São detalhes que fazem parte do futebol, e estou nesse jogo há bastante tempo para saber que não se deve negligenciá-los. Quando conspiraram a meu favor, as coisas foram diferentes, incluindo no próprio Náutico.

Na campanha da Série A de 2007, assumi o time na 9ª rodada e ao fim da 24ª rodada éramos o 19º colocado. O Náutico evoluía jogo a jogo, mas os resultados não vinham. Entre a 19ª e a 23ª rodada tivemos 5 jogos com 4 derrotas e 1 empate. Nos davam como rebaixados. Vieram as 5 vitórias consecutivas, até hoje a maior série de vitórias de um clube do Nordeste na Série A de pontos corridos, e finalizamos o turno como 8ª melhor equipe. Qual a diferença entre o trabalho de 2007, e este que foi encerrado ontem? Não perdi jogadores. Cheguei com uma estrutura de elenco que redesenhei, reposicionando Daniel Paulista, Acosta, entre outros. Progressivamente recebi Eduardo, Radamés e Geraldo, esse último estreando na última rodada do 1º turno. Era a peça que faltava. Com ele encaixamos e escapamos com uma rodada de antecedência.

No contexto de Série B, em 2013, no ABC, perdi 6 dos 9 primeiros jogos, e com sequência e reforços veio uma série de 6 vitórias consecutivas em que batemos o campeão (Palmeiras), o vice-campeão (Chapecoense) e o Joinville que disputou acesso. Vencemos também as outras duas equipes que subiram, Sport e Figueirense.

Lamento pela interrupção do trabalho pois sei que já havíamos virado a chave para termos uma campanha segura, e sem dúvidas, o incremento técnico trazido pela leva recente de reforços seria a peça que faltava para materializarmos os resultados. Não me isento de responsabilidade, mas sei o que consegui fazer em condições progressivamente limitadas, perdendo jogadores para o mercado e para o departamento médico com uma incidência raramente vista num trabalho de 3 meses. Sei também o quanto seria capaz de fazer com um elenco mais robusto à disposição.

Desejo sucesso ao meu sucessor na missão de resgate que se inicia na quarta e agradeço a torcida alvirrubra por mais essa jornada juntos. Apoio não faltou e fico feliz de ter cravado ainda mais meu nome na história do clube. AVANTE!:

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