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sábado, 10 de setembro de 2022

SANTA CRUZ - FUTEBOL FEMININO

Ex-treinador do feminino do Santa Cruz fala sobre fim do time: 'Não houve respeito'


Cristiano Recife e jogadoras que estavam no elenco Tricolor (Foto: Léo Albertim/SCFC)


O Santa Cruz anunciou em fevereiro deste ano a reabertura do departamento de futebol feminino do clube, criando um projeto próprio e prometendo uma valorização digna para a categoria. Mas isso não aconteceu. Procurado pela reportagem , o treinador Cristiano Recife, que estava no processo desde o seu início, desabafou sobre o caso.

“O projeto acabou já faz quatro meses, mas até então a gente ficou calado. Porque eu tive a esperança de voltar e acontecer de verdade”, disse o ex-comandante. 

Segundo o ex-treinador, Lozymayer Renato, diretor de competições amadoras, o ex-CEO Abdias Venceslau e alguns conselheiros eram apoiadores do projeto do time feminino, enquanto o presidente Antônio Luiz Neto não demonstrou interesse em sua continuidade. “O futebol feminino não tinha a moral de treinar no Arruda, parece que é exclusivo para o time profissional masculino. As meninas raramente conseguiam treinar no CT, tendo que treinar no CT do Unibol em Paulista ou em um campo de Igarassu. Renato e Abdias lutaram muito e merecem todo respeito do futebol feminino. Já a hierarquia maior, que é o presidente, foi ele mesmo que taxou que não teria ajuda para o futebol feminino”, afirma Cristiano. 

Cristiano Recife, que deixou Íbis após receber o convite do Tricolor do Arruda, disse ter feito até mesmo cálculos para um possível orçamento, que acabou não sendo levado adiante. “Eu fiz um cálculo baixo, para pelo menos dar uma ajuda de custo de R$ 600, que no total, contando até a comissão, não chegaria a R$ 19,000 mensais. O que é esse valor hoje dentro do Santa Cruz? Que paga jogadores ganhando R$ 40,000 por mês”, questionou o treinador. 

Ele ainda comentou sobre as condições que algumas jogadoras, principalmente as que vinham de outros estados, passavam. “Ficava difícil a gente manter uma equipe feminina. Por mais que a gente queira manter uma equipe feminina a baixo custo, as meninas que vem de fora precisam de uma ajuda de custo. Precisam comprar pasta de dente, absorvente, itens de higiene básica. Então não era conveniente manter as meninas fora de casa para fazer elas sofrerem. Isso é injusto. Não gastam 1% do orçamento do masculino com o feminino”, desabafou Cristiano. 

Sem perspectivas de melhora, o treinador, que já é procurado por outras equipes, elogiou bastante o elenco e defendeu que o time feminino não era um custo, e sim um investimento para o clube. “O time feminino do Santa Cruz esse ano era uma promessa. Tinha um timaço para conseguir títulos e ir para o Brasileiro. Mas a gestão de Antônio Luiz Neto não deixou isso. Essa é a verdade. O time feminino não é gasto, é investimento. Se você fizer um investimento, um planejamento, um ano chega na A3 do Campeonato Brasileiro, no próximo pode chegar na A2, A1, se classificar para uma Copa do Brasil. Porém, tem que existir esse investimento. E o Santa Cruz não tem esse respeito pelo futebol feminino”, finalizou Cristiano Recife. 

DP

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