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quarta-feira, 28 de setembro de 2022

SANTA CRUZ - VIDA DEDICADA AO TRICOLOR

Histórias que se misturam há 101 anos: Dona Milene e o Santa Cruz

Dona Milene é um símbolo de lucidez para os que a conhecem (Foto: Sandy James/ESP. DP)


Aos 101 anos, Dona Milene compartilhou suas lembranças numa verdadeira viagem pelo tempo


“Pelo Santa Cruz eu não desisto nunca, vou até o fim”. O discurso singelo contrasta com a alegria de viver de Dona Milene, aos 101 anos recém-completados, e torcedora fanática da Cobra Coral. “Aqui em casa, quando vêm me visitar, eu pergunto logo o time. Eu não gosto muito de sorrir, mas se o meu Santinha ganha, ah... É só alegria. Eu faço a festa”, continuou, enquanto se debruçava na sua história, que, de certa forma, se mistura à do próprio clube. 

Para se ter uma ideia, ela testemunhou o primeiro título do Mais Querido, quando venceu o Campeonato Pernambucano de 1931 após vitória por 2 a 0 sobre o Torre, na Jaqueira. Em seguida, veio o tricampeonato, em 1932 e 1933, derrotando os também extintos Íris e Varzeano, respectivamente. “Desde quando eu era nova, minha família ouvia rádio (em especial, a Rádio Clube de Pernambuco) e eu fui gostando. Depois, meu marido Paulo sempre acompanhava, aí eu virei torcedora, mais até do que ele”, relembra Dona Milene, com um sorriso no rosto. Aliás, vários.
 
O INÍCIO DE TUDO 
Foi assim que a paixão de Dona Milene pelo Santa começou. “Você lembra da Usina de Catende? Pronto, Paulo trabalhava lá. Depois ele foi transferido para o Recife e mais tarde para Maceió. Quando voltamos para Pernambuco, foi uma alegria ficar mais perto do clube”, falou a chefe de família, que é composta exclusivamente por tricolores, completando. “A gente viu cada pedacinho do Arruda ser levantado”. 

A torcedora símbolo para juntar uma história à outra. De Henágio a Zé do Carmo, entre vários ídolos do Santa, ela revelou seu jogador predileto. “Ah, é Givanildo o que eu mais gostava. Eu vi ele ‘magrinho’ desse tamanho aqui”, disse enquanto gesticulava com os dedos. Num meio tempo, ela mistura saudosismo e saudade ao citar mais uma vez seu marido. “Paulo era muito calado, na dele. Sabe? Eu gostava mais de extravasar e fazer barulho quando o Santa ganhava. A gente se completava e já fomos muitas vezes ao estádio”. 

AS BOAS LEMBRANÇAS
Se puxarmos por um recorte mais recente, o nome mais ‘fresco’ na cabeça de Milene é o do atacante Grafite, que fez história dentro e fora de campo com a camisa do Santa. Foi revelado no clube, não teve muitas chances, mas depois voltou mais experiente para conquistar os títulos do Campeonato Pernambucano e da Copa do Nordeste em 2016, além do acesso à Série A, um ano antes. 
 
“Eu gostava muito de Grafite, era um grande jogador. E também de Rivaldo. São vários nomes excelentes que passaram pelo clube”, pontuou, sem perder o tom crítico. “Mas hoje em dia o Santa está muito mal. Às vezes é melhor nem saber o que está acontecendo lá…”

O EXEMPLO DE VIDA

A torcedora é um símbolo de lucidez e um exemplo para todos que a conhecem no bairro do Cordeiro, Zona Oeste do Recife. Milene Alves de Morais Ribeiro nasceu em setembro de 1921, enquanto o Santa Cruz foi fundado em fevereiro de 1914 - a diferença de idade entre ela e sua grande paixão é de pouco mais de sete anos. 
 
“Eu acho que eu só vou ‘embora’ quando não estiver mais entendendo das coisas, mas eu me sinto bem, e aqui em casa eu faço de tudo. Cozinho, ajeito as coisas. Eu gosto de fazer, de participar de tudo”, relatou, antes de finalizar. “O povo daqui (das redondezas) me pergunta qual o segredo para chegar nesta idade, mas eu digo que nunca fui de festa. De bebida, essas coisas. Minha grande paixão mesmo é o Santa Cruz e vou morrer assim.”

DP

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