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segunda-feira, 14 de novembro de 2022

ENEM 2022

Redação surpreende e demais áreas ficam dentro da expectativa, avaliam professores

Primeiro dia das provas do Enem - Fotos: Ricardo Fernandes/ Folha de Pernambuco


Primeiro dia de provas ocorreu neste domingo (13)



Após meses de estudos e dedicação, milhares de estudantes realizaram, neste domingo (13), a primeira prova do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), que se dividiu entre as áreas de Ciências Humanas, Linguagens e Redação. Em Pernambuco, estavam inscritos 186.837 candidatos.

Para os professores, a edição deste ano manteve o estilo de prova dos últimos anos, sem grandes surpresas, a não ser o tema da redação, que abordou os “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”. Os educadores também destacaram a presença de temas que estão no centro dos debates sociais, como racismo e violência contra a mulher.

"Tivemos a presença de temas bem presentes no debate público atual, questões, por exemplo, sobre racismo estrutural, sobre os movimentos sociais e sobre o papel da mulher na história”, comentou o professor de história dos colégios Motivo e Núcleo, Ian Chaves.

“É uma prova que se preocupou menos com conteudismo, como já vinha acontecendo, e mais com competências e habilidades. Muitas questões relacionavam áreas diferentes das humanidades, questões que você pode identificar como sendo de história e geografia, de história e filosofia, de sociologia e geografia”, acrescentou, ressaltando que os alunos se depararam com uma prova dentro das expectativas.

Para a professora de redação Fernanda Bérgamo, o tema da prova surpreendeu de forma positiva e levantou uma discussão necessária.

“Apresentar de forma generalista as comunidades tradicionais já é algo surpreendente. E mais surpreendente ainda é que dentro dessa generalização trouxe essa questão de desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil. É uma apresentação e uma temática que é necessária, mas que é inesperada, e eu amo tema inesperado porque acho que é a forma mais justa de se avaliar o candidato. Quando o tema é fácil, quando o tema é batido, vai muita gente com redação pronta e esse tipo de apresentação vai avaliar bem aquele candidato que se preparou para o gênero dissertativo-argumentativo”, analisou.

Segundo a professora, para desenvolver uma boa redação, os estudantes precisavam estar atentos para não fugir do tema e realmente apresentar desafios presentes na realidade das comunidades e povos tradicionais.

“É preciso observar que nessa apresentação tem um recorte que o candidato não podia deixar de observar: a palavra desafios para a valorização dessas comunidades. Porque se o estudante não observar que está no plural, se o estudante não apresentar pelo menos dois desafios para a valorização desses povos tradicionais, ele vai estar fugindo parcialmente da proposta”, disse. “Aquele aluno que lê, que tem capacidade de interpretar, fazendo bom aproveitamento dos textos de apoio, e que tenha observado esse recorte importante do tema, vai escrever uma redação muito bacana”, completou.

Professora de português do Colégio Motivo de Petrolina, Viviane Barreto destacou que o exame apresentou um nível mais acessível de questões em relação aos dois últimos anos e manteve a tradição de elencar diferentes tipos de gêneros textuais. A prova também abordou a arte como função social e a linguagem como meio de educação.

“Algo que é muito esperado é a questão da violência contra mulher, esse é um tema muito explorado em diversos gêneros textuais, seja no poema, na poesia, na letra de música, para fazer luz a essa reflexão. Então, esses recursos expressivos precisam ser percebidos ao longo desses gêneros porque a linguagem é utilizada para resolver um problema social e essa questão da violência contra a mulher é uma problemática social que precisa ser vista, refletida, analisada”, apontou.

“Um desafio para o aluno é a competência que tem a ver com a arte e cultura porque essas questões de arte e cultura nos remetem a um conhecimento prévio, um conhecimento de mundo que normalmente às vezes os nossos alunos desconsideram, não dão a devida importância. A gente precisa não só conhecer esses trabalhos artísticos como também os seus produtores e reconhecer a função social da arte. A arte não só como algo estético, mas como um produto cultural, por que não há como separar a arte da sociedade. A arte está embutida na nossa vida. Então, por mais que a gente não entenda, que a gente não a compreenda, ela faz parte do nosso processo diário, do nosso processo cotidiano”, completou.   


Por Jaqueline Fraga

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