Lula volta a errar com BNDES
“Eu tenho certeza que os empresários brasileiros têm interesse no gasoduto, nos fertilizantes, no conhecimento científico e tecnológico que a Argentina tem. E, se há interesse dos empresários e dos governos, e nós temos um banco de desenvolvimento para isso, vamos criar as condições para fazer o financiamento que a gente puder fazer para ajudar no gasoduto argentino”, acrescentou, em tom de justificativa para essa aberração.
Num momento de graves dificuldades que o Brasil enfrenta, com milhares de desempregados, empresas quebrando por falta de incentivos e juros altos, é inaceitável essa política de Lula com o chapéu alheio. Embora essa prática gentil com vizinhos em dificuldades tenha sido iniciada em 1998, na gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), 88% das operações de empréstimos pelo BNDES foram realizadas entre 2007 e 2015, nos governos de Lula e Dilma.
Do valor total, 98% foram destinados a apenas cinco empreiteiras: Odebrecht (76%), Andrade Gutierrez (14%), Queiroz Galvão (4%), Camargo Correia (2%) e OAS (2%) – todas posteriormente alvo de investigações na Operação Lava Jato. Em 2016, após um acordo do BNDES com o Ministério Público Federal (MPF), novos contratos passaram a exigir, tanto por parte das construtoras como do governo ou empresa importadora, a assinatura de um termo de compliance (conformidade), com regras mais rígidas de governança, como condição para a liberação dos recursos.
A partir dessa medida, US$ 11 bilhões (R$ 57,6 bilhões) previstos para serem desembolsados em 47 operações ativas acabaram retidos. Conforme os dados disponibilizados pelo BNDES, 89% dos desembolsos realizados foram liberados em favor de apenas seis países: Angola (US$ 3,2 bilhões), Argentina (US$ 2 bilhões), Venezuela (US$ 1,5 bilhão), República Dominicana (US$ 1,2 bilhão), Equador (US$ 700 milhões) e Cuba (US$ 650 milhões).
Desses, três deram calote: Venezuela (US$ 639 milhões), Moçambique (US$ 122 milhões) e Cuba (US$ 202 milhões), em um total de US$ 964 milhões (R$ 5,1 bilhões) acumulados até março de 2022, data da última atualização do banco.
A dívida de Cuba e da Venezuela com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) já chega a R$ 3,539 bilhões (US$ 682 milhões). Durante os governos dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, empréstimos concedidos pela instituição brasileira para financiamento de obras nos dois países atingiram R$ 10,9 bilhões (US$ 2,1 bilhões).
A alegação oficial dos governos petistas era que os investimentos no exterior abriram oportunidades para empresas brasileiras. No entanto, o programa de financiamento à exportação de serviços de engenharia favoreceu apenas construtoras brasileiras envolvidas em esquema de corrupção e, também, sobretudo, países de esquerda aliados do governo de Lula e Dilma.
Paralisação no Brasil
Enquanto Lula abre as portas do BNDES para Argentina, a malha de gasodutos de transporte no Brasil parou de crescer em 2013. Nos últimos 12 anos, houve aumento de apenas 1%, enquanto a infraestrutura de distribuição teve um crescimento de 107% no mesmo período. Os dados são da Abegás (Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado). Diferentes tipos de gasodutos operam no Brasil. Os de transporte atravessam Estados e levam o gás natural produzido pelas empresas e tratado em unidades de processamento às distribuidoras estaduais, que fornecem o insumo aos seus clientes via gasodutos de distribuição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário