Ainda sem apresentar documentos que atestem segurança de todos os brinquedos, Mirabilandia segue interditado
O parque onde professora foi arremessada de brinquedo tem até o dia 10 de novembro para entregar os documentos solicitados pelo Procon-PE
O parque de diversão Mirabilandia, em Olinda, no Grande Recife, onde uma professora de 34 anos sofreu um grave acidente no dia 22 de setembro, segue interditado. Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (16), a Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-PE) e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE) informaram que há pendências quanto à documentação solicitada ao estabelecimento para que se ateste.
Foram entregues laudos técnicos de apenas 26 brinquedos presentes no parque, que contém 30 atrações. Além disso, de acordo com o secretário executivo de Justiça e Promoção dos Direitos do Consumidor, Anselmo Araújo, alguns dos relatórios de manutenção não contavam com o nome legível do responsável pela avaliação, deixando o Crea-PE e o Procon-PE sem saber se o profissional que assinou teria qualificação técnica para tal feito.
Entre os documentos entregues pelo Mirabilandia estão o Atestado de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) de todos os brinquedos e licenças para o funcionamento cedidas pela Prefeitura de Olinda, Corpo de Bombeiros e vigilância sanitária.
Os documentos foram analisados por técnicos das câmaras especializadas do Crea-PE, entre elas a de Engenharia Mecânica, Metalurgia e Química, Engenharia Elétrica, Engenharia de Segurança do Trabalho e de Engenharia Civil. No entanto, a perícia da corda que se rompeu e causou o acidente segue nas mãos da Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) e da Polícia Científica (PC).
Dávine Muniz foi arremessada do brinquedo Wave Swinger, que comportava 48 pessoas por vez e girava em torno de um eixo, podendo chegar a uma altura de 12 metros. A atração foi desmontada.
Apesar da análise minuciosa do Crea-PE, não ficou claro o que realmente causou o acidente que deixou a professora na UTI. De acordo com o presidente em exercício do Crea-PE, Clóvis Segundo, existem três etapas na engenharia: projeção, implantação e manutenção. Ele explica que a maior probabilidade é que a falha tenha sido na manutenção do brinquedo.
Questionado pelo Diario de Pernambuco sobre a indicação de peso no brinquedo, o presidente em exercício do Crea-PE ressaltou que não havia nenhuma indicação sobre este ponto, o que permite que qualquer pessoa utilize a atração. Mas ressaltou que o peso é uma variável que contribuiu com o acidente.
“A partir dessa análise foi estabelecida uma série de recomendações para serem cumpridas antes da liberação do parque para funcionamento. O objetivo foi reforçar a segurança dos funcionários e das pessoas que frequentam o parque, observando não apenas o brinquedo específico em que ocorreu o incidente, mas todos os equipamentos do estabelecimento”, afirma Clóvis Segundo.
Diante das pendências encontradas, o Procon e o Crea-PE apresentaram no dia 10 de outubro algumas recomendações ao parque, entre elas:
1 - Análise prévia a ser realizada por equipe multidisciplinar e independente que ateste a segurança e funcionalidade dos equipamentos do parque.
2 - Vistoria e manutenção a ser feita por equipe própria do parque regular e de forma permanente, realizando vistorias e manutenções preventivas e corretivas, de acordo com as normas técnicas em vigor.
3 - A cada seis meses, laudo das condições e funcionalidade do parque, como forma de subsidiar.
O Procon-PE deu o prazo de 30 dias, a contar do dia 10 de outubro, para que o Mirabilandia apresente os novos documentos solicitados. Além disso, o parque pode estar sujeito ao pagamento de multa caso fique comprovado que houve negligência no acidente.
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