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segunda-feira, 18 de maio de 2020

SANTA CRUZ - DERLIS ALEGRE

De jardineiro no Paraguai à inspiração em Romário: Derlis Alegre mira sucesso no Santa

Atacante chegou ao Santa Cruz com o status de promessa (Foto: Última hora)


Antes de parar no Tricolor, atacante paraguaio sofreu dispensa por ser "baixinho" e trabalhou com o pai como jardineiro para ajudar a família


Com um sorriso no rosto, Derlis Alegre guarda na memória aquela que foi a maior das rotinas na infância: ele, pés descalços no chão, batendo bola com amigos do bairro. Não importava a hora, obrigações. O futebol estava ali para bem servi-lo. Bastava ao garoto paraguaio, então, desfrutar. Afinal, a vida corria assim. 

Se a escola começava às sete da manhã, às cinco da madrugada, Derlis estava a postos para jogar com os colegas. Assistia a aula “todo sujo”, como descreve. Mas, tão logo a rotina virou um algo mais: transformou-se em sonho. Confidenciado, inclusive, entre os próprios professores do garoto: “eles diziam que o futebol era minha vida e que eu seria jogador”, conta.  

Como todos os sonhos, era preciso batalhar para concretizá-los. Porque se hoje, aos 26 anos, o atacante está no Santa Cruz experimentando a primeira oportunidade da carreira fora do Paraguai, Alegre teve de percorrer um longo caminho de renúncias. De ter sido dispensado do time onde jogava por ser “baixinho” até trabalhar como jardineiro. 

Diferentemente da infância, quando o futebol era a única preocupação, a transição para a vida adulta veio carregada de responsabilidades. Entre elas, conciliar a rotina dos treinos e ajudar os pais dentro de casa, a costureira e dona de casa Daniela Amante e o operário Roberto Alegre. 

“Meu pai trabalhava em uma fábrica, mas para ganhar um “extra”, também trabalhava de jardineiro. E aí, com meus 16 anos, fui junto. Queria ajudar minha família. Eu me lembro bem que teve um dia que cortamos a grama de um campo com quatro hectares. Foram tempos difíceis. De tão cansado do trabalho, porque fazia isso de madrugada com meu pai, às vezes eu dormia em pé”, relembra Derlis. 

Do pouco dinheiro que sobrava, o paraguaio pagava as passagens de ônibus para ir treinar nas categorias de base do modesto no Trinidense, da capital Assunção. À época, a equipe disputava a Segunda Divisão do Campeonato Paraguaio e foi lá onde Derlis, por pouco, aos 18 anos, não desistiu do sonho de ser jogador.  

“Por eu ser baixinho, me sacaram do elenco. Quando cheguei em casa, falei com minha mãe que não queria saber mais de futebol. Esse foi o momento mais difícil para mim. Mas ela sempre me deu forças e disse que, enquanto estiver viva, vai sempre me apoiar”, conta. 
 
O baque, porém, foi momentâneo. Alegre seguiu o conselho da mãe, Dona Daniela, como um prénuncio: "vá para outro clube, meu filho". E assim se fez. Derlis conseguiu uma vaga para jogar no Deportivo Luqueño, também do Paraguai, através de um amigo, Luis Portela. A partir daí “foi só alegria”, confessa o atacante. O “baixinho” de 1,67m transformou-se em figura carimbada na equipe do técnico Medina, de onde ficou por cinco temporadas, de 2013 a 2017. 

Além de experiência, o tempo no clube paraguaio também ajudou Derlis a realizar um grande sonho: comprar uma casa para a mãe, Daniela Amante. O maior de todos os desejos, no entanto, está sendo plantado, garante: “quero jogar em um grande clube da Europa e proporcionar ainda mais para minha família, principalmente para os meus filhos, Derlis José”. 

Antes de chegar ao Santa Cruz, o paraguaio vestiu a camisa do Nacional (PAR) nas duas últimas temporadas. Mas ficou sem clube no início deste ano e coube ao Tricolor do Arruda abrir as portas para o atacante. Inspirado nos baixinhos Romário e Aguëro, Derlis aguarda ansioso para retribuir a oportunidade - e ir por mais, como atende à sua história. 

“Vi o vídeo da estreia de Mancuso em 1999, uma loucura. Essa torcida merece o melhor de mim. O Santa Cruz não merece uma Série C ou B, merece estar na Série A. Sempre me chamam de ‘Torito’ Alegre, por nunca desistir. Me apresento à essa torcida como um jogador raçudo e atrevido, que sempre se entrega ao máximo. Quero agradecer a oportunidade de vestir essa camisa dando o meu melhor”, projetou. 

DP

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