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quarta-feira, 17 de novembro de 2021

ESTÃO TOLHENDO O TALENTO BRASILEIRO

 FUTEBOL SEM GRAÇA

No jogo em que o Flamengo goleou o São Paulo – 4x0 – válido pela Série A do Brasileiro, um lance chamou a atenção dos torcedores presentes ao estádio, e de milhões de telespectadores que acompanhavam a partida pela televisão: uma matada de bola do atacante flamenguista, Michael. Não havia nenhum marcador no seu encalço. Foi justamente a ausência de marcação que lhe permitiu exibir a técnica apurada e o fino trato que dispensou a bola, ressaltando uma habilidade inexistente na maioria dos jogadores brasileiros. De imediato foi reprimido, quase agredido por um defensor são-paulino.

Logo a seguir recebo um zap do mestre, José Joaquim Pinto de Azevedo: “O futebol brasileiro está ficando chato de se ver. Estão tolhendo a liberdade criativa dos jogadores. Garrincha não jogaria nos dias hoje”.

Verdade. 

A liberdade criativa foi que levou o Brasil a ser a maior referência na arte de jogar futebol. Futebol é pura arte, e mesmo sendo um esporte coletivo, a genialidade individual é que serve como ponto de desequilíbrio. O drible, a firula, o passe milimétrico, a bicicleta, a lambreta, a saia, o elástico, o drible da vaca, o lençol, o banho-de-cuia... são recursos que fazem parte do repertório dos jogadores diferenciados.

Paulo Roberto Falcão, quando esteve no comando técnico do Sport, numa partida em Salgueiro, deu uma matada de bola, na área técnica reservada aos treinadores, que arrancou aplausos de quem estava presente no estádio. A televisão passou vários dias exibindo o lance que ressaltou a intimidade que ele tinha com a bola quando era jogador. Diga-se de passagem, um dos melhores do futebol mundial na posição que atuava.

No Santa Cruz de Carpina havia um ponteiro – Arlindo – que tinha uma variedade de dribles impressionante. Deixava qualquer marcador em polvorosa. 

Certa vez o Sport foi com um time misto jogar em Carpina. Na ponta esquerda estava escalado, Ivanildo Arara. Pois bem! Em determinado momento do jogo ele deu um drible no seu marcador que ele caiu de bunda, torceu o joelho e nunca mais jogou bola. Acredito que, dentro desta nova “lei” que querem implantar no futebol brasileiro, Ivanildo teria sido expulso de campo.

O Sport investiu, as pressas, na contratação de um lateral em Alagoas, para parar os passos do ponteiro Marlon, no clássico que ia disputar com o Santa Cruz, na Ilha do Retiro. Marlon deitou e rolou em cima do reforço leonino, que não ficou em campo até o final da partida.

Quem viu Miruca, Nado, Heider, Mário Tilico, Robertinho, Ribamar, Vadinho, Fernando Lima, Fumanchu, Joãozinho, Henágio, e tantos outros dribladores que passaram no futebol pernambucano sabe que eles davam um colorido especial ao espetáculo.

Não discordo da prioridade do coletivo que tanto se defende no futebol, mas a individualidade é a ameixa do pudim. Caso contrário não se exaltaria os talentos de Romário, Bebeto, Rivaldo, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Neymar, Messi, Cristiano Ronaldo e dos mais novos que começam a atrair os holofotes para si.

O que se deve coibir no futebol brasileiro é essa vocação para ator de terceira categoria que os jogadores insistem, cada vez mais, de exibir em campo, num flagrante falta de respeito ao torcedor. Um comportamento que compromete uma arbitragem que há muito clama por uma reciclagem.

O excesso de malandragem dos jogadores, a falta de respeito e de educação são os itens que mais comprometem a qualidade do espetáculo que se oferece nos campos brasileiros.

O mestre, José Joaquim, tem toda razão: a coisa tá ficando chata, insuportável.


CLAUDEMIR GOMES

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