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sexta-feira, 20 de abril de 2018

NÁUTICO - OPINIÕES DIVERGENTES

Torcedores comemoram retorno dos Aflitos, moradores vizinhos ao estádio nem tanto

Normar Bortoleti comemora volta do Timbu aos Aflitos e projeta aumento de vendas em sua lanchonete


Enquanto alvirrubros contam dos dias para voltar a assistir o Náutico no estádio, moradores das redondezas lembram contratempos


São quase 13h e o dono do Bar Alvirrubro, estabelecimento que fica nas dependências dos Aflitos, Normar Bortoleti, 65 anos, já não tem tanto trabalho para atender todos os clientes. Americano, como é conhecido pela torcida do Timbu, é uma das figuras emblemáticas do clube. Conhece quase todos os remanescentes pelo nome, afinal de contas são quase 20 anos comandando o estabelecimento e os poucos clientes que restaram são fiéis. Assumiu o bar em 1998. “O estádio dos Aflitos é a minha vida e o que mais gosto é da torcida. Ela é fantástica, é a minha família”. Ele e os alvirrubros que "vivem" nos Aflitos e agora comemoram o retorno do clube a sua casa.

Até a mudança do Náutico para a Arena de Pernambuco, quando passou a mandar seus jogos em São Lourenço da Mata, o movimento no bar caiu drasticamente. Os torcedores, segundo Americano, chegavam antes das partidas e ficavam até depois, independente do resultado. Sem confrontos no Recife, o estádio ficou vazio e o restaurante seguiu o mesmo caminho. “O bar me deu prejuízo nesse tempo em que o Náutico ficou fora. Perdi dinheiro e estou com muita expectativa para o retorno do time aos Aflitos. Já cheguei a ter 15 funcionários e hoje em dia tenho apenas cinco”, lamenta o empresário.

Diferente de Americano, Francisco Matias, 72 anos, às vezes passa despercebido entre os torcedores, mas não é menos importante para a história do clube onde trabalha como faxineiro há mais de 40 anos. Seu Chico, como é conhecido, é o funcionário com mais tempo de casa e um dos veteranos remanescentes do clube, já que grande parte deles deixou os Aflitos no ano passado, após uma série de demissões. Sempre humilde e sorridente, confessa que mesmo tendo visto muitos títulos, a taça que mais comemorou foi a do título Estadual deste ano. “Achava que iria morrer sem ver um título do Náutico novamente”, confessa o funcionário.

Desde a mudança do Náutico, seu Chico não voltou a assistir o time alvirrubro ao vivo, já que nunca visitou a Arena. A expectativa é grande, já que com o retorno aos Aflitos ele poderá assistir às partidas gratuitamente. “Queria continuar trabalhando aqui por muito mais tempo, mas não dá, estou muito velho”, comenta. A data para a volta ainda não foi marcada, mas a expectativa é que ainda neste semestre, caso as obras não atrasem, o Timbu volte ao seu reduto. A diretoria do clube já anunciou que deverá fazer um amistoso para a inauguração da "antiga nova casa".

Vizinhança

Com o anúncio do retorno do Náutico aos Aflitos, as opiniões dos vizinhos do clube se dividem. Há quem fique indiferente, mas a polarização predomina entre os moradores do bairro. O comerciante Ricardo Barbosa, 65 anos, por exemplo, mora em um prédio vizinho aos Aflitos e não acompanha partidas de futebol. Sem clube para torcer, restou aversão ao vizinho barulhento. 
 
“Isso aqui em dia de jogos ficava um inferno. Se eu pudesse me mudar, eu me mudava, mas o apartamento é próprio”, reclama. A queixa mais recorrente entre os vizinhos é devido às mudanças de fluxo em dias de partida. O síndico de um prédio ao lado dos Aflitos, Raphael Farias, 37 anos, faz críticas à Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU), que, segundo ele, fecha ruas próximas sem avisar. "Já aconteceu de eu chegar de 22h e ter que entrar pela contramão”, comenta o morador.
 
Para os vizinhos alvirrubros dos Aflitos, os benefícios do retorno pesam mais na balança. O advogado alvirrubro Agenor Nogueira, 26 anos, lembra bem como ficavam as ruas dos Aflitos em dias de jogos. Torcedor fiel, era mais um em meio a tantos alvirrubros que tinham a comodidade de visitar o clube do coração com apenas alguns passos. “Na época, eu residia na Rua do Futuro e, nos dias de jogos, era comum reunir os amigos nos bares ao redor do estádio enquanto a partida não começava”.


Diario de Pernambucano

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