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quarta-feira, 7 de março de 2018

AGORA A LIGAÇÃO É DE GRAÇA

Ligações para o CVV passam a ser gratuitas

                                       Centro de Valorização a Vida atua há 40 anos no Recife                                                 Foto: Henrique Genecy/Folha de Pernambuco



O serviço de prevenção ao suicídio deve duplicar atendimento. Atualmente, são, em média, 3,6 mil chamadas por mês.

Os atendimentos do Centro de Valorização à Vida (CVV) Recife serão acoplados a rede nacional do telefone 188 a partir do próximo dia 30. A iniciativa faz parte de uma cooperação com o Ministério da Saúde (MS) e Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), e trará a gratuidade para as pessoas que ligarem para o serviço que é referência na prevenção ao suicídio.

Antes, com o número 141, o usuário pagava o preço de uma ligação local para conseguir ajuda de um dos atendentes. Com atuação há 40 anos na Capital, a central de ligações do CVV atende mensalmente 3,6 mil pessoas. Com a novidade a expetativa é duplicar as intervenções. Além da gratuidade, a instituição ainda inaugura próximo dia 19 um grupo de apoio para sobreviventes ao suicídio numa estratégia de humanizar o enfrentamento ao problema. 

Uma das representantes do CVV na cidade, Norma de Oliveira, destacou que a chamada grátis será importantíssima principalmente para aqueles usuários de alta vulnerabilidade social, que sequer tem o dinheiro para fazer a ligação. A coordenadora, que também é voluntária há 12 anos, guarda na memória o socorro realizado a um usuário carioca que estava prestes a se suicidar, mas que conseguiu o teleatendimento gratuito e desistiu do ato. Depois de dois anos acompanhando os resultados do CVV pelo Brasil, o MS abraçou o serviço e instituiu um cronograma até 2018 para a migração para a linha livre de custo nacionalmente. 

Hoje, em funcionamento em 16 estados, a gratuidade chega neste mês para todos os estados do Nordeste. Vem numa época em que, segundo Norma, tem se verificando uma tendência de aumento da ideação suicida relacionada à depressão econômica do Brasil. “Quando se fazem estudos sobre a prevenção e sobre a posvenção do suicídio, de uma forma geral, as crises econômicas e financeiras são fatores importantes no processo de adoecimento emocional e da ideação suicida. A solidão, o desespero, a desesperança diante desse conjunto econômico e social que nós vivenciamos no mundo traz essas e muitas outras consequências”, disse. 

Aliada a adesão ao 188, o CVV inicia no próximo dia 19 um grupo de apoio para os sobreviventes e as famílias afetadas por este drama. O encontro será na rua Monsenhor Ambrosino Leite, 155, no bairro das Graças, no Recife, às 19h. As reuniões vão se repetir a cada 15 dias. “Vamos trabalha as dores e os sofrimentos motivadores. Todos serão colhidos com respeito, consideração e sigilo. A pessoa que se suicida ou tenta atinge no mínimo sete pessoas, em paralelo, e essas pessoas não tem voz, porque o suicídio é um tabu. Há muito preconceito ao tema. Só quem passa é que sabe como a situação é dolorosa e é difícil”, comentou Norma de Oliveira. 

Entre 2015 e 2016, quase 1.100 pernambucanos tentaram se matar. Em 2015, mais de 300 mortes provocadas foram confirmadas. Os dados são da Secretaria Estadual de Saúde. Um terapeuta integrativo, de 37 anos, que começou com a ideação de morte ainda na infância elogiou a mudança de paradigma sobre o tema, que para ele não pode permanecer escondido dentro das famílias. “Acho essencial abrir as discussões para o assunto. Apesar desse tabu que ainda existe, eu acredito que há formas e formas de se abordar. Tirá-lo debaixo do tapete e tratá-lo com lucidez é primordial na preservação da vida e para as políticas públicas de saúde e educação. Não é não falando sobre o tema que ele vai deixar de existir”, afirmou. 

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