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domingo, 3 de setembro de 2017

SANTA CRUZ - SUPERAÇÃO TOTAL

O drama da vida de Raniel ex-Santa Cruz e atual Cruzeiro

                                  Jogador foi pego no antidoping quando jogou no Santa Cruz                                                Foto: Paullo Almeida/Folha de Pernambuco

Abandonado numa caixa de sapato, envolvimento com drogas e volta por cima: história do garoto rende longa-metragem
Duros obstáculos foram enfrentados pelo pernambucano Raniel. Hoje defendendo o Cruzeiro e revelado no Santa Cruz, o garoto viveu um drama familiar quando era criança. Uma infância marcada por dores. Perdeu o pai aos seis anos de idade e foi abandonado numa caixa de sapato pela mãe, que o deixou na porta de uma dona de casa, chamada Dione. A moradora da comunidade de Chão de Estrelas, no Recife, decidiu adotá-lo mesmo com três filhos para cuidar, mas dois anos depois veio a falecer e ele passou a receber cuidados do tio, conhecido por Júnior. Eis o drama de uma vida inteira experimentada nos primeiros anos do menino, que, tempos depois, alcançou o rol dos atletas de elite do futebol brasileiro. 

Mesmo sem muitas lembranças dos acontecimentos, superou o sentimento de tristeza profunda praticando o que mais ama, o futebol, e driblou a realidade da periferia. Ganhou estudo e ajuda. Começou sua trajetória no mundo da bola logo cedo. Com cinco anos de idade, já jogava no futsal do Santa e era treinado por Barão Xavier, seu primeiro técnico e tratado como paizão. 

“Na época dos problemas, Raniel estava comigo no salão. Lembro que o ajudamos a educá-lo, o colocamos na escola e doamos muitas cestas básicas. Antes de dar certo como jogador, a preocupação era transformá-lo em um cidadão de bem. O esporte foi um incentivador e ele nunca teve problema de relacionamento com os colegas. Alguns chegaram a ajudá-lo”, relatou o ex-técnico do jovem em entrevista à Folha de Pernambuco. 

O fundador e treinador do CT Barão, que já revelou vários atletas, também conta que até hoje usa Raniel, de 21 anos, como exemplo para a sua garotada. “Pra mim é muito gratificante ver que o trabalho e o esforço dele valeram a pena. Melhor que estar bem no Cruzeiro foi ter vencido as drogas. Ele é referência para outros meninos. Sempre digo que não existe fundo do poço”, comentou. 

Após arrebentar no futebol de salão, foi para o campo ao completar 15 anos. Adaptou-se rapidamente e brilhou como meia-atacante nas categorias de base da Cobra Coral, onde passou a ser tratado como uma joia. Aos 17, disputou a primeira Copa São Paulo de Futebol Júnior, em 2014, quando seguiu deslanchando até virar profissional no mesmo ano. Tempos depois da realização de um sonho e de ter deixado o passado de dramas familiares para trás, caiu no antidoping por uso de substância ilícita que acarretou 12 meses de suspensão. 

Ainda conseguiu jogar o Campeonato Pernambucano sob efeito de liminar até o mês de maio, quando o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) manteve a pena de um ano. O jurídico do clube reduziu a punição para seis meses, mas ele voltou a ser penalizado pela Fifa em 25 de agosto de 2015. O início da carreira turbulento não o desanimou. Recebeu total apoio da diretoria e um acompanhamento especial até o seu retorno aos gramados, no dia 16 de setembro, na partida contra o Boa Esporte, pelo Campeonato Brasileiro da Série B. 

Apesar de tantos transtornos, Raniel foi vitorioso no Arruda e despontou no futebol. Conquistou dois títulos pernambucanos (2015 e 2016), uma Copa do Nordeste (2016) e o acesso à Série A (2015), além do troféu de revelação do Pernambucano 2015. A cria do Arruda deu a volta por cima e alçou voos maiores. 

No mês de maio do ano passado, o meio campista saiu para o Cruzeiro por empréstimo. Conseguiu se tornar um dos grandes nomes da equipe sub-20, marcando oito gols, cinco deles de falta, em 16 jogos. Com atuações empolgantes nos juniores e muita personalidade, passou a fazer parte do elenco profissional do time mineiro deste ano. Bastante elogiado pelo técnico Mano Menezes, ganhou espaço, confiança e as chances estão aparecendo. 

Até agora, foram 18 partidas e três gols marcados, um deles na vitória sobre o Sport, no dia 20 de agosto, pela Série A, e o último no triunfo sobre o Grêmio, no Mineirão, pelas quartas de final da Primeira Liga. Também está na final da Copa do Brasil, diante do Flamengo/RJ. Inclusive, converteu umas das penalidades na decisão contra o tricolor gaúcho, pela semifinal. 

Confira a entrevista exclusiva:

Mudança
“Pra mim foi muito bom ir para o Cruzeiro. Consegui me adaptar rapidamente e me enturmar com facilidade. A estrutura aqui é absurda. Fiquei impressionado logo quando cheguei”, disse. 

Ajuda
“Agradeço muito ao Santa Cruz por todo apoio e pela confiança que tiveram em mim na época que estava lá, principalmente a Alírio Moraes (presidente). Ele abraçou os meus problemas e me deu todo suporte possível”, lembrou. 

Base
“Foi um período muito bom pra mim. Consegui ganhar destaque com gols e boas atuações no Cruzeiro. Mesmo no sub-20, a experiência foi importante por estar em um dos maiores clubes do Brasil”, afirmou. 

Humildade
“A gente tem que tomar muito cuidado com o assédio, pois se você se empolgar demais tudo acaba indo por água abaixo. Me sinto arrependido. Por outro lado, me fez amadurecer na vida muito rápido. Foi fundamental para eu dar a volta por cima”, garantiu. 

Parceiros
“Consegui fazer amizades rapidamente. A minha parceria maior aqui é com Alisson, Elber, Leo, John Lennon e Rafael Sobis. Sempre brincam comigo, me ajudam e o apoio é grande”, encerrou.



FolhaPE

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