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domingo, 12 de agosto de 2018

TAMBÉM É PROPINEIRO

Marqueteiro de Aécio recebeu da Odebrecht


De acordo com depoimento, Paulo Vasconcelos teria sido pago sete vezes mais do que o usual

A Polícia Federal (PF) encontrou mais um indício de que o marqueteiro do senador Aécio Neves (PSDB-MG), Paulo Vasconcelos, recebeu dinheiro da Odebrechtsem ter prestado serviço em contrapartida. Em depoimento prestado no mês passado, um empresário chamado José Enrique Castro Barreiro disse que fez um plano de comunicação real para a empresa em 2009 e recebeu, em troca R$ 248 mil. Já Paulo Vasconcelos recebeu R$ 1,8 milhão para prestar o mesmo serviço no mesmo ano – ou seja, um valor sete vezes maior. Para a PF, o valor discrepante é mais um elemento para comprovar a tese de que, na verdade, o marqueteiro recebeu o dinheiro com outra finalidade.
O novo depoimento reforça a hipótese de que o R$ 1,8 milhão foi, na verdade, repassado, por meio de caixa dois, para a campanha de Antonio Anastasia ao governo de Minas Gerais no mesmo ano. Essa acusação já tinha sido feita pelo ex-executivo da Odebrecht Sérgio Neves em delação premiada. Segundo ele, o dinheiro para financiar a campanha de Anastasia foi pedido por Aécio.
O depoimento do empresário foi prestado para instruir um inquérito aberto contra Aécio no STF a partir da delação premiada de executivos da Odebrecht. Segundo as investigações, Aécio teria pedido doações por meio de caixa dois à empresa entre 2009 e 2010, totalizando R$ 5,4 milhões em espécie, além das notas fiscais de R$ 1,8 milhão emitidas a Paulo Vasconcelos. Os valores teriam irrigado a campanha de Anastasia.
No início do mês, a defesa do senador pediu o arquivamento do inquérito, sob argumento que Paulo Vasconcelos de fato entregou um plano de comunicação, embora a empresa tenha decidido utilizar outro. Os advogados também argumentaram que, depois de mais de 15 meses da abertura do inquérito, não havia elementos para comprovar o conteúdo das delações premiadas. Já a Polícia Federal pediu mais prazo para concluir as investigações, porque faltava concluir a perícia no sistema utilizado pelo setor de propina da Odebrecht. Agora cabe ao relator, ministro Gilmar Mendes, decidir se arquiva o caso ou se concede mais prezo.
O pagamento de R$ 1,8 milhão teria sido combinado diretamente com o executivo Benedicto Junior, outro executivo da empresa. Segundo Sérgio Neves, o gasto seria justificado com um contrato fictício com Paulo Vasconcelos do Rosário para um plano estratégico de comunicação para a Odebrecht. O contrato era de 12 parcelas de R$ 150 mil. Os valores começaram a ser pagos em julho de 2009 e concluíram até julho de 2010.“Foram pagos integralmente, sem que nenhum serviço tivesse sido prestado”, declarou o delator.
Em nota, a defesa de Aécio afirma que “depoimento do próprio delator e documentos anexados comprovam que o serviço de publicidade mencionado foi devidamente prestado”. E que “nenhum delator fez qualquer acusação referente a existência de contrapartida por parte do senador Aécio Neves, que na época não ocupava nenhum cargo público”. Também em nota, a defesa de Anastasia declarou que “nunca tratou de qualquer assunto ilícito com ninguém”.

Carolina Brígido – Folha de S.Paulo

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