Caso Carlinhos: menino deixou carta e sumiu na Argentina
Cláudia Boudoux luta pelo filho na Justiça desde 2016Foto: Paullo Almeida/Folha de Pernambuco
Carlos Attias Boudoux, 12 anos, deveria ter sido entregue a mãe no Recife, no último dia 28 de fevereiro, mas desapareceu da casa do pai no dia 23. Interpol comanda buscas
Depois de anos de disputa judicial entre a mãe, a fisioterapeuta Cláudia Boudoux, e o pai, o empresário argentino Carlos Attias, finalmente a criança voltaria para o Brasil para ficar com a mãe no dia 28 do mês passado. Contudo, dias antes do prazo o menino teria deixado uma carta e saído de casa. No bilhete, o menino pede para não voltar ao Brasil. As autoridades buscam entender mais esse capítulo da história do menino que foi levado do Recife pelo pai quando tinha 8 anos de idade.
“Estou desesperada. Depois de três anos de muita luta, sofrimento e espera pela Justiça, buscando forças para esperar que todos os meios de recurso fossem esgotados, em um longo processo que tratou da recondução do meu filho ao Brasil, mesmo tendo o direito de cuidar dele no meu País reconhecido, com decisão até da Corte Suprema da Argentina, uma nova armação do pai, me deixou fora do eixo”, desabafou Cláudia Boudoux.
Para a mãe o filho esta sendo novamente vítima de alienação parental e a carta, assim como o desaparecimento espontâneo foram forjados para adiar o reencontro com o filho. “Ele tinha que tomar conta e trazer o meu filho ao Brasil, no Recife, até 28 de fevereiro, mas, ao invés de cumprir a decisão e o acordo firmado na Argentina em 13 de fevereiro desse ano, escondeu Carlinhos”, completou.
No último dia 1º, advogado Pedro Henrique Reynaldo, do escritório Limongi Sial & Reynaldo Alves Advocacia e Consultoria Jurídica que representa a mãe de Carlinhos, se reuniu na Embaixada do Brasil, em Buenos Aires, para apresentar petição de apoio à representação diplomática brasileira na tomada de medidas mais efetivas e enérgicas das autoridades centrais para a localização do menor e o imediato cumprimento da decisão judicial de repatriação do menino.
“Até agora a criança está sumida e as autoridades estão todas em busca. Precisamos de empenho máximo para encontrá-lo. Depois de tanta luta, tanta espera, tanto processo, no final das contas a criança não chegar foi um baque bem grande para Cláudia”, comentou a advogada que também representa a mãe, Aline Lima de Godoy.
Ela demonstrou descrença de que a carta da despedida tenha sido elaborada por Carlinhos. “Ele repete muito as falas de um adulto, como se fosse reproduzindo palavras do pai. Acreditamos que o conteúdo dela foi direcionado. É tudo muito redondinho para ser pensado por uma criança de 12 anos. Mas, tudo ainda é conjectura, devido a todo o histórico”, ponderou.
O empresário Carlos Attias disse que não vai confrontar-se novamente com a ex-mulher em trocas de acusações. Ele afirmou que tem estado de perto acompanhando as buscas e não teria ideia de onde o filho está, mas acredita que o sumiço dele foi um ato desesperado. “Eu e minha família estamos vivendo este processo com muita tristeza e dor. Estou pedindo a Deus que me dê forças. Os fiscais e a polícia estão em um esforço muito grande para procurar ele. Meu filho não sumiu por acaso. Ele quis tomar essa decisão porque não queria voltar para o Brasil depois experiências tristes que teve com a mãe”, afirmou. Attias contou à reportagem que antes de desaparecer Carlinhos teria tido uma discussão com ele e dito que iria se despedir dos amigos.
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