GIF Patrocinador

GIF Patrocinador

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

FALÊNCIA DO FUTEBOL PERNAMBUCANO

 PERDIDOS NA ESCURIDÃO

O jogo, Belo Jardim 0x2 Porto, válido pela terceira rodada do Campeonato Pernambucano de Futebol – Primeira Divisão – registrou um público de 130 pagantes, que proporcionou uma renda de R$ 1.200,00. Os trocados que pingaram na bilheteria não deram para pagar as despesas.

O primeiro clássico da competição – Santa Cruz 3x3 Náutico – recheado de emoções, levou 15.389 torcedores ao estádio do Arruda. Dentro das   probabilidades, existe a de que este pode ter sido o único confronto entre tricolores e alvirrubros na temporada 2023, uma vez que, não se enfrentam na fase de grupos da Copa do Nordeste, e estão em diferentes Séries no Brasileiro. Portanto, novos confrontos ficam na dependência da evolução dos dois clubes no Estadual e no Regional.

Os números atestam a falência de uma competição que não conseguiu entrar em sintonia com o novo tempo. A sequência de lambanças registradas (aumento do número de participantes de 12 para 13 por conta de um erro crasso da FPF; erro de arbitragem que levou o jogo Central 2x1 Náutico a ter o resultado sub judice), junto com a péssima qualidade técnica, da maioria das equipes disputantes, transformaram a edição 2023 do Pernambucano num autêntico réquiem para uma disputa que está na iminência de ser enterrada.

As previsões futuras dão conta de que, a partir do próximo ano, a CBF irá reduzir o número de datas para os campeonatos estaduais. As competições domésticas foram engolidas pelas nacionais e internacionais. O futebol brasileiro se perdeu na transição da nacionalização. Isto foi iniciado na década de 80, no século passado, quando da criação do Clube dos 13. A época, a CBF repassou, para a entidade criada pelos “grandes clubes brasileiros”, a responsabilidade de administrar o Campeonato Nacional. O interesse da Confederação era único e exclusivo com a Seleção Brasileira, sua galinha dos ovos de ouro.

Os anos 90 foram marcados por uma revolução na área de comunicação, fato que interferiu em todos os setores da sociedade, inclusive no futebol. A chegada da telefonia móvel; a consolidação da internet que passou a ser de domínio público, transformaram os costumes. Distâncias foram encurtadas. Novos hábitos foram adquiridos pelas gerações dos smartfones. Nada disso foi perceptível para os dirigentes do futebol pernambucano que seguiram presos dentro da caixa. Acometidos de uma microcefalia retardada, não criaram nada de novo para salvar uma competição que levou o futebol estadual a se apequenar.

As últimas gestões dos chamados grandes clubes da Capital – Sport, Náutico e Santa Cruz – foram de uma cumplicidade omissiva imperdoável neste processo de degradação. Com raras exceções, a mídia tem seu lugar de destaque no pelotão dos verdugos do futebol estadual.

Neste domingo, a título de curiosidade, aos 20 minutos do primeiro tempo do clássico entre Santa Cruz e Náutico, liguei para dez amigos que gostam de futebol. Dois deles não estavam assistindo televisão, enquanto oito, estavam acompanhando a decisão da Supercopa da Espanha entre Real Madri e Barcelona.

Um VIVA para os 130 heróis que se dispuseram a ver Belo Jardim 0x2 Porto.

Sem sofrimento, mas é triste o momento do futebol pernambucano.


CLAUDEMIR GOMES


Nenhum comentário:

Postar um comentário