Moradora de prédio onde criança morreu responderá por homicídio culposo
Miguel morreu ao cair de um prédio no RecifeFoto: Arquivo Pessoal
Polícia Civil apontou que dona do apartamento em que trabalha a mãe do menino, que faleceu ao cair do nono andar, facilitou a entrada da criança no elevador; acusada pagou fiança de R$ 20 mil e responderá em liberdade
O delegado Ramón Teixeira, da Delegacia Seccional de Santo Amaro, explicou que a investigação tomou como base as imagens do circuito interno de TV do prédio, em que mostra a mulher, que reside no quinto andar, próxima da criança no elevador. A mãe, Mirtes Renata Santana da Silva, estava passeando com o cachorro dos patrões no momento. Inicialmente, a moradora tentou impedir a ida de Miguel ao local. Depois, demonstrando aparente irritação, segundo a investigação, ela permitiu que o garoto entrasse no equipamento sem acompanhamento de um adulto.
“Na nossa apuração preliminar, tudo já apontava a queda de natureza acidental graças ao trabalho do perito André Amaral. Faltava analisar uma eventual responsabilização. Por isso, nós conduzimos as partes envolvidas na ocorrência (moradores do apartamento e a mãe de Miguel) para a delegacia. Ouvimos os depoimentos e montamos uma cadeia cronológica, identificando um fator determinante para alterar o juízo técnico-jurídico. Nas imagens, vimos que a moradora aperta o botão e a criança entra no elevador, saindo no nono andar. Lá, nós conseguimos ver depois a imagem do garoto gritando pela mãe na hora da queda”, explicou o delegado.
"O garoto estava na unidade da moradora e ela tinha o dever de cuidar. Foi uma queda acidental, mas a responsabilidade anterior advém do título de culpa. Não houve sequer dolo eventual ou vontade dirigida para o resultado, mas existiu um comportamento negligente. A patroa, que se encontrava em situação flagrancial, fica responsabilizada legalmente. A legislação permite fiança e, após o pagamento no valor de R$ 20 mil, ela foi liberada para responder em liberdade. O prazo da conclusão do inquérito é de 30 dias", completou.
De acordo com o perito André Amaral, Miguel estava em uma área onde ficam os condensadores dos ar-condicionados do prédio, no hall das máquinas. A perícia acredita que ele se projetou em uma grade de alumínio de 1,2 metro de altura, quebrando uma parte da estrutura e caindo do prédio. Segundo a Polícia Civil, ainda será feita uma análise mais apurada para saber se o condomínio também será responsabilizado legalmente pela morte de Miguel.
Por: William Tavares
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