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domingo, 7 de junho de 2020

SPORT - JOGOS INESQUECÍVEIS

Nordestão 2014: título do Sport teve mão de Eduardo Baptista e 'frescada' de Neto Baiano

Capitão do Sport, Durval se prepara parar beijar a taça da Copa do Nordeste antes de erguer (Foto: Jarbas Oliveira/Estadao Conteudo)


Série "Jogos Inesquecíveis" relembra conquista rubro-negra diante de um Castelão com 60 mil torcedores diante do Ceará e tudo o que ela representou


“Não podemos mais enganar a torcida”. A frase dita em 29 de janeiro de 2014 pelo então técnico do Sport, Geninho, era compreensível. O time havia acabado de perder por 1 a 0 para o Guarany-CE, em Sobral, com gol sofrido aos 45 minutos do segundo tempo. Após quatro partidas na Copa do Nordeste, o Leão somava apenas dois pontos (dois empates e duas derrotas). Por isso, Geninho havia “jogado a toalha”. Pouco mais de dois meses depois, no dia 9 de abril, o mesmo Sport, com um técnico diferente, entrava em campo para disputar a final do Nordestão. E fazer história.
 
Geninho foi demitido no dia seguinte à derrota para o Guarany. O seu lugar foi ocupado, interinamente, pelo então preparador físico Eduardo Baptista, filho de Nelsinho Batista, que comandou o time no título da Copa do Brasil de 2008. Ao não trazer, de imediato, um técnico consagrado, parecia que a própria diretoria rubro-negra concordava com a polêmica frase de Geninho. O que ninguém imaginava é que a estratégia de apostar em alguém da casa, que nunca tinha tido uma experiência como treinador e que já havia declarado pouco antes não se sentir “preparado” ainda para assumir o cargo, daria tão certo.
 
Para conseguir a classificação às quartas de final do Nordestão, o Sport precisava torcer por uma combinação de resultados e fazer o que muita gente achava ser mais difícil: ganhar os dois jogos seguintes. O Sport venceu o Náutico na Arena de Pernambuco por 3 a 0 e o Botafogo-PB fora de casa por 1 a 0. A reação foi “compensada” com tropeços do Timbu e do time paraibano. Assim, mesmo que o Botafogo-PB conseguisse recuperar os quatro pontos perdidos por causa da escalação de dois jogadores irregulares, não tiraria o segundo lugar do Leão na fase de grupos (o primeiro foi o Guarany-CE).
 
A dois dias do jogo de ida das quartas de final, contra o CSA, Eduardo Baptista foi efetivado no cargo, a pedido do elenco e apoiado pela torcida. A esta altura, o time era outro. Estava mais organizado e, acima de tudo, mais confiante. Passou pelo CSA com uma vitória e uma derrota, a última naquela competição. A semifinal teria os confrontos mais difíceis, até então. Só na teoria. O Sport ganhou duas vezes do Santa Cruz e chegou à final com moral. Quase favorito. O primeiro jogo da decisão, na Ilha do Retiro, deixou o Leão com a mão na taça. Vitória por 2 a 0 sobre o Ceará e vantagem de poder até perder por um gol de diferença na volta.
 
Toda a história contada até aqui é fundamental para entender o contexto daquela partida no Castelão. Era um time que foi quase perfeito durante toda a competição, com direito a goleadas de 5 a 1 sobre o Vitória nas quartas de final e 4 a 0 contra o América-RN na semifinal, contra a equipe que renasceu depois de ser dado como morta. Para onde fosse a taça, seria justo. Mas cá para nós, ela merecia vir para a Ilha do Retiro.
 
Aos 44 minutos do primeiro tempo, o estádio inteiro passou a gritar “eu acredito”. Era o gol de Magno Alves, colocando o Ceará à frente. Faltava um para levar a decisão para os pênaltis. Mas a agonia rubro-negra não demorou. Aos 6 minutos do segundo tempo, o meia Aílton puxou um contra ataque rubro-negro e só foi parado quando foi derrubado dentro da área pelo goleiro Luís Carlos. Era a chance do gol do título. E a chance estava nos pé de Neto Baiano.
 
O atacante não amarelou. Nem na cobrança, nem na comemoração. Tão logo a bola estufou a rede, ele saiu em direção à bandeira de escanteio, que virou parceira para uma “dança”. O narrador de uma rádio cearense reclamou: “Gol do Sport, Neto Baiano. E (Neto Baiano) fica frescando”, disse. Não havia tempo para uma reação. Era a dança do título. Para derrubar aquele time do Ceará, era preciso ser muito forte. Era preciso ser muito Sport.

FICHA TÉCNICA

Ceará 1

Luís Carlos; Samuel Xavier, Anderson, Sandro e Vicente; Amaral, Ricardinho (Rogerinho), Souza (Tadeu); Assisinho (Leandro Brasília), Magno Alves e Bill
Técnico: Sérgio Soares

Sport 1

Magrão; Patric, Ferron, Durval e Renê; Ewerton Páscoa (Rithely), Rodrigo Mancha, Wendel (Igor) e Aílton; Felipe Azevedo (Oswaldo) e Neto Baiano
Técnico: Eduardo Baptista

Local: Estádio Castelão, em Fortaleza (CE). Árbitro: Jaílson Macedo Freitas (BA). Assistentes: Adson Márcio Lopes Leal (BA) e Aílton Farias da Silva (SE). Cartões amarelos: Luís Carlos e Bill (Ceará); Magrão e Neto Baiano (Sport). Gols: Magno Alves, 44/1ºT; Neto Baiano, 6/2ºT. Público (pagante): 60.068.

DP

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